Criado em 16 de Julho de 2019 às 17:51
25/3/2019- A Voz do Xingu- Positivo
16 de Julho de 2019 às 17:51
As nove urnas funerárias encontradas no estado do Amazonas e enviadas para Santarém, no oeste do Pará, já estão sendo estudadas e passando por procedimentos nas mãos de arqueólogos da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). Todas as peças chegaram ao município no final de fevereiro.
O objetivo dos estudos é investigar sobre o passado e origem das urnas que devem ter mais de 500 anos e poderão ajudar a contar a história da Amazônia antiga.
De acordo com a responsável pelas peças em Santarém, a professora do curso de arqueologia da Ufopa, Anne Rapp Py-Daniel, uma das primeiras fases depois da chegada é conhecida como escavação e limpeza. “Todas as urnas estão cheias de terra, então temos que esvaziá-las lentamente e tentar identificar o que está dentro delas”, disse.
Das noves peças apenas uma já está passando pelo processo no laboratório de arqueologia Curt Ninuenbaju da Ufopa. A urna foi aberta ainda no sítio arqueológico no Amazonas para mostrar aos comunitários o que tinha dentro.
O material ósseo está sendo evidenciado, assim como os demais materiais encontrados, para serem retirados nas demais fases e, posteriormente, sejam acondicionados com segurança.
Para cada urna há um trabalho de escavação que pode levar de um dia a meses dependendo da conversação do material. A previsão é que as peças fiquem em Santarém nos próximos dois anos.
Há peças que precisarão de restauração por estarem quebradas. Feitos esses trabalhos as urnas ficarão prontas para uma possível exposição.
Uma mestranda do Universidade Federal do Amazonas (Ufam) está sendo orientada por Anne Rapp sobre os trabalhos com as urnas. A professora acredita que novos acadêmicos devem ser incorporados ao grupo de trabalho nos próximos meses.
s urnas foram encontradas em uma comunidade rural na Amazônia em julho de 2018 — Foto: Arquivo GP Arqueologia/Instituto Mamirauá
As peças arqueológicas foram encontradas durante escavações feitas em julho do ano passado em uma comunidade rural no Amazonas. Depois de meses sob a guarda e análises do Instituto Mamirauá, na cidade de Tefé, o destino delas foi a Ufopa, em Santarém, onde as investigações em busca do passado e origem dessas urnas continuam.
As noves urnas funerárias pertencem à Tradição Polícroma da Amazônia, conjunto estilístico e cultural de cerâmicas arqueológicas cujos registros mais antigos datam de 1.400 anos e são encontradas das Cordilheiras dos Andes até a boca do rio Amazonas.
No Brasil, essa foi uma das primeiras vezes em que urnas foram desenterradas por especialistas in situ, ou seja, retiradas diretamente do solo, conservando seu contexto original de enterramento.
O transporte dos artefatos foi um desafio à parte para a equipe de arqueólogos do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
O primeiro passo foi conduzir as urnas do sítio arqueológico na comunidade Tauary, de onde foram retiradas, até à sede do instituto, no município amazonense de Tefé, onde permaneceram por alguns meses.
Com autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), as urnas começaram a jornada até o estado do Pará no dia 19 de fevereiro.
G1 Santarém