Criado em 13 de Abril de 2021 às 13:07
08/03/2021 - G1 Santarém — PA - Positiva
13 de Abril de 2021 às 13:07
Práticas das casas de saúde alternativas do Baixo Amazonas são apresentadas em estudo da Ufopa
As casas oferecem tratamentos de baixo custo, fundamentados em conhecimentos tradicionais locais associados a plantas e diversos recursos naturais.
Artigo publicado recentemente no Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, destaca o perfil híbrido, mescla de tradição e inovação, da Casa Chico Mendes, em Santarém, e da Casa Verde, em Monte Alegre, no oeste do Pará. Ambas são casas de saúde alternativa pesquisadas entre os anos de 2013 e 2016, pela então graduanda em Antropologia pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) Juliana Fidelis.
Formadas em 1990, e compostas majoritariamente por mulheres desde sua criação, as casas oferecem tratamentos de baixo custo, fundamentados em conhecimentos tradicionais locais associados a plantas e diversos recursos naturais, aliados a outras técnicas terapêuticas como massagem "reichiana", terapia floral, acupuntura, homeopatia e radiestesia.
Localizada no bairro Conquista, periferia de Santarém, a Casa Chico Mendes é a maior e mais antiga das casas de saúde da região, sendo tratada pelas demais como um polo difusor de conhecimentos e práticas de saúde para outros grupos. A interação entre esses grupos deu origem a uma rede de saúde que, atualmente, se estende a outros municípios, como Alenquer, Almeirim e Faro, por exemplo.
De acordo com o estudo, a origem da Casa Chico Mendes remonta ao projeto “Pela Evangelização”, desenvolvido pela Igreja Católica em Santarém, na década de 1990. Naquela época, o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda estava em fase inicial, e não havia unidades nem profissionais de saúde suficientes para assistir a toda a população.
Foi a partir daí que a Diocese de Santarém implantou o projeto, com o objetivo de valorizar conhecimentos e práticas tradicionais de cura e prevenção de doenças, além de ofertar tratamentos gratuitos ou de baixo custo à população menos assistida pelo sistema oficial. Dessa forma, em 1992, nasceu a Casa Chico Mendes, onde hoje atua o Grupo Conquista de Ervas Medicinais (GCEM).
Já em 1995, a Casa Verde foi fundada no centro da cidade de Monte Alegre, abrigando o Grupo Itauajuri Ervas, que absorveu o nome da área pastoral onde foi criado por influência de dois frades franciscanos. Bastante articulada, a casa assume funções de apoio junto a outras casas nos municípios vizinhos.
Casa-mãe
Embora cada casa de saúde tenha gestão própria, a Casa Chico Mendes tende a orientar a ação das demais, acompanhando-as de modo constante. Por ser a mais antiga, ter a melhor infraestrutura e ficar na cidade-polo da região, ela é considerada a "casa-mãe". As demais, por sua vez, são as "casas-irmãs" e colaboram umas com as outras, de acordo com a proximidade geográfica e as relações de afinidade entre seus membros.
“A Casa Chico Mendes ajudou na formação e consolidação das outras casas. Elas mantêm essa conexão até hoje, compondo uma rede de casas de saúde ditas alternativas. A rede faz alusão à forma de organização dessas casas de saúde comandadas pelos grupos GCEM e Itauajuri Ervas. Essas casas se conectam, realizam atividades em conjunto, encontros de repasse de saberes, de troca de experiências, trabalham muito na base de compartilhamento de informações”, explicou a orientadora da pesquisa, professora Luciana Carvalho.
A primeira iniciativa dos grupos à frente das casas foi elaborar uma espécie de inventário de conhecimentos tradicionais aplicados à produção de "remédios caseiros". Eles realizaram levantamentos das plantas e, eventualmente, partes de animais usadas em chás, unguentos, xaropes, garrafadas, pomadas, óleos, banhos e outros remédios caseiros. Pesquisaram e registraram também as respectivas formas de preparo, as receitas dos medicamentos.
Link: https://g1.globo.com/pa/santarem-regiao/noticia/2021/03/08/praticas-das-casas-de-saude-alternativas-do-baixo-amazonas-sao-apresentadas-em-estudo-da-ufopa.ghtml