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Criado em 28 de Julho de 2022 às 12:43

GRUTA ONDE FOI ENCONTRADA ÚNICA MÚMIA BRASILEIRA REVELA DEZENAS DE OSSADAS

19/07/2022 - Aventuras na História - UOL - Ufopa citada

28 de Julho de 2022 às 12:43

GRUTA ONDE FOI ENCONTRADA ÚNICA MÚMIA BRASILEIRA REVELA DEZENAS DE OSSADAS
Sítio arqueológico em Minas Gerais escondia restos mortais com mais de quatro mil anos

ISABELA BARREIROS PUBLICADO EM 19/07/2022, ÀS 08H11 - ATUALIZADO ÀS 08H25

Artefatos e restos mortais encontrados na Gruta do Gentio em Unaí (MG) - Divulgação/Arquivo Pessoal
Artefatos e restos mortais encontrados na Gruta do Gentio em Unaí (MG) - Divulgação/Arquivo Pessoal
Dezenas de ossadas humanas foram descobertas por arqueólogos que investigavam — pela primeira vez desde 1986 — uma gruta em Unaí, situada em Minas Gerais, que, na década de 1970, havia revelado a única múmia encontrada até hoje no Brasil.

Os restos mortais de mais de quatro mil anos foram encontrados em posições anatômicas, mas também com membros espalhados pelo sítio arqueológico, que mostrou como existiu ali um sistema ritualístico funerário bastante complexo para o período holoceno médio.


Ao UOL, o professor Francisco Pugliesi, pesquisador do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP e da Universidade da Flórida, explicou que o achado ajuda a entender os ritos funerários dos indígenas durante a pré-colonização.

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"Eles praticavam o que chamamos de secundarização dos mortos. Em uma primeira etapa, os mortos eram sepultados inteiros, ainda com os órgãos internos", detalhou.
Na segunda etapa, os ossos poderiam ser usados em outras cerimônias ritualísticas após entrarem em decomposição, com o objetivo de homenagear os ancestrais dos indígenas responsáveis pelo procedimento.


A Gruta do Gentio em Unaí (MG), onde foram realizadas as escavações / Crédito: Divulgação/Arquivo Pessoal
“Nosso objetivo é resgatar a história indígena profunda do Brasil central, que foi apagada com o genocídio dos povos que aqui viviam”, ressaltou Pugliesi. “Buscamos encontrar pistas que facilitem a identificação com esse passado, com os nossos antepassados esquecidos. Através do trabalho de pesquisa, podemos aprender sobre o modo de vida, dieta e rituais funerários desses povos”.
Além dos vestígios humanos, as escavações feitas na Gruta do Gentio também depois de 35 anos sem trabalhos arqueológicos no local revelaram ossadas de animais, artefatos que incluíam urnas mortuárias, agulhas de ossos, brincos, cerâmicas, tecidos e penas, além de alimentos como espigas de milho e sementes.


Todo material descoberto no sítio arqueológico estava em ótimo estado de preservação, o que provavelmente aconteceu devido à umidade e ação climática que atuam na gruta, situada em uma elevação rochosa cercada por um paredão de calcário.

A expectativa é que o material identificado e coletado — como parte do projeto Sítio-Escola, que contou com atuação de pesquisadores, professores e alunos da UNB (Universidade de Brasília), do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (MAE) e da Ufopa (Universidade Federal do Oeste do Pará) — seja encaminhado ao MAE, em na capital paulista.

Única múmia do Brasil

A única múmia encontrada no Brasil, revelada na gruta mineira / Crédito: Divulgação/IAB

A gruta que revelou as ossadas desde que teve suas investigações retomadas no ano passado é mais conhecida por ter escondido ao longo de anos a única múmia já encontrada em território brasileiro, batizada de Acauã, em homenagem a um pássaro comum na região.

Ainda segundo o UOL, trata-se da ossada mumificada de uma menina de 12 anos que morreu há cerca de 3,5 mil anos, cujos restos mortais — envolvidos em uma rede de algodão — acabaram sendo mumificados naturalmente em decorrência do ambiente seco da gruta.

O tesouro arqueológico foi descoberto por pesquisadores do Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB) em 1970, que informou na época como a menina tinha seus braços e pernas envoltos em colares de semente de capim navalha, o que a dava o status de criança “especial”.


Uma raiz de mandioca também havia sido identificada sobre o lado direito do peito da múmia, o que simbolizava o sagrado feminino nessa tradição, e um “arco de fazer fogo” estava atravessado no seu ombro esquerdo.

 

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