16/7/2018-Folha Mato Grosso-Positiva
4 de Fevereiro de 2020 às 14:48
Notícias
Estudos estão sendo feitos há mais de um ano na Ufopa e devem ser finalizados em 2019.
Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), incluindo alunos e professores, descobriu a existência de uma bactéria capaz de impedir doenças como infecção intestinal e intoxicação por alimentos. A descoberta se deu durante pesquisa realizada há mais de um ano na Universidade, com experimentos a partir da fermentação da mandioca e do queijo coalho, que são produzidos artesanalmente na região.
A existência da bactéria Lactobacillus foi descoberta nos primeiros resultados. Ela pode inibir o crescimento de bactérias patogênicas como a salmonela, que ocasiona diarreia, dores abdominais, náuseas, vômito e febre, e afeta principalmente crianças e idosos, os que mais possuem doenças gastrointestinais.
A salmonela é responsável por altas taxas de mortalidade principalmente em países em desenvolvimento. De acordo com um dos pesquisadores, o professor doutor em biotecnologia Thalis Ferreira dos Santos, do Instituto de Biodiversidade e Florestas (Ibef/Ufopa), a ingestão de um alimento contendo probióticos, a exemplo dos Lactobacillus, melhora a saúde do organismo. “Estamos prosseguindo nesses estudos para identificar essa substância e os mecanismos pelos quais elas matam os patógenos Escherichia coli e Salmonella enterica, que causam determinadas doenças como a infecção intestinal”.
O objetivo final do estudo é lançar no mercado um produto que contenha bactérias probióticas oriundas de matérias-primas encontradas na Amazônia e que possam melhorar a saúde do consumidor. “Os próximos passos serão investigar a melhor forma de inserir essas bactérias nesse produto. O essencial já conseguimos, que foi detectar a existência de lactobacilos no processo de fermentação da mandioca e no queijo coalho. [...] Na Amazônia, há muita riqueza de produtos para serem explorados”.
Pessoas que consomem alimentos que contém essas bactérias também têm melhoras nos aspectos psicológicos, como depressão. O propósito é que mais estudos sejam feitos para descobrir outros potenciais que essas bactérias podem apresentar além da inibição de bactérias patogênicas.
Desenvolvimento da pesquisa
Além do professor Thalis Ferreira, os estudos estão sendo feitos por quatro alunos de iniciação científica do Ibef: Thayná Moura, Lucas Alvarenga, André Lucas e Larissa Sampaio, em parceria com professores que trabalham com biotecnologia microbiana na Ufopa, a exemplo da professora Katrine Escher, do Instituto de Saúde Coletiva (Isco).
Placa que contém lactobacilos isolados (Foto: Ufopa/Divulgação)
A pesquisa foi dividida em três fases: a) isolamento das bactérias da mandioca e dos queijos artesanais; b) identificação dos potenciais dessas bactérias, no caso, se elas realmente inibem o crescimento de patógenos; e c) desenvolvimento e lançamento de um produto probiótico contendo as bactérias isoladas. As duas últimas fases envolvem pesquisas para assertividade do produto ideal, busca de parceiros e aceitação no mercado consumidor. Segundo o Prof. Dr. Thalis, chegar à fase final deve levar aproximadamente mais um ano e meio.
O Prof. Dr. Thalis explicou que a pesquisa envolve bactérias lácteas e são elas que serão usadas como probióticos (produtos alimentares que contém micro-organismos vivos, cuja ingestão traz benefícios à saúde). “O primeiro momento foi propor o isolamento desses probióticos e a identificação. A partir daí, descobrir se elas podem inibir o crescimento de bactérias que causam doenças, se podem ser adicionadas em um alimento, como queijo, suco ou mesmo numa apresentação farmacêutica como uma cápsula, e se causaria um tipo de melhora na saúde das pessoas”.
A ideia de pesquisar sobre bactérias probióticas surgiu quando o professor Thalis Ferreira ainda estudava mestrado e doutorado, na Bahia, e aumentou quando ele chegou à região amazônica “Descobrir o que os micro-organismos isolados aqui têm de diferente dos já descobertos em outros lugares é nosso principal desafio, já que na região amazônica tem poucos trabalhos a respeito”.
Ele ressaltou que as pesquisas realizadas para descobrir bactérias probióticas a partir de produtos típicos da Amazônia são únicas na Ufopa, mas já há outros grupos de estudiosos na região utilizando o açaí, na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém.
O produto
Após a caracterização, dependendo do que for descoberto durante a fase de experimento, pode surgir um produto também na linha de cosméticos, como um creme para combater infecção vaginal, um sabonete que sirva para eliminar micro-organismos que causam doenças dermatológicas, etc. “Já pensamos em alimentos como queijo, iogurte ou polpas de fruta, cuja comercialização será feita com valor agregado, pela garantia de que a pessoa vai consumir algo que trará benefícios à saúde, mas há os cosméticos, muito valiosos no mercado e com potencial elevado no combate a doenças".
Alunos de iniciação científica do Ibef participam da pesquisa com produtos artesanais da Amazônia (Foto: Ufopa/Divulgação)
LinK: http://www.folhamt.com.br/artigo/301139/Pesquisa-encontra-bacteria-benefica-em-alimentos-artesanais-da-Amazonia-capaz-de-melhorar-a-saude-das-pessoas