Criado em 25 de Janeiro de 2022 às 17:23
20/01/2022 - G1 - Globo - Jornal Nacional - Ufopa citada
25 de Janeiro de 2022 às 17:23
Cientistas e moradores suspeitam de contaminação no rio de uma área conhecida como o ‘Caribe Amazônico’, em Alter do Chão (PA)
Universidade Federal do Oeste do Pará monitora a área desde 2014 e identificou aumento nos níveis de mercúrio no sangue dos moradores de Santarém. De acordo com a PF, garimpeiros despejam 7 milhões de toneladas de rejeitos no Rio Tapajós.
Por Jornal Nacional
19/01/2022 22h31 Atualizado há 5 dias
Alter do Chão, paraíso natural no PA, agora é ameaçado pelos rejeitos do garimpo
Alter do Chão, paraíso natural no PA, agora é ameaçado pelos rejeitos do garimpo
Uma região do Pará conhecida como “Caribe Amazônico” está diferente. E isso não é bom.
A região de águas esverdeadas e praias de areia branquinha à beira do Rio Tapajós se chama Alter do Chão. Está localizada em Santarém, no Pará. Nos últimos meses, as águas cristalinas começaram a apresentar uma coloração barrenta. Cientistas e moradores suspeitam da atividade de garimpo ilegal na parte alta do Tapajós.
“Não é só pela cor da água, mas também pela contaminação que vem junto com essa cor, que é o mercúrio que vem da exploração da atividade garimpeira no alto Tapajós”, diz o artesão Laudelino Sardinha.
Os garimpos ilegais ficam a cerca de 300 quilômetros de Santarém. Antes, por causa da distância, a maior parte dos resíduos acabava armazenada no caminho. Mas com o aumento de áreas degradadas, a poluição chegou a Alter do Chão.
Segundo o Instituto Socioambiental, em apenas um ano, a área devastada pelo garimpo ilegal na terra indígena Munduruku cresceu mais de 300%.
Os garimpeiros despejam 7 milhões de toneladas de rejeitos no Tapajós, de acordo com a Polícia Federal.
“Esse problema da contaminação está atingindo praticamente toda a bacia do Tapajós e colocando em risco não só as populações tradicionais, mas todo o cidadão amazônida”, afirma Paulo Basta, pesquisador da Fiocruz.
A Universidade Federal do Oeste do Pará monitora a área desde 2014 e identificou aumento nos níveis de mercúrio no sangue dos moradores de Santarém.
“Esses níveis de exposição, a gente considera elevados, considerando o limite que é estipulado pela Organização Mundial da Saúde, que é de até 10 microgramas por litros, e nós temos voluntários que apresentam até 10 vezes mais”, conta a pesquisadora Suelen Souza, da Ufopa.
Outro reflexo do desmatamento é a maior presença de algas e bactérias, que liberam substâncias tóxicas.
“Pode ser algo que está influenciando o aumento dessas bactérias, na coloração, assim como outros usos de solo que não são sustentáveis”, diz a pesquisadora Dávia Talgatti, da Ufopa.
Nesta quarta-feira (19), o governo do Pará mandou uma equipe para sobrevoar Alter do Chão e diz que vai analisar a situação na área, que é de preservação ambiental.
“Começar a montar uma fiscalização específica para a área do Rio Tapajós, bem como fazer uma análise dos reais motivos dessa turbidez”, disse o secretário de Meio Ambiente do Pará, Mauro de Almeida.
“São centenas de quilômetros de praia no Rio Tapajós que agora estão sendo banhadas por águas barrentas. O transparente da água, que é um atrativo a mais, está comprometido”, afirma o morador Dórisson Lobato.
link: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2022/01/19/cientistas-e-moradores-suspeitam-de-contaminacao-no-rio-de-uma-area-conhecida-como-o-caribe-amazonico-em-alter-do-chao-pa.ghtml