Criado em 20 de Junho de 2022 às 13:18
16/06/2022 -TAPAJÓS DE FATO - Ufopa citada
20 de Junho de 2022 às 13:18
A importância do debate climático nas escolas Amazônidas
Temperatura aumentado, planeta em alerta, e o tema ainda em invisibilidade nas escolas amazônicas.
Por: Tapajós de FatoFonte: Tapajós de Fato
Foto reprodução Foto reprodução
As mudanças climáticas são as transformações que vêm acontecendo no clima de todo o planeta nos últimos anos. Algumas de suas consequências são o aumento da temperatura, que causa o derretimento de geleiras, aumento do nível do mar e extinção de espécies de seres vivos.
É quase um consenso na comunidade científica que o aquecimento global é consequência, em grande medida, das atividades do homem no planeta, tais como a queima de combustíveis fósseis para atividades industriais e geração de energia, alteração do uso do solo na agropecuária, desmatamento e descarte incorreto de lixo, hidrelétricas, dentre outras ações que emitem grande quantidade de CO2 e outros gases que provocam o efeito estufa.
O último documento do IPCC mostrou, em agosto de 2021, que a Terra está esquentando mais rápido do que era previsto e se prepara para atingir 1,5ºC acima do nível pré-industrial já na década de 2030, dez anos antes do que era esperado. Com isso, haverá eventos climáticos extremos com maior frequência, como enchentes e ondas de calor.
A estimativa da população, hoje, exposta aos efeitos das mudanças climáticas representa até mais do que 50% da população mundial, de 7,8 bilhões de pessoas. Mesmo que a temperatura exceda temporariamente 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, os impactos esperados são severos e alguns até irreversíveis.
Realizar atividades de sensibilização quanto a esse tema nas escolas, é importante para que os jovens e adolescentes sejam formados com pensamentos críticos e conscientes das ações humanas, e possam contribuir para mudar a forma de produção e da vivência em sociedade.
O Tapajós de Fato conversou Dariélen Souza, estudante do 1º ano do ensino médio, na escola Pedro Álvares Cabral, em Santarém. Dariélen de 15 anos, ativista ambiental e do povo Tupinambá, foi uma das 6 jovens que escreveram uma carta para a COP 26 sobre a mudança do clima.
Dariélen Souza relatou o que são as mudanças climáticas. “As mudanças climáticas são descuidos de nós, seres humanos, querendo ou não a poluição no meio ambiente hoje em dia é muito grande, por conta de plásticos, fumaça de automóveis e outros poluentes”.
Sobre os debates da crise climática, isso ainda é preocupante, pois no campo escolar esse assunto ainda é muito ausente e até mesmo nas pautas governamentais dos municípios e do país.
“Dentro da escola é um assunto que não estou vendo, os professores não estão ligados em relação a mudanças climáticas. Na minha opinião, esse deveria ser o assunto mais tratado, devemos ajudar nossa floresta, e aprender a reciclar, o que pode servir para frear a crise climática”, disse a estudante.
O debate climático nas escolas amazônidas precisa ser até mesmo colocado no conteúdo curricular, para que o tema alcance jovens e adolescentes na proteção do planeta. Sobre isso Dariélen diz que.
“É muito importante a gente saber sobre o que está acontecendo na floresta Amazônica, muitos animais morrem por conta de lixos que são jogados nos rios ou na mata . Esse assunto deve ir o mais rápido possível para dentro das escolas e principalmente aqui na amazônia”.
A estudante comenta ainda como esse tema pode chegar nas escolas, quais os caminhos e como o governo pode contribuir com essa pauta.
“Eu como estudante, sou a favor do tema na escola, como estou na luta para que nossas escolas da rede pública ou privada tenham temas como esse, discutidos dentro de nossas escolas, independentemente dos representantes governamentais que estiverem ocupando espaços de tomada de decisão”. A Crise climática não é o amanhã, é o agora. Sentimos diariamente que nosso planeta está se afundando por conta das ações dos homens, e nada mais justo que esse tema seja discutido nas escolas para que possamos frear ou adiar o fim do mundo. Para que nossas futuras gerações possam existir”, finalizou a estudante, Dariélen Souza.
Na lei orgânica do município de Santarém no seu art. 151, diz que a educação ambiental tem que ser obrigatória nas escolas de ensino fundamental e médio, mas na maioria das vezes isto não é cumprido, na lei diz que o poder público.
“I- providenciará subsídios para permitir que, nas escolas municipais, se ministre um curso básico de Ecologia, além de buscar os meios adequados para promover a educação ambiental em todos os níveis”.
O Tapajós de Fato conversou também com Wandicleia Lopes, da organização Sapopema, mestre em Sociedade, Ambiente e Qualidade da vida pela Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).
Wandicleia relatou que, “o debate das questões climáticas nas escolas da amazônia, está muito pouco, assim também como o debate da educação ambiental, é necessária que haja uma articulação coletiva, nos âmbitos do governo municipal, estadual e federal, e das organizações comunitárias para que essa discussão seja mais presente, faça parte do cotidiano dos alunos das escolas que estão dentro do coração da amazônia".
Existem também formas que os governos usam para que esses temas não cheguem nestes espaços e contribuem com as mudanças climáticas. “Uma das questões que podem estar contribuindo, e que nós termos um governo federal, que tem motivado o aumento do desmatamento, tem fragilizado as regras ambientais dos povos indígenas, quilombolas e quem vive dentro das reservas extrativistas da Amazônia, aumentando assim os efeitos que as mudanças climáticas têm causado na vida desses povos”.
Wandicleia finaliza dizendo que “temos visto o aumento do desmatamento, vivenciamos uma mudança sazonal do clima e isso afeta o ecossistema, dessa forma abre-se uma preocupação, de como as comunidades da Amazônia vão conseguir construir estratégias, e compreender a importância desse debate para a sobrevivência em suas comunidades”.
Link: https://www.tapajosdefato.com.br/noticia/847/a-importancia-do-debate-climatico-nas-escolas-amazonidas