Ultima atualização em 15 de Julho de 2021 às 12:27
Os docentes Camila Jácome e Claide Moraes, ambos do curso de Arqueologia da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), participam de um projeto de cooperação internacional para a salvaguarda de patrimônio cultural de povos indígenas da Amazônia boliviana e brasileira. Liderado pela Universidade de Bonn, na Alemanha, o projeto também conta com a participação do egresso do curso de Arqueologia da Ufopa e atualmente mestrando do Programa de Antropologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Jaime Xamen WaiWai.
Intitulado “Patrimônio e Territorialidade: Percepções do Passado, Presente e Futuro entre Tacana, T'simane e Waiwai”, o projeto tem uma perspectiva interdisciplinar para pensar novos conceitos de patrimônio, a de relações ecológicas e sociais, territorialidade histórica, cultura material imaterial e perspectivas indígenas. “Ele envolve pesquisadores da área de arqueologia, antropologia e botânica e tem como uma primeira perspectiva estabelecer o registro de conhecimentos materiais e imateriais de povos indígenas da Amazônia, tanto na região brasileira quanto boliviana”, explica a professora Camila Jácome.
Dentre os objetivos do estudo também está o desenvolvimento de estratégias para a proteção, reconstrução e fortalecimento do patrimônio no local. “Os conhecimentos materiais são a arqueologia e o artesanato, por exemplo, e os imateriais são os rituais, a música, a medicina tradicional indígena. A intenção é fortalecer esses conhecimentos, já que muitos deles correm risco de desaparecer, por causa do próprio risco cultural e ambiental que as populações indígenas que estão na Amazônia vêm sofrendo com os impactos trazidos pelo avanço do agronegócio e pelos grandes empreendimentos de mineração e do setor de energia que se instalam na região”, ressalta a pesquisadora.
O estudo abarca o patrimônio cultural e natural de três grupos indígenas: Tacana, T'simane e Waiwai. “Um fator bem relevante é termos pesquisadores indígenas participando do projeto, antropólogos e arqueólogos do povo Waiwai. É importante eles terem suas próprias perspectivas de pesquisa sobre as suas comunidades. Temos outros povos indígenas associados na região da Bolívia, que tem forte relação com os pesquisadores não indígenas que participam do projeto”, avalia Camila. Jaime Xamen WaiWai foi o primeiro arqueólogo indígena formado pela Ufopa, em 2017.
Além da Ufopa, participam como colaboradores do projeto o Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (Neai), a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Wildlife Conservation Society (WCS). A Fundação Volkswagen está financiando o projeto com cerca de 1,1 milhões de euros nos próximos três anos. “Receber esse financiamento de uma fundação internacional e contar com apoio de várias universidades brasileiras e de fora do Brasil é um fortalecimento para esse momento que temos passado, de descrença, desvalorização da ciência, de perda de recursos financeiros que fazem a ciência existir e prosperar. É um grande ganho para a Ufopa e para a ciência, para a preservação dos povos indígenas e de suas culturas e da Amazônia como um todo”, conclui a arqueóloga.
Comunicação/Ufopa
14/07/2021