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Universidade Federal do Oeste do Pará

Ultima atualização em 3 de Março de 2021 às 02:12

Ufopa obtém primeira carta patente


Documento concede a patente de invenção a uma série de compostos farmacêuticos feitos a partir do extrato de uma planta amazônica, o murumuru

 

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Gel produzido com a base de murumuru. Foto: Kariane Nunes.

 

A Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) conquistou sua primeira carta patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) com a invenção intitulada “Sistemas líquidos cristalinos baseados em gordura vegetal de murumuru (Astrocaryum murumuru Mart.) para liberação sustentada de fármacos em pele e cavidades revestidas por mucosa”. O pedido de concessão da patente, realizado em 2015, foi confirmado com a publicação da carta no dia 23 de fevereiro deste ano na edição nº 2616 da Revista de Propriedade Industrial (RPI).

O desenvolvimento tecnológico da composição farmacêutica patenteada foi realizado pela professora Kariane Mendes Nunes e pelo farmacêutico Júnior Avelino de Araújo, durante orientação de trabalho de conclusão de curso e iniciação científica na Ufopa. Além disso, contou com colaborações e parcerias da professora Silvia Katrine Silva Escher (Ufopa) e dos professores José Otávio Carréra Silva Júnior, da Universidade Federal do Pará (UFPA), e Renata Cristina Kiatkoski Kaminski, da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

O sistema líquido cristalino baseado em manteiga de murumuru é um gel que apresenta vários benefícios. Quando em contato com os fluidos biológicos, tem a capacidade de absorver água no local de aplicação e se tornar mais viscoso, proporcionando maior tempo de contato com a pele ou mucosa. Essa vantagem tecnológica pode aumentar o desempenho e eficácia de medicamentos e reduzir a quantidade de aplicações pelo paciente. Além disso, possui capacidade de liberar bioativos e fármacos no organismo de forma gradual ou sustentada. De grande versatilidade, a composição farmacêutica de origem vegetal, produzida a partir da manteiga extraída das sementes do murumuru, é biodegradável e biocompatível, reduzindo as chances de reações adversas, como alergias e irritações.

“É uma nova e versátil base farmacêutica tópica com inúmeras vantagens e aplicabilidades no setor farmacêutico e cosmético. Durante anos de pesquisas, conseguimos demonstrar que a manteiga de murumuru apresentava características físico-químicas ideais para obtenção de formulações líquido-cristalinas com vantagens tecnológicas potenciais para a incorporação de fármacos e bioativos de diferentes solubilidades, liberação do ativo por mais tempo e diminuição do número de aplicações, o que promove maior adesão ao tratamento e conforto ao paciente. Por fim, sem dúvidas nossa maior meta era agregar valor às matérias-primas da região amazônica, desenvolvendo produtos farmacêuticos “verdes”, versáteis, de fácil reprodutibilidade e com vantagens tecnológicas significativas para resolver problemas de saúde recorrentes em nossa sociedade”, explica Kariane Nunes.

 

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Professora Kariane Nunes durante apresentação na I Rodada de Negócios Redenamor - Fiepa. Foto: Reprodução.

 

“A composição farmacêutica baseada em manteiga de murumuru já está sendo utilizada em várias pesquisas, desde o desenvolvimento de produto veterinário com extratos vegetais até produtos medicamentosos para o tratamento de cicatrização em humanos”, lembra a pesquisadora. A primeira pesquisa, feita em 2015, demonstrou a aplicação em géis ginecológicos. Outra, mais recente, associou a base ao extrato de jucá para tratamento de lesões.

Proteção ao conhecimento e transferência tecnológica

Com a patente, a Ufopa terá o direito exclusivo de uso, produção, comercialização e importação da tecnologia pelo prazo de 20 anos, a contar de 10 de dezembro de 2015, data da solicitação do pedido de concessão.

Após cinco anos de espera, a professora comemora e agradece à Agência de Inovação Tecnológica (AIT), responsável pelo processo junto ao INPI: “Eu tenho que agradecer imensamente à Ufopa, desde a gestão do Marcelo Vasconcelos junto ao João Mousinho, que fez o primeiro depósito, e depois toda a sequência burocrática e de avaliação, que foram monitoradas pelo professor Roberto Branco [atual diretor da AIT] e o Diógenes Moraes, que é o técnico administrativo da AIT, que foi um grande colaborador nesse sentido e fez um trabalho muito bom. Sem a AIT esse pedido também não teria sido feito”.

A AIT é a responsável por dar suporte aos criadores, auxiliando na documentação necessária ao pedido e acompanhamento de todas as etapas do processo até a emissão da carta patente, que confirma o direito de propriedade intelectual junto ao INPI.

O diretor José Roberto Branco enumera as oportunidades geradas para a Universidade e os criadores, em especial a disseminação do conhecimento produzido: “[A patente] facilita a transferência tecnológica para empresas, já que a criação está muito bem descrita em termos técnicos, e permite uma base para negociação com a empresa para que a universidade (e seus criadores) participem dos benefícios obtidos com o uso da patente. Permite o controle sobre o uso da tecnologia, pois a universidade pode permitir o uso gratuito da tecnologia se for do interesse do país. Além disso, um dos motivos que eu considero mais importantes para uma universidade pública adiciona ao estado da técnica e ajuda na disseminação da tecnologia, em especial quando finda o período de proteção ou quando a universidade abre mão da patente depois de um período. Ninguém pode patentear algo já patenteado, então aquele conhecimento se torna livre para o mundo”.

“O trabalho da AIT, portanto, não termina agora, com a concessão da carta patente. Esta patente deverá continuar a ser gerida, divulgada, negociada, transferida. São os novos desafios para a AIT, já que esta é a nossa primeira patente, e já estamos em conversa com a Rede Namor (Rede de Núcleos de Inovação Tecnológica da Amazônia Oriental) para dar os próximos passos nessa jornada. Com tudo isto, a proteção de criações de patentes pode se tornar um forte canal de transferência tecnológica e disseminação de conhecimento, além dos já tradicionalmente utilizados pela universidade”, complementa.

Além da nova patente, a Ufopa conta atualmente com o registro de seis programas de computador e oito pedidos em tramitação no INPI, sendo seis de patentes, um de modelo de utilidade e um de marca.

Comunicação/Ufopa

02/03/2021

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