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Criado em 10 de Setembro de 2021 às 12:40

Ausência de dados e pluralidade amazônica dificultam pesquisas sobre mudanças climáticas na região oeste do Pará

05/09/2021 - G1 Santarém - Ufopa citada

10 de Setembro de 2021 às 12:40

Ausência de dados e pluralidade amazônica dificultam pesquisas sobre mudanças climáticas na região oeste do Pará


Pesquisadores analisam dados de estações meteorológicas de quatro municípios para projetar cenários climáticos na região.
Por Geovane Brito,

Ausência de dados e pluralidade amazônica dificultam pesquisas sobre mudanças climáticas na região oeste do Pará 
Lucas Clemente

“Será que hoje vai fazer sol ou vai chover?”. Parece ser uma simples pergunta para boa parte da população, mas por trás dela há estudos e pesquisadores que "correm contra o tempo" para analisar o clima, impactos e mudanças na vida das pessoas. Embora a resposta à pergunta possa se resumir a uma pequena frase, quanto mais amplas as pesquisas sobre climatologia na região, mais complexo é o trabalho para realizar projeções futuras.

Conhecida como o “coração do mundo”, a floresta Amazônica, que tem dia dedicado à conscientização sobre a sua importância celebrado neste domingo (5), é cheia de pluralidade, tornando-a cheia de florestas dentro da imensidão verde que abrange mais de 40% do território brasileiro.

 Encabeçadas por professores e alunos da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), pesquisas são desenvolvidas a fim de explicar mudanças climáticas na região. No entanto, devido às características encontradas em campo e ausência de dados de décadas passadas, os estudos esbarram em muitas dificuldades.

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A professora do curso de Ciências Atmosféricas Dra. Ana Carla Gomes coordena um grupo de pesquisa com mais de 20 alunos e 14 professores, e um dos projetos é sobre variabilidade das condições atmosféricas na região.

 

Os estudos são pioneiros na análise de dados armazenados em quatro estações meteorológicas em Óbidos, Belterra, Porto de Moz e Monte Alegre, que juntas apresentam informações distintas umas das outras. O banco de dados é enorme.

Por necessitar de informações coletadas por, no mínimo, 30 anos para compreensão do padrão climatológico.

As pesquisas foram diretamente impactadas pela pandemia, uma vez que impossibilitou a ida dos alunos a campo e aos laboratórios na Ufopa.

“Ausência de dados é a principal dificuldade. Quando se fala de mudanças climáticas, precisa-se, obrigatoriamente, ter uma série temporal longa."

"Se agora temos mais confiabilidade para afirmar que as mudanças climáticas regem as nossas ações, temos que refletir que não é só saber se vamos ter que usar o guarda-chuva em determinado dia, precisamos efetivamente cada vez mais de pesquisa”, explicou Ana Gomes.
A iniciativa para as pesquisas sobre o tema surgiu a partir da observação dos últimos relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que ressaltam que as intervenções humanas têm grande influência nas emissões dos gases de efeito estufa e no aquecimento global.

 

“O último [relatório] vem com uma maior confiabilidade e uma afirmação muito importante: as mudanças climáticas são influenciadas pelas ações humanas. Então se pesquisadores do mundo começam afirmar isso, a relevância desse tipo de projeto se torna enorme”, disse Ana Gomes.

O que são mudanças climáticas?
Por analisar dados temporais de várias décadas, as mudanças climáticas são encontradas quando o padrão climatológico sofre alterações, ou seja, se na região houve mais ou menos incidência das chuvas, por exemplo. Essas constatações são baseadas em cálculos (modelos) das variáveis.

Das coletas às projeções
A estrutura do projeto foi pensada em etapas. A primeira parte foi o mapeamento e coleta de dados das estações, realizada por alunos orientandos de Ana Gomes.

A segunda parte era a construção dos cenários. “Para a construção dos cenários era preciso ir para sala de aula analisar os dados, preencher falhas, tratar e validá-los para começar a trabalhar a criação dos cenários. Até então a pandemia nos impossibilitou”, disse a pesquisadora.

 

As estimativas são de que até o final de 2021 a metodologia da análise de dados esteja ajustada e que em meados de 2022 os primeiros resultados sejam publicados.

Com o relatório do IPCC, segundo a professora Ana Gomes, muitos questionamentos deixaram de ser hipóteses e passaram a ser constatações.

Santarém, um caso isolado
Enquanto as informações são coletadas de maneira mais regional, uma das três maiores cidades do Pará tem ficado para trás em relação à captação de dados climáticos de órgãos como o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Uma das estações mais próximas ao centro de Santarém, por ter entrado em funcionamento há menos de sete anos, não tem ainda série temporal necessária para traçar cenários de mudanças climáticas.

 

Há estações ao redor da cidade, como a Fazenda Taperinha, na região da rodovia PA-370, e em municípios da região metropolitana. “Ainda assim nós sabemos que as condições atmosféricas lá não são as mesmas que em Santarém. Quando você quer trabalhar algo local isso é uma dificuldade”, ressalta a pesquisadora.

Diferentemente de Santarém, a estação na Floresta Nacional do Tapajós (Flona) tem mais de 70 anos de dados. Desta forma, analisando essas informações é possível verificar projeções 7 décadas a frente para o município.

 
Perceptíveis aos olhos, as mudanças climáticas têm impacto direto na qualidade de vida, no ar, água, solo, entre outros. Apesar de ocorrer de forma natural, o homem tem acelerado esse processo e a ciência tem acompanhado as mudanças.

“Cada vez mais vai se perceber, cada vez mais as pessoas estão sentindo essa mudança e buscando mais informação. A variabilidade climática está começando a mudar de uma forma que é impossível a pessoa não querer saber do clima”, finalizou Ana Gomes.

Link: https://g1.globo.com/pa/santarem-regiao/noticia/2021/09/05/ausencia-de-dados-e-pluralidade-amazonica-dificultam-pesquisas-sobre-mudancas-climaticas-na-regiao-oeste-do-para.ghtml