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Universidade Federal do Oeste do Pará

Ultima atualização em 6 de Junho de 2018 às 17:54

Laboratório de Fitopatologia integra ações de ensino, pesquisa e extensão na Ufopa


Vinculado ao Instituto de Biodiversidade e Florestas (Ibef), o laboratório já realizou mais de 60 diagnósticos de doenças de plantas cultivadas em Santarém e municípios vizinhos.

Qualificar os discentes de graduação e pós-graduação, através da realização de atividades de ensino, pesquisa e extensão na área da fitopatologia, ciência que estuda doenças em vegetais cultivados. Esse é o objetivo principal do Laboratório de Fitopatologia da Ufopa, situado na Unidade Tapajós, Campus de Santarém. Vinculado ao Instituto de Biodiversidade e Florestas (Ibef), o Laboratório já realizou mais de 60 diagnósticos de doenças de plantas cultivadas em Santarém e nos municípios vizinhos.

“É um laboratório imprescindível, principalmente para os cursos de Agronomia e de Engenharia Florestal, pois estuda as doenças das plantas com o objetivo fim de controlá-las. Formamos alunos para ensinar os produtores a identificar e controlar eficientemente as doenças”, explica o coordenador do Laboratório de Fitopatologia, professor Robinson Severo.

Segundo o professor, o foco principal das atividades é a identificação e o controle de doenças, principalmente de olerícolas (hortaliças) e frutíferas. Contudo, a partir de 2016, os estudos avançaram também para os cultivos de mandioca e de pimenteiras, entre outras. “No total, identificamos algo em torno de 70 doenças na nossa região. Já conhecemos os sintomas e os agentes causais das doenças e, por isso, estamos contribuindo para o controle das mesmas, ao repassarmos estas informações em visitas técnicas aos produtores da região”, revela. “Os alunos saem daqui conhecendo as doenças que ocorrem na região e, dessa forma, vão ter capacidade de contribuir significativamente para o controle das doenças junto aos produtores”, explica Robinson Severo.

O objetivo principal da fitopatologia, como ciência, é ajudar o agricultor a combater eficientemente as doenças vegetais. “É preponderante realizar a identificação das doenças, conhecer os seus sintomas e agente causal e, a partir daí, definir como controlá-lo na área de produção”, explica o aluno do curso de Agronomia da Ufopa, Leandro Jun Soki Shibutani, que é monitor voluntário do laboratório e bolsista de iniciação à extensão.

No laboratório são realizadas aulas práticas de disciplinas de fitopatologia, ofertadas nos cursos de Agronomia e Engenharia Florestal, além de atividades de monitoria do laboratório, de estágios e de produção de trabalhos de conclusão de curso (TCC's). O laboratório serve ainda de base para pesquisas de pós-graduação e projetos de iniciação científica e de extensão. “O aluno tem a possibilidade de se engajar, não somente em monitoria de laboratório, de disciplina e de estágio, mas também na iniciação científica e de extensão, acompanhando os professores tanto no laboratório, como também nas atividades de campo”, explica Severo.

Além de viabilizar um espaço para as diferentes atividades de ensino, pesquisa e de extensão, o laboratório acaba qualificando a formação dos alunos, principalmente na área da fitopatologia. “Através dos conteúdos programáticos das disciplinas, ensinamos também o aluno a pesquisar e a extensionar. Trabalhamos o tripé ensino, pesquisa e extensão, com interdisciplinaridade, utilizando essa parte da fitopatologia, que é a diagnose de plantas a doenças, justamente para integrar esses três tipos de atividades”, afirma Severo. “Tem ocorrido, até o momento, um esforço muito grande dos alunos e professores na tentativa de viabilizar todas essas atividades. No entanto, precisamos estruturar melhor o laboratório, para que possamos atingir esse objetivo de, cada vez mais, dar passos à frente na qualificação dessas atividades”.

Através da execução dos projetos de pesquisa e de extensão, o laboratório de fitopatologia da Ufopa tem a possibilidade de transmitir o conhecimento científico aos produtores rurais, afirma Severo. “O nosso laboratório não é registrado nem credenciado perante o Ministério da Agricultura para fazer prestação de serviço e cobrar para tal. Mas, através das atividades práticas das disciplinas, dos projetos de pesquisa e de extensão, nós temos essa possibilidade de ajudar e de contribuir no controle da doença nas áreas de produção de frutíferas, de hortaliças, de mandioca, de pimenteira-do-reino, por ocasião das visitas. Podemos auxiliar os produtores a fazer esse controle de uma maneira mais eficiente”, esclarece.

