Criado em 4 de Junho de 2020 às 13:30
Diário do Pará. 01 de julho de 2012.
4 de Junho de 2020 às 13:30
Apaisagem do Tapajós, em diversos municípios às margens desse rio amazônico que dá nome a uma das mais ricas e belas regiões turísticas do Pará, virou cenário na última sexta-feira, dia 29, das procissões de São Pedro, celebradas em todo o Brasil, em países cristão e outros influenciados pela religião católica.
Marcados por arraial, comidas típicas, danças de quadrilhas juninas e outras atividades, no Tapajós, mais especialmente na vila santarena de Alter-do-Chão, um novo ritual encanta turistas e nativos. É a procissão fluvial, que envolve dezenas de embarcações enfeitadas, que além da imagem de São Pedro transportam ribeirinhos que vivem em comunidades no entorno da vila, entre eles de Aritapera, Pindobal e da sede de Santarém. O ritual, engrandecido com batuques de carimbó e outros ritmos tocados por uma banda de música no barco que transporta a imagem, é assistido por turistas de todo o Brasil e muitos do exterior.
“As manifestações culturais precisam ser preservadas no sentido da sua originalidade e tradição. As de origem religiosa são representações importantes do nosso Estado, principalmente as relacionadas com nossos rios, por que refletem a relação direta das comunidades com as águas”, afirma Márcia Bastos, coordenadora do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), executado no Pará pela Companhia Paraense de Turismo (Paratur), com apoio da Secretaria de Estado de Turismo (Setur).
Márcia está na região do Tapajós justamente fazendo o mapeamento de manifestações culturais e produções artesanais, entre outros, em comunidades quilombolas, ribeirinhas e indígenas, visando a inclusão em roteiros turísticos. “Um exemplo dessa relação entre as águas e as tradições culturais é o Círio de Nazaré em Belém e os pequenos círios, como o de São Pedro, em Alter-do Chão. Vale ressaltar que os rios Tapajós e Amazonas estão intrinsecamente relacionados ao modo de vida das comunidades locais, a exemplo da comunidade de Aritapera, que faz parte do campo de mapeamento do Prodetur, onde as famílias desenvolvem suas atividades em dois tempos diferentes, durante o verão e durante as cheias do Amazonas”. Em Aritapera, se destacam as mulheres artesãs que produzem cuias, hoje um patrimônio cultural do Pará.
O assunto vem sendo discutido no Tapajós desde a última terça-feira, dia 26, quando através de um workshop a equipe do Prodetur apresentou o andamento do projeto às comunidades indígenas de Bragança e Marituba, onde vivem índios Munduruku, em Belterra. Na sexta o workshop foi realizado na sede do Sebrae em Santarém, para representantes da comunidade de Aritapera, associações de artesãos, entre outros. “A proposta é incentivar o turismo de base comunitária, mas de forma sustentável, nas comunidades indígenas e quilombolas. O programa visa resgatar o maior número de lendas, mitos, produções literárias, acervo antropológico”, informou Vladmir Barbosa, técnico do Prodetur, ao explicar que centros de referência também estão previstos para serem construídos a partir da parceria com as comunidades locais e que outros devem entrar no inventário turístico do Programa, a exemplo do “João Flona” e do “Dica Frazão”, guardiões do patrimônio cultural e de artesanato do Tapajós, localizado em Santarém.
Participaram do workshop, representantes do Sebrae, da população Borari, da Prefeitura de Santarém, Secretaria Municipal de Produção Familiar, da Universidade Federal do Tapajós (Ufopa), Associação de Artesãs Ribeirinhas de Aritapera (Asarisan), além de estudantes da Ufopa que contribuíram com a edição do livro Aritapera: Terra, Água, Mulheres e Cuias”, lançado dia 23 de junho em Belém durante a Feira Internacional de Turismo da Amazônia (Fita) e relançado durante o workshop no Sebrae. Organizado pelo Antropólogo Antônio Maria Santos, do Museu Paraense Emílio Goeldi, o livro é o primeiro resultado do Mapeamento Cultural do Prodetur no Tapajós.
Alter do Chão
Ainda em Alter do Chão a temática do mapeamento cultural do Prodetur foi apresentada ao empresariado da hotelaria na tarde da última sexta-feira, dia 29, no Belo Alter Hotel. Márcia Bastos falou aos mais de 20 participantes da reunião sobre a importância do diálogo com toda a sociedade para que as ações previstas no Prodetur possam trazer bons resultados a todos. Márcia ressaltou que o Prodetur prevê recursos de 44 milhões de dólares oriundos de financiamento pleiteado pelo Governo do Estado junto ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) a serem investidos em Belém, Marajó e Tapajós. Acrescentou que além de obras de infraestrutura, como o Centro de Convenções de Santarém, recursos do Estado, está previsto, através do Prodetur, um Observatório de Turismo para o Tapajós, que englobará também resultado de pesquisas no turismo desenvolvidas localmente.
Irene Belo, proprietária do Belo Alter e membro do Convention & Visitors Bureau do Tapajós, apresentou na oportunidade as três premiações conquistadas pelo polo junto ao Ministério do Turismo, através do programa 65 Destinos Indutores do Turismo (MTUR), executado com apoio do Sebrae Nacional e da Fundação Getúlio Vargas. Santarém foi premiada nas categorias Cooperação Regional, Marketing e Promoção do Destino e Monitoramento”. O resultado do desempenho do município nesse e em outros programas foi apresentado ao trade pelo assessor da Secretaria Municipal de Turismo de Santarém. Entre os participantes estavam dirigentes de vários hotéis e pousadas, entre eles do Hotel Mirante da Ilha.
Na tarde de sábado, no Centro de Convivência do Idoso, o workshop foi apresentado à comunidade Borari. Artesãos, catraeieiros, empresários de pousadas, lancheiros e outros que buscam qualificação profissional participaram do evento. Além de apresentar as ações previstas para mapeamento cultural e observatório do turismo através do Prodetur, a equipe da Paratur e Setur apresentou o Programa Estadual de Qualificação Profissional no Turismo (PEQTUR), através do qual o Governo do Estado, seguindo direcionamentos do Plano Ver-o-Pará, pretende qualificar mais de 10.500 pessoas até 2015 que atuam direta e indiretamente com o turismo. Para este segundo semestre o plano deve beneficiar cerca de 1.500 trabalhadores.
O workshop Prodetur, já foi realizado pela Paratur e Setur este mês no arquipélago do Marajó, em Belém, Icoaraci e Cotijuba, Além de Santarém e Belterra. A partir desta segunda-feira chegará às aldeias indígenas da etnia Way Way, e na comunidade quilombola Cachoeira do Chuvisco, em Oriximiná. (Agência Pará)