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Criado em 11 de Maio de 2021 às 23:34

Pesquisa com participação da Ufopa indica que mudanças climáticas afetarão extrativismo na Amazônia

14/04/2021- G1 Santarém — PA - Positiva

11 de Maio de 2021 às 23:34

Pesquisa com participação da Ufopa indica que mudanças climáticas afetarão extrativismo na Amazônia

De acordo com o estudo, produtos como Castanha-do-Pará, açaí, andiroba, copaíba, seringueira, cacau e cupuaçu podem reduzir ou até desaparecer.


Estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) e a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) aponta que as mudanças climáticas representam ameaça às espécies de palmeiras e árvores que são os principais produtos florestais extraídos nas reservas extrativistas (Resex) da Amazônia brasileira.

Conforme o estudo, nos próximos 30 anos, as populações tradicionais da Amazônia que dependem da floresta como principal forma de alimentação e sustento econômico poderão sofrer sérios impactos devido às mudanças climáticas.

Pela Ufopa, participou da pesquisa o professor Samuel Gomides, que trabalha no campus Oriximiná, com apoio da pesquisadora voluntária Talita Machado.

De acordo com os pesquisadores, as mudanças climáticas representam um perigo iminente à manutenção do modo de vida das populações tradicionais e ao futuro da biodiversidade na Amazônia. Entre os produtos que correm risco de desaparecer ou diminuir a produção nas reservas extrativistas brasileiras estão a Castanha-do-Brasil (também conhecida como Castanha-do-Pará), o açaí, a andiroba, a copaíba, a seringueira, o cacau e o cupuaçu”.

Ao todo, foram avaliadas 18 espécies de árvores e palmeiras utilizadas para consumo próprio ou venda em 56 reservas extrativistas da Amazônia brasileira.


A partir de modelos computacionais, foram avaliados fatores climáticos históricos dos locais onde essas plantas vivem (temperatura, umidade, tipo de solo, dentre outras) e realizadas projeções para o ano de 2050, considerando as mudanças climáticas previstas pelos cientistas baseadas nas taxas de emissão de CO2.

Os autores também fizeram o levantamento do número de pessoas e famílias envolvidas com as atividades de extrativismo vegetal realizadas nessas Resex e quais espécies eram utilizadas por elas.

Cards produzidos pelos pesquisadores para divulgação do estudo — Foto: Divulgação
Cards produzidos pelos pesquisadores para divulgação do estudo — Foto: Divulgação

Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns
A Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, localizada no município de Santarém, fez parte da pesquisa. Segundo Gomides, nessa Resex não foram identificadas grandes perdas como em outras reservadas da Amazônia brasileira, mas alertou-se que há pesquisas que indicam que o estoque pesqueiro na região de Santarém tem sido afetado também pela sobre-exploração.

“É importante destacar que as alterações e impactos negativos que a biodiversidade na nossa região tem sofrido e como é importante que a sociedade e o governo se mobilizem para frear todos esses impactos e garantir a sobrevivência da população, principalmente aquelas tradicionais, ligadas diretamente ao consumo dos bens naturais da floresta, para que possamos garantir que as próximas gerações tenham acesso a esses tesouros das nossas florestas”, disse Gomides.

Publicação

O resultado da pesquisa foi publicado no periódico internacional Biological Conservation, no dia 8 de abril de 2021.

O estudo alerta que a falta de diagnósticos socioambientais nessas reservas torna difícil prever com mais precisão os impactos sociais e formas de mitigação. Para o grupo de pesquisadores, é urgente identificar locais prioritários para a implementação de políticas de conservação de espécies extrativistas, bem como para a criação de novas unidades de conservação.

O estudo sugere estratégias para mitigar as consequências das mudanças climáticas na Amazônia, como ações eficientes no combate ao desmatamento e às queimadas na região. Também indica a implementação das orientações resultantes dos acordos globais de combate à mudança climática.

 

Link: https://g1.globo.com/pa/santarem-regiao/noticia/2021/04/14/pesquisa-com-participacao-da-ufopa-indica-que-mudancas-climaticas-afetarao-extrativismo-na-amazonia.ghtml