Criado em 5 de Dezembro de 2019 às 12:14
04/12/2019 - G1 Santarém - Positivo
5 de Dezembro de 2019 às 12:14
Ser estudado enquanto estuda. É dessa forma que a trabalha a plataforma digital “Cara da Aprendizagem” (Cadap). O projeto foi desenvolvido na Universidade Federal do Oeste do Pará (Pará), em Santarém, e possibilitar correlacionar emoções à aprendizagem de alunos submetidos a videoaulas.
O Cadap funciona da seguinte forma: o participante assiste a videoaula e durante este processo uma câmera capta as reações que o aluno tem diante dos conteúdos apresentados na internet.
Inovador, o projeto tem sido premiado pelo Brasil e é fruto da tese de doutorado da professora Carla Marina Paxiúba, do Instituto de Engenharia e Geociências (IEG), defendida no dia 2 no Programa de Pós-Graduação Sociedade, Natureza e Desenvolvimento (PPGSND).
O Cadap foi financiado pelo projeto Acácia, da União Europeia, que reúne várias universidades da América Latina com o objetivo melhorar a educação. Também teve o apoio de egressos do Programa de Computação da Ufopa, Marcelo Costa e Ygor Dutra da Silva, que participaram da criação da ferramenta.
Conforme a desenvolvedora da plataforma educacional, o Cadap perimte que o professor tenha respostas mais concretas sobre qualidade do aprendizado dos alunos.
“Muitas vezes, o professor olha para a sala de aula e vê os rostos tristes, entediados. Só que ele não sabe dizer o que o aluno está sentindo e, mais ainda, qual a relação entre esse tédio e o desempenho. A ideia é que a gente consiga reconhecer as expressões faciais através da ferramenta e faça essas relações”, explicou.
Se verificar que houve baixo desempenho da turma, por exemplo, o professor pode rever a forma como o conteúdo está sendo apresentado e fazer ajustes para torná-lo mais didático.
A ferramenta reconhece sete expressões: alegria, tristeza, raiva, surpresa, medo, desgosto e desprezo. Além disso, combina a avaliação do professor e a autoavaliação do aluno para gerar dados mais precisos sobre como aquele aluno se sente diante do que precisa aprender.
Na plataforma, o professor cadastra videoaulas e acrescenta as habilidades, competências e conhecimentos que devem ser desenvolvidos. Ao final dos conteúdos, são gerados os gráficos das expressões faciais e os alunos fazem a autoavaliação, informando sua percepção sobre o que assistiram. O professor também inclui o resultado das avaliações que foram aplicadas, que podem ser dentro ou fora da plataforma.
Depois que as fases são concluídas, as informações são cruzadas, permitindo verificar se o desempenho está relacionado a alguma emoção. “Nós conseguimos perceber que o medo é uma emoção muito atrelada ao baixo desempenho. Os alunos que tinham medo quando estavam visualizando [as videoaulas], no geral, depois apresentavam uma aprendizagem menor”, exemplifica Carla Paxiúba.
A princípio, a plataforma tinha como foco a educação a distância, mas se mostrou como um bom suporte também para aulas na modalidade presencial. Mais de 500 pessoas já a testaram, em Santarém, em outros estados brasileiros e em países da América Latina, como Colômbia e Chile.
Como resultado do esforço, o projeto já coleciona vários prêmios: em 2018, ficou em primeiro lugar do Concurso Latino-Americano de Tecnologias Educacionais para Aprendizagem (Edutech); também conquistou a segunda colocação no concurso Apps.edu, do Congresso Brasileiro de Informática na Educação 2019; o Selo de Inovação da Sociedade Brasileira de Computação (SBC); e foi selecionado pelo BNDES Garagem, programa de desenvolvimento de startups. No Empreenda Santander, ficou entre os dez primeiros lugares, o que lhe rendeu a participação em um programa de aceleração de ideias para incentivar a formação de uma startup.