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Um mito para ludibriar os neobobos

16/11/2013-BLOG DO JESO - Neutra

8 de Junho de 2020 às 21:31


Um mito para ludibriar os neobobos
por Válber Almeida (*)


Entre os argumentos dos apoiadores da chapa de continuação da UFOPA, encabeçada por Aldo Queiroz, figura um mito que é voltado para ludibriar mal informados e neobobos: o de que o Aldo Queiroz é o mais preparado para administrar a universidade, que ele sabe como captar os recursos de que ela precisa para crescer e de que ele possui liderança política para administrar.
Primeiramente, este discurso é um mito porque reduz o debate sobre o desenvolvimento institucional da universidade ao campo meramente administrativo.
Segundo, porque não se sabe desde quando o Aldo Queiroz se tornou referência em administração pública e liderança política.
Terceiro, porque é preciso, volto a chamar a atenção para o fato, olhar para a história para entender quais os interesses que estão, de fato, por trás do Aldo: não são interesses educacionais, são interesses políticos hegemônicos, de um grupo que produziu como resultado de décadas de controle sobre a educação no Pará uma das piores realidades educacionais do país.
Quanto ao primeiro argumento, não vou me deter para não tornar meu comentário demasiado longo, mas sabemos que a universidade é um sistema aberto, que a sua vida está umbilicalmente ligada à vida da sociedade que a circunda. Isso tanto pelo conhecimento que ela produz, que parte das investigações que são feitas, mormente, no ambiente externo, quanto porque está inserida no contexto macro da vida econômica, política e cultural da sociedade.
Assim, são múltiplos os fatores, internos e externos, que condicionam o desenvolvimento de uma universidade, os quais extrapolam os limites meramente administrativos. Quanto ao segundo argumento, é notória a história dos 16 anos que o Aldo Queiroz administrou o pequeno campus da UFPA de Santarém.
Durante estes 16 anos, o grande feito administrativo do candidato foi transformar o pequeno campus da UFPA de Santarém num pequeno campus universitário. Em termos de liderança, o Aldo era tudo menos uma liderança no sentido próprio que a Ciência Política e a administração modernas atribuem ao termo.
Lideranças são, primeiramente, pessoas que se destacam pelas elevadas qualidades pessoais, altíssima capacidade de resolver problemas, entender o novo, aproveitar as oportunidades, que tem flexibilidade, carisma e visão ampla da realidade.
São pessoas que formam grandes equipes com base no estímulo do que há de melhor nos membros da equipe, na mobilização de recursos diversos voltados para o melhoramento da instituição em que atua, no fortalecimento cultural, psicológico e moral da equipe.
Essas características destoam totalmente da pessoa do Aldo, que, enquanto pessoa pública, é um político profissional, mas não uma liderança. Talvez tenha grande capacidade e qualidades na área profissional em que é formado, mas isso já é outra coisa.
Oportunidades houve, pois o grupo do Aldo está à frente da UFPA e, agora, da UFOPA há
décadas, mas ele nunca soube aproveitar, mostrou-se subserviente à política comandada na
instituição a partir de Belém, política esta que objetiva apenas e exclusivamente manter o controle
sobre a máquina pública para satisfazer interesses políticos hegemônicos.
A visão ampla da realidade, necessária para entender o novo, e a flexibilidade necessária para
absorver, aproveitar e estimular o potencial de todos os membros da coletividade que formam a
universidade se perderam no pensamento e nas atitudes paroquiais, coronelistas e patrimonialista,
cuja filosofia é: para meus aliados os benefícios do poder, para meus inimigos, os malefícios.
Ouso afirmar que o Aldo nunca teve, de fato, preocupação com o desenvolvimento da
Universidade, mas com seus projetos políticos pessoais e do grupo político ao qual pertence dentro
da UFPA e do estado.
Aí é que entra a parte histórica que menciono como necessária para entender os processos
políticos. O Aldo, já disse em comentário anterior, é do mesmo time do Nilson Pinto-Loureiro-
Ximenes-Fiúza, todos no poder na atualidade: Nilson Pinto é deputado Federal, Loureiro e Ximenes
estão na cúpula da UFOPA, Fiúza é secretário (nome muito apropriado, por sinal, para o que anda
fazendo na atualidade o ex-reitor da UFPA) do Jatene.
O Grupo do Aldo hoje é quem manda, de fato, em toda a rede estadual de educação do Pará. O
Nilson Pinto é quem manda na Secretaria de Educação e nela mantém como subordinados a sua
esposa, conhecida nos bastidores como uma Secretária sem pasta, e o ex-reitor da UFPA Alex Fiúza
de Melo.
Como já disse, o Fiúza se beneficiou de um momento ímpar da história das UFs brasileiras, que foi o
do governo Lula, quando muito recurso federal foi destinado para a pesquisa e para a
reconstrução física destas instituições. Por isso, posou de grande administrador. No entanto, à frente
de pasta bem mais modesta e tendo de satisfazer compromissos políticos nada comprometidos
com a educação, sua máscara de grande administrador caiu.
O episódio que protagonizou de mediador do governador na greve dos profissionais da educação
do estado foi, no mínimo, ridículo. O discurso dele conclamando os professores a voltar à sala de
aula "pelo Pará" já entrou para a história das coisas mais patéticas produzidas pelos políticos
paraenses. Enfim, mostrou o que realmente é: um intelectual de grande pompa, mas um político
medíocre como a maioria dos políticos que governam este estado.
Em outras palavras, não é de hoje que a educação no Pará está nas mãos do grupo político ao
qual pertence o Aldo Queiroz, e não consta nas estatísticas e na vivência empírica dos profissionais
da educação que os resultados sejam animadores: na educação básica estamos entre os piores
do Brasil e nas universidades a política autoritária freia o desenvolvimento da democracia e
emperra outros ganhos administrativos que decorreriam da maior democratização das
universidades.
É um grupo que se arroga o título de grandes administradores, mas tudo o que produzem em
termos empíricos é um desastre educacional. E isso se deve a um fato básico do qual todos
decorrem: eles não tem compromisso com a educação, têm compromissos apenas com seus
interesses políticos individuais e de grupo do qual fazem parte.
É, assim, um projeto político, e não educacional, hegemônico que estes políticos profissionais
infiltrados no meio acadêmico possuem e buscam viabilizar quando na posse da coisa pública.
Portanto, eleger o Aldo Queiroz para reitor da UFOPA é alimentar o poder deste grupo que não
tem sido positivo para a educação paraense. É alimentar projetos pessoais e particulares de poder;
é dizer um NÃO a iniciativas que representam uma inovação e uma possibilidade concreta de tirar
a educação no Estado do atoleiro no qual se encontra.
Volto a dizer, se eu fosse professor da UFOPA, pelo bem de Santarém e da EDUCAÇÃO pública no
Pará eu votaria na chapa da professora Raimunda Monteiro.
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* Doutorando, é professor de Sociologia da Seduc e de Ciência Política da UFPA.

 

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