Ultima atualização em 11 de Setembro de 2020 às 20:12
Após dois meses de funcionamento, o Laboratório de Biologia Molecular para Covid-19 da Ufopa (Labimol) soma 3 mil testes realizados atendendo à população do Oeste do Pará. Desse total, 30,7% foram de resultados positivos. O índice é considerado alto pela equipe do laboratório, já que corresponde quase ao dobro da média nacional.
Dentre os resultados positivos, a maioria foi de homens (53,7%). Por faixa etária, o maior percentual foi de adultos com idade entre 20 e 44 anos (37,2%,), seguidos dos idosos, pessoas acima de 60 anos (31,7%). Dentre os municípios da região, Santarém foi responsável por 52% dos testes positivos, mas outras cidades também foram atendidas, como Itaituba, Jacareacanga, Oriximiná, Óbidos, Prainha, Aveiro e Alenquer.
De acordo com a professora da Ufopa Heloísa Nascimento, que integra a equipe do Labimol, o número de novos casos em Santarém ainda não está diminuindo. A taxa de incidência (número de casos novos/população total) vem crescendo nos últimos três meses. No início de julho, essa taxa era de 13,6/1000 habitantes. No começo de agosto, o índice passou para 24,1/1000 habitantes. Agora em setembro, a taxa de incidência já está em 30,19/1000 habitantes.
O aumento é discreto e pode ser justificado pelo crescimento no número de testes do tipo PCR realizados desde a inauguração do Labimol, em julho, e no maior número de notificações pela Secretaria de Saúde do Estado do Pará (Sespa). “O número de casos novos em Santarém parece estar estabilizado, mas o vírus continua circulando e, se as medidas preventivas não forem respeitadas, esse número pode voltar a aumentar”, enfatiza Heloísa.
Segundo a pesquisadora, os testes moleculares realizados no Labimol trazem uma nova realidade para a região. No início da pandemia, os casos eram confirmados por RT-PCR, mas havia muito atraso, pois o material era enviado para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), em Belém. Depois, nos meses de maio e junho, passaram a ser realizados os testes rápidos. A maioria dos casos confirmados nesse período foi por esse tipo de teste. “Esses testes não são os mais recomendados, mas em função da capacidade reduzida de testagem molecular, aceita-se este tipo de diagnóstico”, observa Heloísa.
A inauguração do Labimol trouxe uma nova perspectiva, pois agora os casos suspeitos podem ser confirmados mais precocemente, a partir do terceiro dia de sintoma, e de forma mais assertiva, já que o RT-PCR é o teste especifico para o novo coronavírus. “Estamos observando uma taxa de incidência mais realista, pois temos um número maior de casos sendo confirmados por teste molecular”, acrescenta a professora.
Com a ampliação da testagem nos municípios de todo o Oeste do Pará, espera-se um quadro mais realista da doença na região, assim como está acontecendo em Santarém. “Só ampliando a testagem é que poderemos afirmar se o número de casos nos municípios está aumentando ou não. De um modo geral, a tendência é a curva se estabilizar. O problema é que a curva está se estabilizando no alto, ou seja, com um número grande de casos novos diários”, destaca Heloísa.
A docente reforça a necessidade de a população continuar respeitando as medidas preventivas, como o uso de máscara, as regras de higiene e o distanciamento social. “Infelizmente o que vemos é muita gente nas ruas e nas praias desrespeitando as medidas preventivas. E isso pode provocar um novo aumento no número de casos”, conclui.
Sobre o Labimol – O Laboratório é coordenado pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), funciona nas dependências do Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém, e conta com a parceria do Governo do Estado do Pará, por meio da Secretaria Regional de Governo e Secretaria de Saúde do Estado (Sespa). Além da professora Heloísa Nascimento, os professores Marcos Prado e Gabriel Iketani compõem a equipe da Ufopa que atua no Labimol. Todos possuem formação em genética molecular.
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Renata Dantas – Comunicação/Ufopa
11/09/2020