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Universidade Federal do Oeste do Pará

Ultima atualização em 9 de Fevereiro de 2021 às 16:30

Em capítulo de livro, professor da Ufopa reflete sobre perspectiva de indígenas sobre plantas


Em contraponto à ideia de controle dos seres humanos sobre as plantas, o professor Miguel Aparício, vinculado ao Instituto de Ciências da Sociedade (ICS) da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), explora a visão indígena no capítulo “Contradomesticação na Amazônia indígena: a botânica da precaução”, que compõe o livro Vozes vegetais: diversidade, resistências e histórias da floresta, publicado neste mês pela editora Ubu. O texto é resultado do projeto de pesquisa “Relações interespecíficas na Amazônia: domesticação, mutualismos e contradomesticações”, realizado pelo professor desde 2019.

O autor abre o debate sobre a perspectiva da ecologia de “domesticação da floresta amazônica”, que destaca a gestão das paisagens por meio da adaptação das plantas aos usos e necessidades humanas. Nesse contexto, apresenta a concepção indígena, sobretudo dos Banawá e Suruwahá, que vivem na região do rio Purus, no Amazonas (AM), que demonstram uma visão mais complexa sobre a relação com a floresta.

“As concepções indígenas insistem na sociabilidade entre humanos e plantas: por um lado, as plantas também são capazes de domesticar os humanos e de estabelecer relações sociais com eles. E, por outro, os povos indígenas resistem à ideia de domínio humano sobre as plantas, e mostram que o excesso de controle pode provocar a vingança vegetal sobre os humanos. Trata-se de uma ‘botânica da precaução’ em que os conhecimentos indígenas abrem perspectivas inovadoras para avançarmos no campo da crise climática, do colapso ambiental e das ameaças derivadas da perda de biodiversidade”, explica Aparício.

Sobre o livro – A publicação internacional reúne 17 textos de profissionais de diversas áreas sobre as recentes discussões a respeito da relação entre seres humanos e plantas no Brasil, construída de forma coletiva pelo Centro de Estudos Ameríndios e pelo Instituto de Estudos Brasileiros, ambos da Universidade de São Paulo (USP), pelo Centro de Pesquisa em Etnologia Indígena da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pelo Programa Patrimoines Locaux et Gouvernance (PALOC) do Institute de Recherche pour le Développement (IRD). O livro está disponível para aquisição no AQUI no site da editora.

Comunicação/Ufopa

09/02/2021

Preparo do veneno de caça com cipós em maloca Suruwahá. Foto: Juliana Lins.

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