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Criado em 4 de Junho de 2019 às 13:52

Pesquisa resgata história do Centro Pedagógico de Apoio ao Desenvolvimento Científico


Alunos do Clube de Ciências em visita na Hidrelétrica de Curuá. Foto: acervo CPADC.

Tese defendida no Doutorado Interinstitucional em Educação investigou a sustentabilidade do CPADC através de redes de parcerias ao longo de 27 anos de existência

A sustentabilidade de um programa ou de um processo educativo não se dá apenas por sua autonomia e independência, mas por sua capacidade de estabelecer articulações em redes com o seu entorno. Essa é a tese defendida pela professora Nilzilene Gomes de Figueiredo, do Instituto de Ciências da Educação (Iced) da Ufopa, ao analisar a história de vida do Centro Pedagógico de Apoio ao Desenvolvimento Científico (CPADC), que tem como principal objetivo contribuir para a melhoria do ensino de Ciências e Matemática na região.

Intitulada “A sustentabilidade de um centro de ciências no interior da Amazônia: o CPADC de Santarém-PA (1988-2015)”, a tese, defendida em junho deste ano no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), buscou compreender o que manteve a sustentabilidade do CPADC de Santarém ao longo de 27 anos de existência.

Orientado pela professora Elisabeth Barolli, da Unicamp, o estudo identificou a existência de uma rede colaborativa de práticas sustentáveis, formada por diferentes instituições e profissionais que realizavam um trabalho em sinergia em prol de melhorias do ensino de Ciências e Matemática no Pará, interagiam regularmente e possuíam interesses em comum, além de práticas sustentáveis relacionadas a esses interesses.

Segundo a autora, a rede de parcerias foi a responsável pela sustentabilidade do CPADC ao longo dos anos. “Essa rede tomou novas configurações com a chegada da Ufopa, de maneira a resgatar a sustentabilidade do Centro, que ficou ameaçada na transição entre as duas instituições”, explica Nilzilene Figueiredo, que foi selecionada no Doutorado Interinstitucional em Educação (Dinter), destinado à qualificação dos professores da Ufopa através de parceria com a Faculdade de Educação da Unicamp.

Qualitativa, a pesquisa se baseou em dez entrevistas e em cinco relatos escritos concedidos por colaboradores que participaram da história do CPADC. Também foram utilizadas reportagens de dois jornais impressos da região, “O Tapajós” e “Jornal de Santarém”, divulgadas entre 1988 e 1994, bem como documentos oficiais do Centro, como atas, relatórios, convênios firmados e correspondências oficiais.

Segundo Nilzilene, a partir da triangulação dos dados, foi organizada uma narrativa da história do centro em três fases: pré-CPADC; CPADC na gestão da UFPA-Santarém; e CPADC na gestão da Ufopa. A análise narrativa apoiou-se nos conceitos de Comunidade de Práticas, segundo a perspectiva do sociólogo Etienne Wenger, bem como nas elaborações de Andy Hargreaves e Dean Fink acerca das condições que se fazem relevantes para alcançar a sustentabilidade de projetos e propostas educacionais.

O centro foi instituído em 1988, no antigo Campus da Universidade Federal do Pará (UFPA) em Santarém (PA), com o nome inicial de “Grupo Pedagógico de Apoio ao Desenvolvimento Científico” (GPADC), a partir de um curso de formação continuada para professores da educação básica, oferecido pela equipe do Núcleo Pedagógico de Apoio ao Desenvolvimento Científico (NPADC) da UFPA. “Em Santarém, o GPADC teve forte apoio do Campus da UFPA, e contou com outras parcerias, como o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e a Secretaria Municipal de Educação de Santarém (Semed)”, afirma. “Os relatos mostram que o CPADC ajudou no processo de consolidação do Campus da UFPA em Santarém”.

Nesse período, o GPADC atuava principalmente na realização de feiras de ciências, na oferta de cursos de formação continuada para professores da Educação Básica e no apoio para a criação de grupos ou núcleos em outros municípios do Oeste do Pará, como em Oriximiná, Óbidos, Monte Alegre, Rurópolis e Alenquer. “Os grupos de lideranças eram criados de diferentes formas com o objetivo de melhorar o ensino de ciências nesses municípios”, afirma.

No período de transição entre a UFPA e a Ufopa, a rede de sustentação do grupo se enfraqueceu. “No início da Ufopa não se sabia exatamente qual o papel do grupo dentro da Universidade. Só em 2014 tivemos uma posição clara, com a vinculação efetiva do CPADC ao Instituto de Ciências da Educação (Iced), que reúne todas as licenciaturas ofertadas pela Ufopa”. Segundo Nilzilene, com essa definição, houve uma maior inserção dos professores e alunos do Iced e de outros institutos. “Os institutos e professores da Ufopa passaram a apoiar mais as atividades do Centro e a rede de professores colaboradores cresceu”.

Com o foco na iniciação científica de alunos dos ensinos fundamental e médio, o Clube de Ciências continua sendo a principal atividade do CPADC. “Este ano temos 32 alunos de escolas públicas, que participam de encontros regulares. No final do ano, eles participarão da Mostra Científica, na qual farão a apresentação dos resultados de projetos de investigação com temas diversos, especialmente relacionados às áreas ambiental, social e tecnológica”. Outro destaque é o planetário móvel adquirido pela Ufopa em 2012, e que possibilitou o desenvolvimento de atividades na área da Astronomia, em escolas e na Universidade, como exposições na cúpula, minicursos, oficinas e palestras.

Segundo Nilzilene, atualmente o apoio institucional se dá principalmente através de bolsas de monitoria e de extensão que são concedidas aos alunos da graduação para participarem das ações promovidas pelo CPADC. “Os bolsistas que trabalham conosco são fundamentais para o funcionamento do Centro”, afirma. Segundo a professora, o financiamento da Capes e o do CNPq também foram fundamentais para o fortalecimento do CPADC. “Hoje ainda temos esse duplo desafio de ampliar e de fortalecer as parcerias internas e externas”.

Maria Lúcia Morais - Comunicação/Ufopa

17/10/2016

Alunos do Clube de Ciências em visita na Hidrelétrica de Curuá. Foto: acervo CPADC