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Criado em 3 de Junho de 2020 às 21:38

Livro retrata o trabalho das artesãs do Aritapera.

Diário do Pará. 24 de junho de 2012.

3 de Junho de 2020 às 21:38

Após dois dias de várias atividades, a programação da 6ª edição da Feira Internacional de Turismo da Amazônia (Fita) foi encerrada no Hangar - Centro de Convenções e Feiras da Amazônia na noite de sábado (23), com uma cerimônia que contou com o lançamento do primeiro volume da coleção Mapeamento Cultural do Polo Tapajós, seguido por um show da cantora Juliana Sinimbu e do grupo de carimbó de Marapanim (município do nordeste paraense), e degustação da culinária regional.

"Aritapera: Terra, Água, Mulheres & Cuias” é o nome da obra organizada pelos antropólogos Antonio Maria de Souza Santos e Luciana Gonçalves de Carvalho. A Coleção Mapeamento Cultural Polo Tapajós tem o objetivo de publicar trabalhos sobre manifestações artístico-culturais dos municípios de Santarém, Belterra e Oriximiná, dentro dos objetivos do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo no Estado do Pará (Prodetur). A apresentação do livro foi feita pelo secretário de Estado de Turismo, Adenauer Góes, e as fotografias são da artista plástica e fotógrafa Elza Lima.

O livro aborda a importância da utilização das cuias no universo amazônico e como elas estão inseridas no cotidiano das comunidades ribeirinhas. Feitas do fruto da cueira (Crecentia cujete), sua utilização é de origem indígena, conforme registros de missionários que percorreram o Baixo Amazonas desde o século XVII. O enfoque principal do livro é o distrito de Aritapera, situado na área de várzea do Rio Amazonas, a cerca de 4 horas de barco da sede municipal de Santarém. Ali trabalham quase 200 famílias, integrantes da Associação das Artesãs Ribeirinhas de Santarém (Assarisan), criada em 2003 com o objetivo de aprimorar a produção e a comercialização das cuias, além de valorizar os saberes e fazeres artesanais da região.

 

PESQUISA

 

A importância da atividade começou a ser pesquisada desde 1977 por Antonio Santos, atual representante do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e da Universidade do Estado do Pará (Uepa) no Prodetur. A pesquisa mostra que, de acordo com a própria comunidade, nos últimos 10 anos a atividade vem ganhado destaque, resultando na crescente valorização, divulgação e novas opções de mercado. Esse fato foi constatado a partir de março deste ano, com a aplicação do Prodetur, durante uma visita técnica de profissionais da Paratur e do MPEG ao Polo Tapajós.

Luciana Carvalho, professora da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e representante da instituição no Prodetur, vem colaborando há 10 anos com os trabalhos de valorização do artesanato das cuias do Aritapera. Ela coordena o Programa de Extensão Patrimônio Cultural na Amazônia (PEPCA) na Ufopa. “A pesquisa é importante não só pela produção e difusão de conhecimentos, mas também pelo potencial de criação de novas alternativas socioeconômicas para as comunidades”, afirmou.

Os textos tratam do artesanato de cuias em diferentes aspectos (modos de fazer, iconografia, importância econômica e cartografia), de histórias de vida das artesãs, da criação da marca coletiva adotada por um grupo de produtoras e de algumas experiências de intervenção e organização da produção e da comercialização das cuias do Aritapera. Entre os textos selecionados estão trabalhos do próprio pesquisador e de recentes pesquisas desenvolvidas por alunos e colaboradores da Ufopa.

Entre a coletânea de trabalhos inseridos na publicação estão: Aritapera: uma comunidade de pequenos produtores na várzea amazônica – Santarém-PA (Antônio Maria de Souza Santos – pesquisador do MPEG e professor da Uepa); Histórias de vida e encantos no Aritapera (Ádria Fabíola Pinheiro de Sousa); A marca coletiva Aíra e mercados para as cuias do Aritapera (Jeferson Oriente Brelaz Sampaio Júnior); Projetos e transformações no artesanato tradicional das cuias de Santarém (Zenilda Maria Bentes); Iconografia atualizada das cuias do Aritapera (Ádrea Gizelle Morais Costa); Cartografia social das produtoras de cuias do Aritapera (Igor Montiel Cunha) e A Cuia nossa de cada dia (Rubia Goreth Almeida Maduro).

 

ASSOCIAÇÃO

 

A região do município de Santarém ficou conhecida pela produção de cuias tingidas e ornamentadas. Formada por um conjunto de comunidades numa área de várzea, a região do Aritapera tem participado, nos últimos 10 anos, de diferentes projetos voltados para a valorização desse artesanato e das pessoas que o produzem - dezenas de mulheres que se dedicam a esse ofício, passado de mãe para filha.

No centro de Aritapera, um grupo de mulheres da Associação das Artesãs Ribeirinhas de Santarém construiu, com apoio do Ministério da Cultura e de instituições parceiras, uma sede que funciona como um Ponto de Cultura, dotada de espaços de produção, convivência, biblioteca comunitária, recepção de visitantes, exposição e venda de cuias.

O trabalho proposto pela Paratur e pelo Museu Goeldi de inclusão do Aritapera em seu roteiro de pesquisa e divulgação turística atende aos anseios das comunidades, no que diz respeito à valorização de seus modos de fazer tradicionais.

Serviço: a Fita 2012 continua nesta segunda-feira (25) com a visitação dos profissionais de imprensa, operadores, agentes de viagens, realizadores de eventos, representantes institucionais e outros convidados às regiões turísticas de Belém, Marajó, Tapajós e Amazônia Atlântica. (As informações são da Agência Pará)

 

Link: https://www.diarioonline.com.br/noticias/cultura/noticia-207390-livro-retrata-o-trabalho-das-artesas-do-aritapera.html