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Criado em 6 de Abril de 2022 às 17:30

Arqueologia pode ser uma ferramenta para a formação acadêmica sobre a diáspora africana

04/02/2022 - Jornal da USP - Ufopa citada

6 de Abril de 2022 às 17:30

Arqueologia pode ser uma ferramenta para a formação acadêmica sobre a diáspora africana
Artigo propõe reflexões sobre os estudos da diáspora africana a partir das vivências de duas pesquisadoras que participaram de um evento no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP

Post category:Ciências / Ciências Humanas
https://jornal.usp.br/?p=486833
 

O artigo Todo poder ao povo preto: diálogos sobre práticas colaborativas entre seres em lugares e tempos afrodiaspóricos foi publicado na Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia – Montagem feita por Guilherme Castro/Jornal da USP com imagens de Freepik e Pixabay

Margareth Artur/ Revistas da USP

O artigo Todo poder ao povo preto: diálogos sobre práticas colaborativas entre seres em lugares e tempos afrodiaspóricos, publicado na Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, traz um relato das vivências das pesquisadoras Patricia Marinho de Carvalho e Alice de Matos Soares a partir da participação na VI Semana Internacional de Arqueologia dos Discentes do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP.

Disponibilizar essas vivências, chamadas “experiências da mobilidade”, é a proposta de tornar público o trabalho das atividades realizadas e as reflexões teóricas e metodológicas no “âmbito de um projeto de mobilidade acadêmica direcionado aos estudos da diáspora africana”, tema estudado e praticado por sua emergência, complexidade e repercussão da questão no passado e nos dias de hoje.

E qual a diferença entre diáspora e diáspora africana? “O termo diáspora tem a ver com dispersão e refere-se ao deslocamento, forçado ou não, de um povo pelo mundo […]. Já a diáspora africana é o nome dado a um fenômeno caracterizado pela imigração forçada de africanos, durante o tráfico transatlântico de escravizados.” (https://www.palmares.com.br).

O artigo foi escrito em duas partes: a primeira por Patricia Marinho de Carvalho, criadora da proposta alternativa, participativa e “afrocentrada”, e a segunda parte, por Alice de Matos Soares, relatando suas práticas e consequentes reflexões sobre as atividades afrodiaspóricas com alunos. A ideia da pesquisa, do estudo e do artigo foi estimulada também pela escassez dos cursos de graduação e pós em arqueologia, em abordar assuntos contemporâneos como “raça, racismo e antirracismo, essenciais para a formação de estudantes afrodescendentes ou não”.

Patrícia, ligada às comunidades quilombolas, e Alice, na qualidade de participante colaborativa, além das atividades atreladas ao MAE, organizaram muitas ações multiplicativas afrodiaspóricas e afrocentradas, tais como debates, rodas de samba, capoeira, saraus, teatro, desfiles, e visitas a terreiros – uma experiência, segundo as autoras, “que não se restringiu ao entrelaçamento de nossas trajetórias acadêmicas, mas também alcançou nossa experiência afrodiaspórica de vida.”

Lançamento do livro de Adilson Moreira - Foto: Arquivo pessoalJéssica, Hadily, Yasmin, Kika e Alice - Foto: Arquivo pessoalAcervo África de Patrícia Marinho de Carvalho “Paty” - Foto: Arquivo pessoalSarau do Grupo Cativeiro Capoeira - Foto: Arquivo pessoal
Elas contam que, juntas, descobriram, sem contar a própria ancestralidade, o conhecimento sobre diáspora sendo alicerçado e construído além da sala de aula, no envolvimento com movimentos negros que imprimem a identidade diaspórica. O relato das autoras tem como intuito refletir e debater “saberes, vivências e experiências” relativas à diáspora africana, tendo como princípio olhares diferentes, mas não excludentes, da ciência da Arqueologia. Ressalta-se o crescimento pessoal estimulado pela experiência identitária de ser mulher preta diaspórica, a compreensão da visibilidade, da resistência, da atuação do movimento negro, com a divulgação da cultura africana e afro-brasileira.

Finalizando, o artigo destaca a importância desses movimentos nos quais participam docentes, professores e militantes na disseminação da cultura afro-brasileira e o culto aos ancestrais, no sentido mesmo de infundir uma cultura e todos os seus aspectos, como outra qualquer, garantidas a igualdade, a oportunidade e a ausência de preconceitos. E destaca ainda a troca de experiências com docentes, pesquisadores e militantes negros, divulgadores do conhecimento e culto aos ancestrais e criadores de arte, compondo a rede da diáspora africana.

 

Link: https://jornal.usp.br/ciencias/arqueologia-pode-ser-uma