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Ultima atualização em 23 de Janeiro de 2020 às 14:46

Coloridas e vistosas, ervas-de-passarinho chamam a atenção de beija-flores, abelhas e morcegos

7/3/2018-G1 Santarém e Região-Positiva

23 de Janeiro de 2020 às 14:46

Coloridas e vistosas, ervas-de-passarinho chamam a atenção de beija-flores, abelhas e morcegos
Descoberta científica na Serra da 'Piraoca' ressalta a importância das savanas amazônicas para a conservação de interações biológicas únicas.

A beleza das ervas-de-passarinho na savana santarena tem atraído polinizadores como abelhas e morcegos — Foto: Rodrigo Fadini/Arquivo pessoal

Não é apenas nas cidades que as ervas-de-passarinho chamam a atenção. Em ambientes naturais, seu papel prejudicial passa a ser benéfico para uma infinidade de animais. Em Santarém, no oeste do Pará, um grupo de ervas-de-passarinho, em especial, despertou a curiosidade de pesquisadores da Ufopa (Universidade Federal do Oeste do Pará).

Segundo o professor doutor Rodrigo Fadini, do curso de Ecologia da Ufopa, orientador de pesquisa de mestrado e líder da pesquisa realizada em uma área de savana em Alter do Chão, usando câmeras filmadoras remotas, foram feitos registros de uma espécie que é polinizada por abelhas. "Em geral, esse grupo possui apenas beija-flores como polinizadores. O registro que fizemos nas proximidades da savana da Serra Piroca é único e abre portas para novas descobertas sobre o papel desses novos agentes para a evolução do grupo”, explica Fadini.

O estudo também recebeu apoio de pesquisadores da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e do Instituto de Ecologia (México). “Além do novo registro que realizamos aqui em Santarém, os pesquisadores da UFMS, liderados pelo Dr. Erich Fischer, haviam registrado uma espécie do mesmo grupo sendo polinizada por morcegos no Pantanal”, complementa Fadini.

Importância das abelhas para a produção agrícola

Segundo o pesquisador, as mesmas espécies de abelhas que propiciaram a nova descoberta, também polinizam plantas de importante interesse comercial, como a castanha-do-pará. “Grande parte do que a gente come, hoje em dia, vem direta ou indiretamente da produção de frutos ou sementes, oriundas do serviço de polinização realizado principalmente por abelhas. Se perdemos as abelhas, não só as plantas que nós estudamos terão problemas, mas boa parte da produção agrícola brasileira também”, completou.

Pesquisa na savana santarena foi liderada pelo professor Rodrigo Fadini, da Ufopa — Foto: Rodrigo Fadini/Arquivo pessoal

Conservação das savanas santarenas

As savanas da região de Santarém têm uma grande variedade de espécies e ocorrem ao longo de todo o Eixo Forte, chegando próximas ao município de Belterra. Apesar de estarem dentro da Área de Proteção Ambiental Alter do Chão, não recebem atenção especial do poder público e estão ameaçadas pela especulação imobiliária.

A urbanização de áreas do entorno da vila balneária de Alter do Chão, Pindobal e Ponta de Pedras está cada vez maior, e isso favorece o turismo descuidado e a destruição do habitat natural. Junto com a expansão imobiliária desordenada, que destrói o habitat das plantas, animais e põe em risco o turismo sustentável realizado na região. A liberação de tóxicos na região do planalto santareno também causa grande preocupação.

“Nós não sabemos até quando esses problemas vão continuar ocorrendo, o que sabemos é que todos saem perdendo: a natureza, a população local, os turistas e todo o povo santareno”, concluiu Fadini.

 

Link: https://g1.globo.com/pa/santarem-regiao/noticia/coloridas-e-vistosas-ervas-de-passarinho-chamam-a-atencao-de-beija-flores-abelhas-e-morcegos.ghtml