Pesquisa – O laboratório também serve de apoio a grupos de pesquisa como, por exemplo, o MicroAmazônia – Microbiologia Aplicada ao Desenvolvimento Sustentável da Amazônia, coordenado pela professora Denise Castro Lustosa, do Ibef. “Os professores que fazem parte do laboratório de fitopatologia ensinam os alunos a pesquisar. Como resultado desse processo de ensino-aprendizagem, acabamos produzindo resultados de pesquisa, que geram publicações científicas locais, regionais e nacionais”, afirma Severo.

Um bom exemplo do resultado dessas atividades é o trabalho de conclusão do curso de Agronomia do aluno Leandro Shibutani, que desenvolve a pesquisa intitulada “Sintomatologia e etiologia da murcha bacteriana do tomateiro, de ocorrência no município de Santarém, região Oeste do Pará”. Orientado pelo professor Robinson Severo, o estudo destina-se à diagnose científica da doença para posterior controle, visto que ela tem reduzido significativamente a produção de frutos e aumentado o número e tamanho de áreas contaminadasA doença ocorre em mais de 400 espécies vegetais diferentes no mundo. Em nossa região, ela já foi diagnosticada em pimentão, berinjela, jiló, pimenta-de-cheiro, maracujazeiro, pepino e, destacadamente, em tomateiro.

O projeto também inclui ações de extensão, como visitas técnicas, cadastro, entrevistas e capacitação de agricultores na identificação da doença, visando ao controle integrado da mesma. “Com esse projeto aprendi a fazer a diagnose da murcha bacteriana que ocorre nas solanáceas”, afirma o estudante de apenas 19 anos. “É uma doença importante, que temos observado com muita frequência em nossas visitas técnicas”.

Em cada propriedade visitada, é feita uma caracterização da área e, junto com o produtor, os pesquisadores observam se as plantas apresentam sintomas de doenças. “Fazemos o levantamento de outras doenças, mas, principalmente, da murcha bacteriana. Estudamos e registramos fotograficamente os seus sintomas e sinais e realizamos coletas de plantas doentes que serão, após, analisadas no Laboratório de Fitopatologia. Essa é a parte da diagnose campal”, explica Shibutani. “Também, ensinamos o produtor a identificar e a controlar a doença”.

Já na Ufopa é realizada a diagnose laboratorial, na qual são aplicadas técnicas específicas para isolar e identificar o fitopatógeno causador da doença. “Buscamos identificar se o agente causal é uma bactéria e estabelecemos as medidas integradas de controle, nas áreas de produção. Levar o resultado para o produtor, já que ele abre as portas para o nosso trabalho”, explica o discente, que há dois anos participa das atividades do laboratório. “Entrei como bolsista de educação tutorial, no qual desenvolvi trabalho de diagnose de doenças em diversas solanáceas. Fui treinado para fazer a diagnose e aprendi como se faz o diagnóstico dos diferentes tipos de fitopatógenos”, lembra. “É necessário dedicação, mas também interesse pela área da fitopatologia”.

A dedicação à pesquisa abriu as portas para o aluno que, ano passado, realizou estágio supervisionado obrigatório de 30 dias no Laboratório de Fitobacterologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco, que é referência nacional na área de fitobacteriologia. Neste laboratório realizou atividades como a identificação molecular, via PCR (técnica de biologia molecular), de filotipos de Ralstonia spp., que é uma classificação atual para o agente causal da murcha bacteriana. “Fui treinado para aplicar a técnica de PCR, que é uma técnica de biologia molecular que pode ser aplicada na fitopatologia para a identificação dos agentes causais das doenças vegetais”.

Leandro Jun Soki Shibutani, aluno do curso de Agronomia da Ufopa e monitor voluntário do laboratório e bolsista de iniciação à extensão, fala neste vídeo sobre as pesquisas realizadas no Laboratório de Fitopatologia da Ufopa:

Ensino – De acordo com o professor Robinson Severo, todas as informações, resultados e experiências sistematizadas, obtidas dos trabalhos diagnósticos das doenças, são repassados e discutidos com os alunos das disciplinas de fitopatologia em aulas teóricas e aulas práticas campais e laboratoriais. “Estas, por sua vez, acabam gerando temas de projetos de pesquisa, extensão e ensino”, explica. Também são realizadas palestras e minicursos sobre as doenças vegetais locais, dirigidos aos acadêmicos, técnicos e agricultores de nossa região.

Maria Lúcia Morais - Comunicação/Ufopa

22/02/2018

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