Ultima atualização em 27 de Outubro de 2018 às 10:55
A Ufopa e a Universidade Estadual de Michigan (MSU) firmaram acordo de cooperação técnica visando estabelecer ações efetivas de intercâmbio acadêmico nos eixos da pesquisa, ensino e extensão. A parceria internacional foi formalizada no dia 25 de outubro de 2018, em Santarém (PA). Assinaram o termo de cooperação o reitor da Ufopa, Hugo Alex Diniz, e o professor Emilio Moran, representante da Universidade Estadual de Michigan, situada nos Estados Unidos.
“Esse é mais um passo na expansão das nossas conexões com outras instituições parceiras”, comemora o reitor da Ufopa, Hugo Alex Diniz: “Creio que, já no próximo ano, teremos várias ações resultantes desse convênio”. Segundo o reitor, a Universidade pretende lançar editais destinados à mobilidade internacional dos alunos da Ufopa: “Estamos pensando, junto com a nossa Assessoria de Relações Internacionais e Interinstitucionais (ARI²), em editais que favoreçam essa mobilidade internacional, abrindo a possibilidade de nossos alunos irem conhecer a Universidade Estadual de Michigan, conectados com os pesquisadores de lá”.
“Existem muitas possibilidades de colaboração, visando melhorar a vida das populações da região”, afirma o professor Emilio Moran, da MSU. “Oportunidades para estudantes e professores terem experiências internacionais, para aproveitar recursos externos, formalizar novas parcerias e construir projetos de pesquisas em conjunto”. Emilio Moran conta que a MSU foi fundada em 1851, atuando como a primeira escola científica de agricultura dos Estados Unidos. Hoje a Universidade atua em todos os campos do conhecimento. No Brasil, a MSU possui parcerias firmadas com a Embrapa, Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal de Rondônia (Unir), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Campinas (Unicamp).
“É um acordo abrangente, que dá liberdade a pessoas e grupos das duas instituições interagirem ao nível de ensino, pesquisa e extensão”, esclarece o professor Rodrigo da Silva, que coordena a Assessoria de Relações Internacionais e Interinstitucionais (ARI²) da Ufopa. “Isso deve envolver não apenas os docentes, mas também alunos e técnicos”.
Para Rodrigo da Silva, a parceira internacional potencializa uma maior abrangência dos trabalhos dos docentes e pesquisadores e o acesso a fomento internacional, além de abrir possibilidades de intercâmbios de docentes e alunos a grupos internacionais: “Os benefícios são muitos, principalmente para a classe estudantil, que terá oportunidade de interagir com grupos de pesquisa de outro país, aprender uma língua nova, se tornarem autossuficientes e independentes em sua carreira. O maior benefício é para os nossos alunos”.
Segundo Rodrigo da Silva, a iniciativa de formalizar a parceria partiu da Universidade de Michigan, que procurou a Ufopa há alguns meses, quando foi orientada pela ARI² a fazer uma carta de intenções. “Inicialmente, a MSU tem interesse de desenvolver ações de pesquisa, ensino e extensão na área de Ecologia Humana. Eles já estão aqui nessa missão de conhecer pesquisadores e docentes das áreas de Economia, Ciências Sociais, Antropologia, para estabelecer planos de trabalho”, explica.
Com relação à Universidade de Michigan, o reitor da Ufopa explica que antes já havia uma interação entre as duas universidades, por meio de ações de pesquisa realizadas no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais da Amazônia (PPGRNA): “A assinatura desse acordo consolida uma série de ações que já existem entre o PPGRNA e a MSU. Agora estamos ampliando a possibilidade para que essa parceria se estenda a todos os programas da Universidade, tanto de graduação quanto de pós-graduação”.
“Com a institucionalização dessa parceria, vamos poder criar uma nova linha de pesquisa dentro do PPGRNA, voltada para as populações humanas, com o objetivo de estudar as características socioambientais da região”, afirma o coordenador do PPGRNA, José Mauro Sousa de Moura. “Essa quarta linha de pesquisa do PPGRNA vai se beneficiar muito com a presença do professor Emilio Moran na região, e dos outros integrantes da sua equipe”.
Palestra – Durante a tarde de quinta-feira, 25, o Dr. Emilio Moran, que pertence ao Centro de Mudanças Globais e Observação da Terra (Center for Global Change and Earth Observations), ligado ao Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Michigan, proferiu palestra com o tema “Esquecendo a população humana no desenvolvimento energético: lições de Belo Monte e outras hidrelétricas”.
A palestra realizada no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Santarém, atendeu a um convite do Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais da Amazônia (PPGRNA) da Ufopa.
Na oportunidade, o Dr. Emilio fez uma exposição do processo histórico de todas as pesquisas que realizou na Amazônia e que tiveram como contexto os impactos gerados pelas construções de barragens e que prejudicam a vida de moradores do entorno.
Ao final, Dr. Emilio falou das etapas de um projeto criado por ele e uma equipe de técnicos para favorecer as populações que moram na proximidades das hidrelétricas e que não são beneficiadas com energia oriunda dessas grandes obras: “Vejo a condição do projeto que queremos montar como uma oportunidade de parceria com a Ufopa. Temos a intenção de formar uma equipe de alunos interessados na colaboração para participar do levantamento de dados nas comunidades onde estejam previstas as barragens, e por meio desses dados saber o que as pessoas acham desses projetos e como estão se preparando, para resistir ou não; ainda saber se essas pessoas se interessam pelas turbinas que estamos elaborando. É através delas que terão acesso a energia elétrica segura e barata, sem precisar de barragens”.
Segundo Dr. Emílio, as turbinas funcionam submersas, com impacto ao meio ambiente: “As barragens geram energia para as grandes regiões do país, como o Sul, Nordeste e para empresas. Então, essa energia das turbinas iria para os moradores que residem no entorno desses grandes projetos e que esperam anos pela finalização, e ainda assim acabam não sendo beneficiadas com a energia produzida ali”.
Sobre o palestrante - Emilio Moran é antropólogo social de renome mundial que estuda questões voltadas à agricultura tropical, ciência social, ecologia, economia e, mais recentemente, mudanças sobre o uso da terra usando técnicas de geoprocessamento.
Em suas pesquisas, ele se propõe a fazer as perguntas certas e fundir ciências humanas e ambientais para obter uma compreensão holística de alguns dos problemas cruciais do mundo: mudança climática e uso da terra.
Um projeto, em que ele foi pioneiro há 30 anos, determinou o potencial dos trópicos úmidos para agricultura intensiva. Moran ingressou no Departamento de Geografia da MSU em janeiro de 2013 e é o 11º membro da MSU a fazer parte da Academia Americana de Ciências (http://www.nasonline.org). Moran também faz parte do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais.
Comunicação/Ufopa
26/10/2018