Criado em 29 de Setembro de 2020 às 16:37
9/4/2015- O Impacto - Positiva
29 de Setembro de 2020 às 16:37
Projeto incentiva novas práticas de ensino de Física em escolas públicas
Estudantes de três escolas recebem aulas de Física
É possível ensinar Física de maneira inovadora em escolas públicas? Para alunos e professores de três instituições da rede pública de ensino de Santarém (PA), a resposta pode ser positiva. Desde 2011, as escolas estaduais Rio Tapajós, Álvaro Adolfo da Silveira e o anexo da São Felipe, que funciona na comunidade de Cipoal, são parceiras da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) em um projeto voltado para a formação de professores da área da Física, através de estratégias inovadoras.
A iniciativa faz parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), financiado pela Capes, e visa a oportunizar aos licenciandos da Ufopa novas possibilidades de aprendizagem através do convívio com a realidade escolar e o desenvolvimento de práticas metodológicas diferenciadas. Vinculado ao Instituto de Ciências da Educação (Iced), o Pibid de Física conta atualmente com 15 bolsistas dos cursos de Física Ambiental (em fase de desligamento em virtude da conclusão do curso) e da Licenciatura Integrada de Matemática e Física.
“Para 2015 o foco das nossas atividades será o Clube de Astronomia, que será realizado em todas as escolas parceiras”, afirma o professor Sandro Aléssio Vidal de Souza, do Programa de Ciências Exatas da Ufopa, que assumiu a coordenação do projeto ano passado. Outra ação prevista para este ano é o Ler Ciência, que deverá formar um clube de leitura de temas científicos nas escolas parceiras.
A primeira etapa consistirá na preparação dos bolsistas e dos alunos das escolas, por meio de palestras, vídeos, discussão e pesquisa teórica sobre o tema Astronomia. “Depois faremos a observação do céu, através do uso de telescópios do Laboratório de Física da Ufopa, que serão levados até as escolas”, informa Sandro Aléssio Vidal de Souza. “Antes da observação fazemos toda uma explicação sobre o que vai ser observado”. Ao final, os alunos produzirão textos sobre as atividades realizadas.
“Ano passado, montamos o Clube de Astronomia na nossa escola, o que foi muito bem recebido, porque era uma parte do conteúdo de Física que o aluno praticamente não conhecia”, explica a professora Ana Helen Vasconcelos Campos Silva, da Escola Álvaro Adolfo. Segundo a professora, que supervisiona as atividades do projeto nessa escola, a Astronomia deveria ser ensinada no ensino fundamental, dentro da disciplina de Ciências, o que raramente acontece, pois geralmente essa disciplina é ministrada por professores da área de Biologia. “Fica faltando. Fica aquela curiosidade do aluno em relação à Astronomia. Nós aproveitamos essa curiosidade para fazer o Clube, que lá na escola é o maior sucesso”, comemora.
Atividades – Desde sua implantação, em 2011, cerca de 35 alunos do curso de Licenciatura em Física Ambiental atuaram como bolsistas do projeto,promovendo, nas escolas, diversas atividades pedagógicas, como os mais variados experimentos de Física e a produção de vídeos educativos. “O nosso projeto é composto por dez estratégias metodológicas diferenciadas para serem aplicadas em escolas públicas. Primeiro realizamos estudos dessas estratégias metodológicas. Por meio desses estudos fui aprendendo como me comportar e trabalhar em uma sala de aula”, afirma a bolsista Luciane de Sousa Nascimento, que participa do projeto desde 2011, na escola Rio Tapajós. “Resumindo em uma frase, o que o projeto proporciona são oportunidades de aprender”, afirma a licencianda do curso de Física Ambiental.
Para Luciane Nascimento, outro momento importante foi o reconhecimento do espaço escolar, o qual, em suas palavras, “já é um grande aprendizado, porque você precisa conhecer o local onde você pretende atuar”. Antes de começar as atividades na escola, foi realizado um evento para a divulgação do projeto e das estratégias metodológicas diferenciadas. “Esse foi o nosso primeiro momento de interação com os alunos, professores e direção da Rio Tapajós, no qual esclarecemos qual seria a nossa forma de participação e de contribuição na escola”.
“Na escola onde a gente trabalha, os alunos gostam muito do projeto. Todos os anos eles perguntam quais são as atividades que vamos desenvolver, já que acabam se divertindo. É algo em que eles se envolvem muito”, afirma Janelson Nogueira Xavier, bolsista na escola São Felipe. “Isso acaba motivando os alunos a estudar Física, porque é diferente do que o professor faz em sala de aula. É uma aula mais prática, mais pesquisa, algo que foge da rotina, então os alunos acabam se motivando cada vez mais”.
Segundo Janelson Xavier, as atividades são desenvolvidas a partir de temáticas atuais, como, por exemplo, a radiação solar, um dos temas abordados pelo bolsista com os alunos do ensino médio. “Nessa atividade tivemos uma fase de socialização, na qual os estudantes puderam elaborar maquetes e mostraram o funcionamento de células fotovoltaicas”, explica. “O mais importante é que eles fizeram uma analogia sobre as vantagens de se utilizar a energia solar ao invés da energia elétrica convencional”.
Formação – “O Pibid é um projeto voltado para incentivar o universitário a ser professor. Mas quando esse universitário entra na escola, para nos auxiliar no trabalho com os nossos alunos, tudo muda: a escola, o bolsista universitário e o próprio professor de Física”, afirma a professora Ana Helen Vasconcelos Campos Silva, da Escola Álvaro Adolfo.
“O aluno do ensino médio tem um ganho muito grande, pois passa a ver a Física como ela realmente é. Não só as fórmulas, os cálculos. As novas metodologias que o Pibid implanta fazem com que o aluno passe a conhecer a Física mesmo”, explica a docente que supervisiona as atividades do projeto na escola desde 2011.
“Uma das ações que buscamos fazer dentro da Física é trabalhar com um conjunto de estratégias inovadoras. Esse é o nosso diferencial”, afirma a professora Cláudia Silva de Castro, da Ufopa, que desde 2011 colabora com a iniciativa. Segundo Cláudia de Castro, todas as atividades do projeto são executadas com o acompanhamento de professores da Ufopa, que colaboram como orientadores, e a supervisão dos professores que ministram a disciplina de Física na escola parceira.
As ações realizadas passam por um processo de avaliação, por meio de relatos individuais e rodas de discussão. Por fim, são produzidos relatórios e trabalhos científicos. “Primeiro, os bolsistas estudam as estratégias, pesquisam, socializam o que aprenderam, antes de planejar, de fato, as atividades escolhidas. Somente depois desse período é que eles vão para a escola desenvolver, com os alunos e professores, as atividades previstas”, explica.
“Existe uma diferença entre o que são as tendências de ensino que estão na literatura da área de Ciências, onde a Física está presente; o que está nos discursos oficiais, nos documentos e diretrizes; e o que acontece na escola. É como se fossem três mundos diferentes”, afirma Cláudia. “Diante desse desafio, buscamos promover, por meio de estratégias inovadoras, a aproximação entre esses três mundos, para termos a possibilidade de levar mudança para a escola e para o ensino de Física”.
Fonte: RG 15/O Impacto e Ascom/Ufopa