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Criado em 3 de Janeiro de 2022 às 16:54

Ufopa fará parte de rede global para monitorar chuvas em Santarém

29/12/2021 - O Liberal - Positiva

3 de Janeiro de 2022 às 16:54

Ufopa fará parte de rede global para monitorar chuvas em Santarém
A iniciativa é inédita e visa entender as chuvas da região


Divulgação / Acervo do projeto
O monitoramento visa entender o ciclo hidrológico da região de Santarém (Divulgação / Acervo do projeto)
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A Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) está participando de uma rede global de monitoramento para analisar a chuva de Santarém, no oeste do estado. Com o apoio do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a instituição instalou em dezembro de 2021, na Fazenda Experimental, um pluviômetro de isótopos, equipamento utilizado para coletar água da chuva e determinar a composição isotópica e físico-química. O coletor integra a Rede Global de Isótopos de Precipitação (GNIP), rede mundial de monitoramento de isótopos de hidrogênio e oxigênio oriundos das águas das chuvas, operada pela Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU).

Mas, afinal, o que são isótopos? São átomos - substâncias que formam uma matéria, aquilo que ocupa espaço e possui massa - de um mesmo elemento químico que possuem a mesma quantidade de prótons, ou seja, pequenas partículas que constituem o átomo. Os isótopos têm o mesmo número atômico, mas diferenciam-se pelo número de massa (prótons + nêutrons) porque a quantidade de nêutrons, uma pequena partícula no centro do átomo, no núcleo é diferente.

E como os isótopos podem ajudar a entender o ciclo da água? “Vamos pegar esse isótopo, que nada mais é do que um elemento químico que fica estável durante um bom período, e vamos analisar a água da chuva daqui de Santarém, fazer uma reta dos dados, hidrogênio e oxigênio”, explica o geólogo do CPRM, Manoel Imbiriba Júnior. A professora Fernanda Souza, do curso de Geologia da Ufopa, complementa explicando que o uso de isótopos estáveis permite rastrear os movimentos da água no ciclo hidrológico. “As abundâncias isotópicas relativas variam basicamente por mudanças de fase, ou seja, dos estados físicos da matéria, o que torna os isótopos traçadores naturais desse ciclo”, acrescenta.


A primeira coleta de chuva será realizada em janeiro de 2022. As amostras coletadas pelo equipamento serão enviadas para Viena, na Áustria, para serem analisadas pela IAEA, que cedeu o equipamento, gerando dados com relação à assinatura isotópica da chuva da região de Santarém. “Com esse aparelho instalado aqui, esperamos conseguir entender melhor quais são os processos de formação das chuvas da região. Isso é muito importante para diversas atividades ambientais e econômicas”, explica o geólogo do CPRM, Guilherme Nogueira, que participou da instalação do pluviômetro.

 

Projeto irá entender melhor as chuvas de Santarém
 

É a primeira vez que a região recebe um equipamento dessa natureza para coletar a água da chuva para medidas isotópicas, seguindo todo o protocolo específico internacional, o qual inclui também um pré-tratamento que será realizado por docentes da instituição. O estudo, além de incluir a região oeste do Pará em uma rede de coleta de dados pluviométricos globais, possibilitará entender melhor o regime de chuvas da região.

A iniciativa envolve professores e alunos dos cursos de Ciências Atmosféricas, Geologia e Geofísica da Ufopa e as coletas de chuvas serão mensais. “O nosso pessoal está engajado para que a gente consiga fazer melhores análises e monitoramento dessa questão da precipitação através dos isótopos, das informações isotópicas da água”, afirma o coordenador do curso de Ciências Atmosféricas, Theomar Neves. “Com essa iniciativa pretendemos entrar em um âmbito internacional, já que esses dados irão compor medidas globais que são feitas em Viena”, pontua.

O projeto também pretende coletar a água do poço de monitoramento que a CPRM opera no Aquífero Alter do Chão e fazer a mesma análise do hidrogênio e do oxigênio. "Se a água do poço der o mesmo resultado das amostras coletadas pela Ufopa nas análises em Viena, poderemos afirmar que essa água de Alter do Chão é da mesma composição isotópica da água da chuva, ou seja, possui a mesma origem”, explica Manoel Imbiriba Júnior. “O interesse é fazer trabalho em conjunto de análise dessa região, incluindo o comportamento da água da chuva, do rio e do poço, visando entender o ciclo hidrológico da região”, finaliza.

(Karoline Caldeira, estagiária sob a supervisão de Jorge Ferreira, coordenador do Núcleo de Atualidades)

 

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