Ultima atualização em 19 de Setembro de 2022 às 16:20
Darlene Lira foi docente da Ufopa, lotada no Iced, e é atualmente servidora da Universidade Federal de Alagoas.
Com o título “Política pública de educação bilíngue (Libras/português) em Santarém – Pará: o que sinalizam os surdos”, a ex-professora da Ufopa e também ex-aluna Darlene Seabra de Lira abriu um marco importante no processo de inclusão de pessoas surdas em Santarém. Darlene Lira é a primeira aluna surda de pós-graduação a defender um trabalho de mestrado na Ufopa.
Estar presente em sala de aula, participar das disciplinas, realizar os trabalhos com êxito para alcançar a aprovação, além de ir a campo para levantar os dados necessários para a dissertação foram quesitos desafiadores para a estudante, que viu no dia 13 de setembro de 2022, data de defesa do trabalho, que tudo valeu a pena.
Para chegar à conclusão do trabalho, a agora mestre Darlene Seabra de Lira interagiu com alunos egressos surdos, buscando saber como foi a educação deles; como foi o processo educacional, tanto na educação básica quanto no ensino superior; e sobre a questão da escola bilíngue.
Para a orientadora da dissertação, professora Ednea Carvalho, “o trabalho mostra a diferença entre a educação que é inclusiva e o que é educação bilíngue, porque não são a mesma coisa. Aqui em Santarém, às vezes, gera-se essa dúvida entre o que é educação inclusiva e o que é a bilíngue. A Darlene fez entrevistas com os surdos e ela trouxe esse questionamento. Baseada na epistemologia, foi buscar autores que faziam essa discussão, como a própria Ana Regina de Souza Campelo, que trabalha no Instituto Nacional de Educação para Surdos e estava na banca de defesa. É importante entender como se dá esse processo e como, infelizmente, aqui em Santarém, ainda temos esta falta da afirmação da política pública para surdos em nosso município”.
Professora Ednea Carvalho concluiu que orientar um trabalho com esta abordagem foi “uma satisfação imensa de poder prestigiar um projeto desta natureza. Foi um privilégio, eu como orientadora e o professor Edilan Quaresma como coorientador”.
Histórico — Darlene Seabra conta que passou no mestrado em Ciências da Sociedade da Ufopa em 2020, em pleno período da pandemia. Por isso as aulas ocorreram de forma remota, mas contavam com três Intérpretes de Libras, porque os assuntos e as aulas eram longas e precisava haver revezamento do tempo do intérprete, o que contribuiu bastante para o desempenho da aluna com as atividades administradas.
Ela lembra que “os professores (as) do mestrado foram bem atenciosos (as) comigo e também os alunos ouvintes se comunicavam por aplicativos de mensagens. Minha maior dificuldade foi com os textos em inglês, que eram obrigatórios em algumas disciplinas, mas os colegas me ajudaram a traduzir para o português, e com a ajuda do intérprete foi possível compreender o texto. Algumas vezes desanimei com os textos em inglês, e mesmo com este desafio, eu não desisti e continuei nas aulas”.
Darlene Seabra agradeceu a confiança dos professores Ednea Carvalho e Edilan Quaresma, “porque acreditaram no meu potencial, viram o quanto eu estava lutando para desenvolver a pesquisa e escrever a dissertação. Estou muito feliz com a minha defesa e aprovação. Agradeço à Ufopa por todo o respeito e generosidade. Espero que mais pessoas surdas passam cursar mestrados nesta universidade e em outras instituições”, finalizou.
Albanira Coelho — Comunicação/Ufopa
Fotos: Arquivo pessoal de Darlene Seabra Lira
16/09/2022