Ultima atualização em 21 de Julho de 2020 às 23:44
11/06/2020 - G1 Santarém-Pa - Ufopa sendo citada
15 de Junho de 2020 às 18:00
Pico da Covid-19 no oeste do Pará deve ocorrer entre 17 e 26 de junho, aponta estudo da Ufopa
Estima-se que haverá mais de 9 mil confirmados e 400 mortes. Foram usados três modelos de análise para calcular as projeções e dados usados foram disponibilizados pelo Ministério da Saúde.
Por G1 Santarém — Pará
11/06/2020 13h14 Atualizado há 4 dias
Teste rápido para detecção do coronavírus — Foto: Wellington Carvalho/Futura Press/Estadão Conteúdo
A luta contra o coronavírus na região oeste do Pará deve alcançar seu ápice neste mês de junho, segundo o mais recente relatório do Painel Covid, desenvolvido pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). Estima-se que o pico da pandemia ocorrerá entre os dias 17 e 26, com mais de 9 mil pacientes testados positivos e 400 mortes na região.
O estudo foi elaborado pelo Laboratório de Aplicações Matemáticas (Lapmat) usando três modelos de análise para calcular as projeções. Os resultados convergem para a estimativa de que o auge da pandemia no Pará ocorreu em fins de maio e início de junho e apresenta uma tendência de queda. Na porção oeste do estado, porém, estima-se que o pico poderá ocorrer na próxima quinzena deste mês.
Os cálculos foram baseados em dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde e elaborados pelo professor Hugo Alex Diniz, que é reitor da Ufopa e também matemático.
“Esse não é um dado exato, é muito dinâmico, mas creio que há uma convergência dos diversos estudos de que nós estamos atravessando esse momento de maior alta nos casos e óbitos diários em âmbito nacional e, ao que tudo indica, isso está acontecendo agora também nos interiores, fora das capitais”, explicou Hugo.
Atualmente, são mais de 4.200 casos confirmados e de 230 óbitos no oeste paraense. Em todo o estado, esses números podem ultrapassar a marca de 80 mil casos confirmados e 4.500 óbitos, cenário que coincide com o projetado no último Boletim Covid-PA publicado pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).
O estudo também demonstra que a proliferação da doença ocorre de forma mais acelerada no interior do estado. Em números efetivos de reprodução atuais, o oeste paraense está com uma taxa de aumento de casos de 2.03 e o Pará, em 1.25. Em relação aos óbitos, na região a taxa de reprodução é de 1.37, enquanto que no estado em geral é de 0.45.
Hugo Diniz chama atenção para a subnotificação de casos e óbito sendo categórico ao afirmar que o cenário do Pará e região oeste é de preocupação. “Além da questão de que os dados estão defasados, há uma subnotificação clara de casos. Nossa política de testagem é muito ruim e temos uma subnotificação de óbitos”, enfatizou.
O Lapmat ressalta ainda que a falta de transparência e a discrepância entre os dados divulgados pelos governos federal, estadual e municipal têm dificultado a realização do estudo e o cálculo de projeções mais precisas. Por este motivo, o estudo foi baseado exclusivamente nas informações do Ministério da Saúde, que traz os dados em planilha e registros datados, o que não é feito nas esferas estadual e municipal.
A interrupção do fornecimento de informações pelo Ministério da Saúde e a mudança de metodologia pela Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) também impactaram negativamente a análise.
“Isso dificulta muito qualquer tipo de estudo e dificulta a decisão dos gestores, podendo levá-los a tomar decisões de abertura prematura das atividades nesse momento da pandemia, que, como disse anteriormente, está em seu pior momento na nossa região”, completou Diniz.