Ultima atualização em 25 de Julho de 2020 às 15:51
18/07/2020- Ciência e Clima - Positiva
25 de Julho de 2020 às 15:49
Aquecimento global, efeito estufa e mudanças climáticas explicados por artigos e recursos visuais. Direto da ciência.
BY CIÊNCIA E CLIMA ON 18/07/2020
POR COMUNICAÇÃO/UFOPA – Pesquisa realizada na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) em parceria com a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), de Minas Gerais, analisou o impacto de agrotóxicos nas populações de abelhas do planalto no município de Belterra.
Realizado no período de agosto de 2018 a julho de 2019, o estudo é resultado da pesquisa de mestrado da professora Maria Fernanda de Oliveira Ferreira, do campus da Ufopa em Monte Alegre, defendida no Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais da UFU, em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade da Ufopa.
A pesquisa reforça as consequências negativas do uso de agrotóxicos para as espécies de abelhas nativas sem ferrão, usualmente utilizadas na meliponicultura para a coleta de mel e outros recursos, na região Oeste do Pará. Esses agrotóxicos são utilizados nas plantações para onde as abelhas podem voar e, assim, manter contato com essas substâncias, sofrendo intoxicação.
As abelhas sem ferrão estão incluídas no grupo dos principais polinizadores, cujo serviço ecológico é extremamente importante. De acordo com a professora Maria Fernanda, as abelhas vêm sofrendo sérias ameaças que causam um declínio em suas populações, conforme evidenciado em diversos trabalhos científicos. “Algumas mudanças ambientais, tais como mudanças climáticas e perda de habitat, estão associadas a esse declínio e ao declínio de serviços de polinização; entretanto, um dos principais fatores apontados é a intoxicação por agrotóxicos”, diz a pesquisadora. Ela acrescenta que, “sem a atuação dos polinizadores, a biodiversidade é afetada, e menos biodiversidade pode causar maior vulnerabilidade a pragas e doenças da fauna e flora. Outra consequência da perda de biodiversidade é a restrição de alimentos e da agricultura, colocando a segurança alimentar em risco”.
A pesquisa
A pesquisa do mestrado, que resultou na dissertação Efeitos de diferentes agrotóxicos na sobrevivência e comportamento de Scaptotrigona aff. xanthotricha (Apidae, Meliponini), teve como objetivo avaliar as dosagens letais de agrotóxicos e efeitos subletais, através dos testes de comportamento realizados com a espécie de abelha Scaptotrigona aff. xanthotricha (Apidae, Meliponini), popularmente conhecida como abelha-canudo. Os dois inseticidas escolhidos para o estudo são comumente utilizados em cultivos de soja na região: abamectina e acetamiprido. “Esses testes de comportamento representam as atividades das abelhas em seus hábitos de vida, mostrando assim como estas são afetadas e prejudicadas pela alteração cognitiva causada pelos inseticidas. Dependendo da dose, os inseticidas podem agir aumentando ou diminuindo o metabolismo das abelhas. Quando a dose não é letal, os efeitos subletais podem ser tão prejudiciais quanto, em decorrência dessa alteração de comportamento”, destacou a professora Maria Fernanda.
De acordo com os resultados da pesquisa, os dois inseticidas estudados são altamente tóxicos para a espécie. “Além de serem necessárias baixíssimas doses para a dosagem letal da população de abelhas, a locomoção e o reflexo dos indivíduos intoxicados com doses subletais ficaram nitidamente alterados, e se um indivíduo intoxicado consegue retornar à colônia, ele ainda pode intoxicar outros indivíduos através do contato”, alerta a pesquisadora.
Fonte e imagem: UFOPA
Link: https://cienciaeclima.com.br/impacto-de-agrotoxicos-na-populacao-de-abelhas/