Ultima atualização em 1 de Fevereiro de 2021 às 20:05
Neste mês, peixes da espécie Hypancistrus zebra mantidos no Laboratório Múltiplo de Produção de Organismos Aquáticos (Lampoa) da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) reproduziram-se naturalmente, após pesquisadores conseguirem criar condições adequadas para a reprodução em laboratório. O aquário, que contava com cerca de 20 exemplares da espécie, ganhou mais 10 alevinos, como são chamados os filhotes de peixes.
Conhecida popularmente como acari-zebra, cascudo-zebra-imperial ou zebra-pleco, a espécie é classificada como criticamente ameaçada de extinção no Livro Vermelho do Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio). Os peixes são de pequeno porte e se destacam pela coloração diferenciada, o que os torna bastante procurados no mercado de aquarismo mundial. Além disso, a espécie é endêmica, ou seja, encontrada exclusivamente em um local: nativa do rio Xingu, no Pará, também sofre as consequências da instalação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
Espécie é originária do rio Xingu. Fotos: Gleika Reis. |
Os exemplares são oriundos de apreensões de comércio ilegal na região, efetuadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e foram doados ao Lampoa em 2015 para a realização de pesquisas.
Entre 2016 e 2019, a professora Michelle Fugimura, vinculada ao Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas (ICTA), desenvolveu o projeto de pesquisa “Reprodução e desenvolvimento de formas jovens da espécie ornamental acari-zebra (Hypancistrus zebra) em laboratório”, que, segundo ela, foi “importante para aprendermos como manter os peixes dessa espécie em condições adequadas no laboratório tanto em relação a parâmetros de qualidade de água como nutricionais”.
Apesar da importância, os estudos científicos sobre o acari-zebra ainda são escassos, principalmente em relação à reprodução e ao desenvolvimento de formas jovens em laboratório. De acordo com a pesquisadora, os primeiros relatos de reprodução da espécie são do ano de 2014, no Laboratório da Norte Energia (atualmente pertencente à Universidade Federal do Pará), localizado no município de Vitória do Xingu.
Com o sucesso da reprodução na Ufopa, as pesquisas serão retomadas em 2021. Segundo o professor Luciano Jensen, que coordena o Lampoa: “Os novos exemplares possibilitarão a continuidade das pesquisas, visando à produção de um número maior de exemplares para futuros repovoamentos e renovando a esperança que um dia a espécie saia da lista de animais ameaçados de extinção”.
Comunicação/Ufopa, com informações do Lampoa
25/01/2021