Criado em 9 de Julho de 2019 às 16:45
21/6/2019 - Giro Portal - Positivo
9 de Julho de 2019 às 16:45
Um marco na história. É dessa forma que Anderson Reis sairá da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) após defender o Trabalho de Conclusão de Curso em Língua Brasileira de Sinais (Libras) no curso de pedagogia. O acadêmico é o primeiro surdo da universidade a concluir a graduação apresentando o TCC desta forma.
A defesa ocorreu no dia 14 de junho e o trabalho apresentado pelo universitário teve como tema “Ensino de matemática para estudantes surdos dos anos iniciais”. Na pesquisa, Anderson analisou as estratégias de ensino usadas em uma turma inclusiva do ensino fundamental da rede pública, onde observou que ainda há dificuldade de comunicação com os alunos surdos.
Segundo o universitário, é necessário aprofundar discussões na educação especial para melhorar o ensino de matérias específicas, como a de matemática, que são de difícil compreensão principalmente devido à falta de comunicação com os professores.
A banca avaliadora fez as considerações sobre o trabalho integralmente em Libras. O público pôde acompanhar a apresentação por meio da tradução simultânea, em português, feita pelo intérprete Luciano Lobato, do Núcleo de Acessibilidade da universidade.
Trajetória na universidade
Quando Anderson ingressou na graduação, em 2014, a Ufopa ainda dava os primeiros passos para a implementação do Núcleo de Acessibilidade. No início, o acadêmico teve o apoio do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Especial e Processos Inclusivos (GPEEPI), e dos primeiros intérpretes da universidade. Hoje, o Núcleo dá assistência a mais de 80 alunos com deficiência, sendo cinco surdos.
s orientações de TCC de Anderson Reis eram acompanhadas pelos intérpretes de Libras. — Foto: Ascom Ufopa/Divulgalção.
Com 33 anos, Anderson já é professor da rede municipal de Santarém, na modalidade de Atendimento Educacional Especializado (AEE), e pretende aprimorar o ensino por meio do uso da Libras como primeira língua.
“Eu tenho interesse em trabalhar mais especificamente o ensino da matemática a partir da Língua de Sinais, usando materiais adaptados, visuais e em Libras, para que o aluno possa, dentro da sua realidade, aprender através da sua língua”, disse.
Para o orientador, o desafio também foi grande. Ainda aprendendo Libras, Ednilson contou com o auxílio fundamental dos intérpretes do Núcleo, que acompanhavam as orientações.
“No início, se não tivesse o intérprete, eu não ia conseguir orientar por causa da barreira da linguagem. Para mim foi um desafio, mas foi bom, porque eu aprendi bastante a entender como é o pensamento do surdo, mais visual e mais expressivo”, contou.
Agora, o professor irá continuar a orientar outros trabalhos voltados para o desenvolvimento de recursos pedagógicos para os surdos. “O trabalho do Anderson serviu de estopim para que outros alunos se interessassem pela temática. Depois da defesa, alguns vieram me procurar para orientar trabalhos na área” disse.
Fonte: G1 Santarém