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Criado em 3 de Fevereiro de 2020 às 14:17

Velhos rumos sopram mais uma vez na Ufopa, por Wallace Carneiro de Sousa

26/6/2018-Jeso Carneiro-Neutra

3 de Fevereiro de 2020 às 14:17

jesocarneiro.com.br
Velhos rumos sopram mais uma vez na Ufopa, por Wallace Sousa
Jeso Carneiro

Protesto #foraseixas na Ufopa. Foto: arquivo de Wallace Sousa

por Wallace Carneiro de Sousa (*)

Em meio às comemorações do aniversário de nossa querida Pérola do Tapajós, um apagão na memória da atual vice-reitora da Ufopa, Professora Aldenize Ruela, não passou despercebido.

Trata-se da homenagem feita pela Prefeitura de Santarém ao ex-reitor da Ufopa Seixas Lourenço, o qual, em dezembro de 2013, pediu exoneração do cargo momento antes de ser demitido pelo Ministério da Educação, numa conjuntura de clamor da comunidade acadêmica pelo #foraseixas.

Que a indicação para homenageados pela prefeitura para receber a medalha Padre João Felipe Bettendorf seja motivo de questionamentos não é nenhuma novidade. Os aniversários de Santarém estão aí para provar. Porém, é espantoso e preocupante que a vice-reitora da Ufopa tente apagar da memória o período desastroso e ditatorial que ficou conhecido como “A era seixas”, isso não pode passar!

Não pode passar porque seria uma afronta à inteligência de todos que compunham a comunidade acadêmica naquele tenebroso período, além é claro de ser uma grande injustiça com todos que lutaram e sofreram com as perseguições políticas que deram o tom da gestão “mão de ferro” Seixas Lourenço, da qual alguns membros da atual gestão Hugo Diniz faziam parte.

Eu sou um exemplo dos servidores e alunos que foram perseguidos politicamente pela gestão Seixas, tendo sofrido todo tipo de assédio moral enquanto atuei como servidor da Ufopa.

Fui processado administrativamente, com mais de 40 estudantes, apenas por exercer o direito constitucional de manifestação. Seixas causou um endêmico quadro de “alunos bolhas”, consequência do malfadado modelo acadêmico imposto, causando enormes prejuízos à vida de inúmeros estudantes que se viram perdidos na mandala labirintosa que tanto Seixas e outros gostavam de expor como modelo inovador.

Falo isso porque a atual vice-reitora pediu desculpas a este senhor pelas injustiças que a Ufopa causou a ele. De fato, imagino o quanto doloroso foi para este senhor ter deixado as pontes aéreas Brasília/Santarém/Brasília e as voluptuárias mordomias do Barrudada Tropical Hotel, onde residia nos poucos dias que passava em Santarém.

Enfim, a verdade pode não ser dita em eventos protocolares, porém existe um limite tolerável de uma opinião para uma afronta e a vice-reitora ultrapassou isso com maestria.

 

Aldenize Ruela e Hugo Diniz, atuais dirigentes da Ufopa, vice-reitora e reitor, respetivamente

Primeiro falou em nome da comunidade acadêmica para pedir desculpas para um senhor que foi EXPULSO pela sua esmagadora maioria, tanto foi que Seixas caiu, inclusive, a partir da ida de representantes discentes, docentes e técnicos a Brasília pedir um basta nos desmandos infringidos por ele.

Segundo, por falar nos trabalhos realizados por Seixas na instituição, os quais merecem ser enumerados:
1 – impôs um modelo acadêmico desastroso, sem oportunizar a discussão com a comunidade acadêmica;
2 – deixou um legado de uma universidade sem estrutura, pendurada em alugueres de prédios improvisados, jorrando dinheiro público em investimentos sem retorno (investimentos físicos);
3 – impôs uma verdadeira ditadura do pensamento único – isso em uma universidade! – fazendo lembrar de o antigo brocado “Ufopa, ame-a ou deixe-a!”;
4 – negou, enquanto pode, a democracia, a colegialidade e a participação dentro das estruturas orgânicas e sociais da UFOPA; e
5 – perseguiu tudo e todos que ousavam discordar e não obedecer ao que sua mão de ferro impunha.

Finalizo dizendo que minha memória – tenho certeza que a da grande maioria também – não sofreu apagão! E que as desculpas da vice-reitora Aldenize Ruela deveriam estar voltadas para todos àqueles que vivenciaram as barbaridades da “Era Seixas” e que reverenciar aquele senhor é legitimar o adoecimento de vários servidores, as injustiças cometidas contra centenas de estudantes que tiveram atrasos em seus percursos acadêmicos e, principalmente, o atraso de 4 anos sofridos pela Ufopa.

Entretanto, uma inquietante pergunta paira nas cabeças ufopianas: a que se deve o desenterro da persona non grata Seixas Lourenço?

Outra pergunta: por que essa gestão que fez de tudo para se desvincular deste homenageado durante a campanha eleitoral, desdisse tudo e resolveu agora se declarar para esta famigerada figura?

Será que os novos rumos nos levarão às velhas práticas? O tempo nos dará as respostas.

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* É analista judiciário do TJ do Pará.

 
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