Criado em 22 de Junho de 2020 às 16:18
27/11/2014 - G1 Santarém - Positivo
22 de Junho de 2020 às 16:18
Pesquisa analisa manuseio de pescado em feiras de Santarém, PA
Objetivo é identificar focos de Doenças Transmitidas por Alimentos.
Tema é tese de doutorado da profª da Ufopa, Graciene Fernandes.
Do G1 Santarém
Pesquisa é tese de doutorado de uma professora da Ufopa (Foto: Zé Rodrigues/ TV Tapajós)
Uma pesquisa desenvolvida em Santarém, oeste do Pará, pretende verificar os focos das Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) em peixes, analisando amostras do alimento vendido em feiras e mercados da cidade. O tema é tese de doutorado da professora Graciene Fernandes, da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).
As doenças são atualmente uma preocupação mundial que gerou a criação de políticas públicas de prevenção em vários países. Segundo a autora do projeto, existem grandes chances desses alimentos desenvolverem focos das DTA, pois o ambiente em que são armazenados é inadequado. “Vamos trazer o peixe inteiro, sem ter passado por nenhum processamento. Esse material vai ficar todo acondicionado em uma caixa térmica, mantendo as mesmas condições em que ele foi capturado”, afirma.
Peixe armazenado em ambiente 'vazado' no chão
da feira (Foto: Zé Rodrigues/TV Tapajós)
No material colhido, será feita a análise e a busca dos microrganismos alvo, aqueles focados diretamente para o controle das DTA.
O G1 foi até a Feira do Pescado em Santarém para verificar em que condições são armazenados os peixes antes de serem vendidos. Nas fotos, é possível observar comerciantes manuseando o pescado sem nenhum tipo de equipamento que garanta a higiene, como luvas, máscaras ou roupas adequadas. Muitos peixes ficam em cima de balcões expostos e não passam por ambiente de refrigeração para manter a conservação. Em alguns casos, o alimento é guardado em recipientes 'vazados' que ficam no chão.
Vendedores não têm o hábito de guardar adequadamente o pescado nas feiras e mercados de Santarém (Foto: Zé Rodrigues/TV Tapajós)
O G1 também registrou a preocupação de alguns vendedores em manter o pescado armazenado em recipientes com gelo, com o intuito de manter a conservação do alimento.
Vendedor manuseia peixe sem luvas
(Foto: Zé Rodrigues/TV Tapajós)
Precauções
Para a doutoranda Graciene, é possível evitar que os peixes comercializados em mercados tornem-se focos das Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA). “[Podemos mudar] os hábitos que são utilizados pelos manipuladores do mercado. Por exemplo, a utilização de luva e touca, e outros tipos de equipamentos adequados. Além do mais, segundo eles próprios nos disseram, eles não têm nenhum curso que oriente como conservar adequadamente o pescado”.
Outro problema apontado na pesquisa é a atuação do poder público. “A gente quer apresentar para o município ou para o governo federal, por meio da Secretaria de Agricultura e Pesca que comanda todas as ações e políticas voltadas para essa área, propostas de trabalho, oficinas ou cursos, para que os vendedores tenham essa capacitação e não cometa os erros que eles cometem”, concluiu a pesquisadora.
A Feira do Pescado passou por serviços de reforma nos últimos dias com a intenção de melhorar o espaço. O local foi interditado e a venda de peixe foi paralisada momentâneamente. O pincipal objetivo é tornar o ambiente mais higiênico.
Rosildo trabalha há 16 anos com venda de peixes
(Foto: Zé Rodrigues/TV Tapajós)
Para o vendedor de peixe Rosildo Picanço, de 40 anos, a ideia de promover um curso para as pessoas que trabalham com peixe seria algo importante, pois possibilitaria um aumento na venda do pescado já que a forma de oferecer o alimento seria mais adequada. "Para nós seria muito gratificante participar de um curso, pois aprenderíamos mais, e mostrar maior qualidade para o consumidor e aprender outras maneiras de trabalhar com o alimento. Eu trabalho com peixe há 16 anos, e nunca tive capacitação. Na verdade eu acho que seria [o curso] o ideal, não só pra gente, mas para a população", enfatiza.
DTA
De acordo com o Ministério da Saúde as doenças transmitidas por alimentos, são causadas pela ingestão de alimentos ou bebidas contaminados. Existem mais de 250 tipos de DTA e a maioria são infecções causadas por bactérias e suas toxinas, vírus e parasitas. Outras doenças são envenenamentos causados por toxinas naturais (ex. cogumelos venenosos, toxinas de algas e peixes) ou por produtos químicos prejudiciais que contaminaram o alimento (ex. chumbo, agrotóxicos).
Segundo a professora, a pesquisa está prevista para ser concluída no mês de julho de 2015.
Pescado fica exposto em cima das bancas sem cuidado de armazenamento
(Foto: Zé Rodrigues/ TV Tapajós)