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Universidade Federal do Oeste do Pará

Ultima atualização em 29 de Maio de 2023 às 15:20

Comunidade isolada da Amazônia testa tecnologia hidrocinética de geração de energia


Última instalação de uma turbina hidrocinética na Amazônia aconteceu em 2006; iniciativa é parte de um projeto que reúne Ufopa, UnB e Universidade Estadual de Michigan.

Uma equipe composta por professores da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e da Universidade de Brasília (UnB) acaba de instalar uma turbina hidrocinética na comunidade de Cachoeirinha do Mentae, na Reserva Extrativista (Resex) Tapajós-Arapiuns, em Santarém (PA), Oeste do estado. É a primeira turbina hidrocinética flutuante a operar na região. Desde 2006 uma máquina desse tipo não é instalada na Amazônia.

A instalação ocorreu entre os dias 17 e 20 de maio, envolvendo professores do Laboratório de Energias Renováveis (Laber) do Instituto de Engenharia e Geociências (IEG) da Ufopa e do Laboratório de Energia e Ambiente (LEA) da Universidade de Brasília (UnB), além de alunos do curso de Engenharia da Ufopa e do fabricante da turbina.

 

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Protótipo adaptado pouco antes de ser posto na água, 17/05/2023.
Foto: Dave Wasinger.

 

Trata-se de um protótipo desenvolvido inicialmente por uma equipe da UnB e adaptado, por um fabricante local, às peculiaridades da região, incluindo a adição de uma estrutura flutuante que permite que os comunitários movam a turbina de lugar conforme a estação do ano (águas altas ou baixas), aproveitando melhor as correntezas. Todo o conjunto foi construído pela empresa Inalma, de Santarém, que tem experiência no design e construção de turbinas para as condições locais.

A iniciativa é parte do projeto “Convergência para soluções inovadoras de energia: capacitando comunidades fora da rede com tecnologias de energia sustentável”, que reúne a Universidade Estadual de Michigan (MSU, EUA), a Ufopa e a UnB.  “A equipe vem trabalhando há pouco mais de um ano com as comunidades da Resex, com o objetivo de levar energia limpa e firme para essas localidades, definidas como 'sistemas isolados', pois não podem ser conectadas à rede elétrica existente”, explicou a coordenadora local do projeto, Karina Ninni (MSU). Ela explicou ainda a parceria com os pesquisadores da Ufopa: “Eles dimensionam o sistema, fazem as inspeções, proveem toda a infraestrutura; e quando fazemos cursos para a comunidades, os comunitários vêm fazer esses cursos – antes de receberem os sistemas – nos laboratórios da Ufopa”, completou.

 

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Alunos da Ufopa que auxiliaram na montagem da usina hidrocinética, 17/05/2023.
Foto: Dave Wasinger.

 

As alternativas de geração de energia ofertadas pelo projeto utilizam duas fontes: a água e o sol. No primeiro caso, a turbina hidrocinética não exige barramento de água, usando apenas a velocidade da correnteza do rio para gerar energia continuamente, o que a torna uma opção para compor um sistema isolado, acrescido de outras fontes. No segundo, utiliza-se a tecnologia solar fotovoltaica, tanto por meio da instalação de microssistemas isolados de geração e distribuição de energia elétrica (MIGDIs) quanto de sistemas individuais de geração de energia elétrica com fonte intermitente (SIGFIs).

“Instalamos, em novembro do ano passado, uma usina fotovoltaica que gera energia para a escola, um barracão comunitário, uma igreja e ainda fornece iluminação para a área central da comunidade”, informou o coordenador do Laber/IEG, Lázaro Silva. Ele ressaltou ainda a importância do projeto para a vivência dos alunos. “Em sala de aula, o aluno tem acesso à parte teórica sobre sistemas de geração de energia, em particular este, mas quando vão a campo e fazem a parte do dimensionamento, da especificação dos equipamentos que vão compor essas estruturas e, além disso, participam das instalações na comunidade e ainda interagem com a comunidade, isso se reverte em um grande benefício para a sua formação”, finalizou Silva.

Para o professor Rudi Henri Van Els (UnB), o projeto pode trazer conforto para quem vive longe das redes de energia elétrica, com a vantagem de trazer benefícios ao meio ambiente: “Os ribeirinhos moram ao longo dos rios e igarapés, local que sempre tem uma correnteza natural, e essa correnteza pode ser aproveitada para gerar energia elétrica. Geralmente quem mora na beira do rio também mora longe da rede de energia elétrica”.

 

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Equipe do projeto e comunidade, 17/05/2023. Foto: Dave Wasinger.

 

Sistemas entregues e próximos passos – Ao todo, além da turbina hidrocinética, o projeto já instalou dois MIGDIs: um para atendimento da totalidade das casas, na comunidade de Porto Rico, e outro para atendimento de demandas comuns (barracões comunitários, escola e igreja), na comunidade de Cachoeirinha do Mentae. Além disso, também na comunidade de Porto Rico, foi instalado um sistema solar automatizado dedicado ao poço de água (para mover a bomba e encher a caixa d’água). Os moradores já tinham o poço, a bomba e a caixa, mas faltava energia para a operação do sistema.

Outros dois sistemas semelhantes (dedicados a bombear água para um reservatório) serão instalados em julho de 2023 nas comunidades de Vista Alegre do Maró e Prainha do Maró, também na Resex Taoajós-Arapiuns. Quanto à turbina, a equipe irá monitorar seu desempenho com visitas periódicas, já a partir de junho. No momento, a equipe está começando a desenvolver um sistema de monitoramento à distância, em tempo real.

Coordenado pelo antropólogo Emílio Moran, que estuda a região amazônica há mais de 50 anos e é professor da MSU, o projeto “Convergência para soluções inovadoras de energia” é financiado pela Mott Foundation e pela National Science Foundation (NSF).

Comunicação Ufopa, com informações da coordenação do projeto no Brasil
24/05/2023

Equipe faz últimos testes na montagem da usina hidrocinética antes da operação, 17/05/2023. Foto: Dave Wasinger.

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