Criado em 7 de Fevereiro de 2020 às 14:28
2/11/2018-Folha MT-Positiva
7 de Fevereiro de 2020 às 14:28
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Evento na Ufopa chama atenção para o combate a discriminação de gênero e racismo
- - G1 / FolhaPA
O Programa de Antropologia e Arqueologia (PAA) da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) promove uma semana inteira de discussões sobre relações de gênero, africanidades (raízes da cultura brasileira com origem africana) e diáspora africana, que se refere ao deslocamento em grande massa, neste caso, dos povos da África.
A semana “Dos Palmares aos Santos: vivenciando Dandaras” ocorrerá de segunda (5) a sexta-feira (9), na Ufopa unidade Rondon, localizada na Avenida Marechal Rondon, bairro Caranazal. Haverá conferências, mesas redondas, rodas de conversa, roda de saberes e oito minicursos que serão divididos em três eixos.
O primeiro abordará a África e o Judeio-Cristianismo, o Islão; etnografias e arqueologia em contextos africanos e diáspora africana, o segundo: identidade de gênero, sexualidade, Transgeneridades e arqueologias feministas e o terceiro: a presença dos negros na universidade, o acesso, a permanência e pós permanência no ensino superior e as políticas de ações afirmativas.
Os temas serão abordados a partir de perspectivas da história, antropologia, arqueologia, sociologia e educação. O evento objetiva chamar atenção sobre as violências de gênero e discriminação racial dentro e fora das universidades, que permanecem desde muito tempo.
Vários movimentos, associações, federações, entre outros coletivos contrários a estas práticas se mobilizam para tentar combater o preconceito. A iniciativa na Ufopa é mais uma forma de somar esforços e incentivar melhores relações entre as pessoas.
O nome do evento é uma homenagem a Dandara dos Palmares, uma liderança feminina, nascida no Ceará, personagem histórica popularmente conhecida como a companheira de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares. O Quilombo era formado principalmente por africanos escravizados fugitivos das propriedades coloniais do Nordeste brasileiro.
Palmares se tornou símbolo em meio ao fortalecimento do movimento negro por resistir as inúmeras tentativas ao longo do século XVII pela luta por direitos ao longo do século XX até agora.
Dandara se identificava como travesti, morava e trabalhava como autônoma em uma periferia de Fortaleza. Apesar de conhecida e admirada pelos moradores, ela foi torturada e brutalmente assassinada em 2017, enquanto era filmada por homens que zombavam e a acusavam de cometer roubos e furtos.
Dandara não possuía passagem pela polícia e o processo judicial demonstrou que o crime se tratou de preconceito e ódio. O caso Dandara se tornou público devido aos vídeos compartilhados. Estas e outras histórias serão discutidas no evento.
A programação contará com a presença de lideranças de movimentos sociais do Tapajós, Baixo Amazonas e Trombetas, antropólogos, historiadores e arqueólogos de diferentes universidades brasileiras (São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia, Paraná, Amapá, Rio de Janeiro).
Os interessados podem se inscrever online ou no dia do evento, durante o credenciamento. Para os minicursos, as vagas são limitadas.
A programação pode ser conferida pela página no Facebook do evento com o nome "Dos Palmares aos Santos: Vivenciando Dandaras".