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09/05/2022 - OEstadonet - Positiva

24 de Maio de 2022 às 11:47

Nova reitoria aposta em excelência dos cursos da UFOPA, expansão de campus e cobra mais verbas; leia e ouça entrevista com professoras Aldenize e Solange
Portal OESTADONET

As professoras Solange Ximenes e Aldenize Xavier entrevistadas pelo editor do portal, jornalista Miguel Oliveira, através de vídeo-chamada - Créditos: Reprodução
A reitora da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Aldenize Ruela Xavier, e a vice-reitora, professora Solange Helena Ximenes Rocha, falaram ao Portal OESTADONET, por videochamada,  nesta segunda-feira (9), e destacaram alguns pontos prioritários da sua gestão para os próximos quatro anos.

 

A reitora Aldenize Xavier, empossada pelo ministro da Educação Victor Godoy Veiga, em Brasília, no último dia 4, destacou como principal desafio da instituição a ampliação do número de vagas para a região, além da expansão da universidade por meio de cursos itinerantes.

 

Nesta entrevista, ela falou também do maior gargalo da atual gestão que será a conclusão do Núcleo Tecnológico de Laboratórios. A UFOPA já está com 12 unidades prontas para entrarem em funcionamento, mas ainda restam 18, dos 30 previstos.

 

Professora Aldenize Xavier destacou ainda que um dos objetivos é ampliar a presença da universidade na sociedade, e a busca por recursos para investir em pesquisas e expansão.

 

A professora Solange Ximenes, por sua vez, destacou a importância da UFOPA na promoção social e nos futuros programas para o acesso dos estudantes às vagas ofertadas.

 

Na entrevista, que o leitor poderá ouvir na íntegram, abaixo, também foi citado pela reitora o curto orçamento disponível. Mas, segundo Aldenize. não haverá cortes e o atual orçamento dá para pagar as contas até o fim deste ano.

 

 

Portal OESTADONET · Entrevista com a reitora da UFOPA, Aldenize Xavier, e vice-reitora Solange Ximenes. 09.05.2022
 

 

 

Leia os principais trechos da entrevista:

 

OESTADONET - A UFOPA traz no nome Oeste do Pará, temos campi em cinco municípios, mas quando a gente percebe que cursos são ofertados nesses campi, é um ou outro. A Ufopa vai ter essa amplitude regional com a oferta de mais cursos nos municípios da Calha Norte, por exemplo?

 

ALDENIZE - A UFOPA nunca esteve tão pronta para que essa expansão possa acontecer. Nós precisamos das parcerias externas que fomentem o número de professor, a infraestrutura. Para essa expansão, nós temos implantadas, duas estratégias: que é a parceria com o governo do estado, por meio do Forma Pará, hoje nós estamos em nove municípios, sete campi e mais dois do Forma Pará. E nós vamos agora para mais três municípios diferentes. E a outra parceria que está nos permitindo abrir novos cursos é através do Pronera, com o INCRA, que vai financiar duas turmas de graduação e a UFOPA vai expandir com mais dois cursos para atender aos beneficiados pelo programa de Reforma Agrária. Mas a parceria principal da UFOPA é via os nossos parlamentares para que possamos mudar nosso projeto de lei e assim trazer a definição de quais os outros municípios que a universidade vai ter campus. Para irmos para outros municípios precisamos de uma revisão na nossa lei de criação. Estamos prontos para novos desafios.

 

OESTADONET - Quais seriam as prioridades que ainda não foram alcançadas pela Ufopa?

 

ALDENIZE - Nós temos a ampliação do número de vagas. A UFOPA consegue ampliar o número de vagas com a estrutura que tem através de educação à distância, sem que nós tenhamos novo orçamento, novo concurso. São ações que já estavam previstas lá na nossa origem, mas que de fato ainda não foi implementado. Esse o nosso desafio: ampliar o número de vagas na nossa região através da educação à distância. Mas não deve ser o caminho prioritário de expansão. A expansão deve ocorrer através da presença da UFOPA nos campis levando cursos de maneira itinerante. Essa metodologia tem sido utilizada em outras regiões do país, então, os cursos itinerantes eles trazem a possibilidade de oferta de vários cursos diferentes em anos diferentes e atender a demanda da região. Claro, que alguns cursos e alguns municípios vão exigir mais anos de oferta. Mas aí, a ideia não é fixar totalmente o curso, mas que a gente consiga rodar pela nossa região.

 

OESTADONET - E aqueles cursos de curta duração foram deixados de lado?

 

ALDENIZE - Não. A universidade ainda tem os cursos interdisciplinares. O que foi mudado foi o percurso acadêmico. Agora, os acadêmicos não entram no interdisciplinar. Em 2010, 2011, todos os alunos entravam numa formação interdisciplinar, passavam um ano, até ir para o curso. Em 2014, houve uma mudança nesse ingresso. O aluno entra direto para o curso. Mas esta característica de formação interdisciplinar ainda continua muito forte na nossa formação. O nosso aluno precisa criar soluções e que ele possa inovar, no desenvolvimento que a nossa região merece. 

 

OESTADONET - Quais os gargalos da infraestrutura da Ufopa?

 

ALDENIZE - Hoje nosso maior gargalo é com laboratórios. Nós já estamos bem alojados. Temos que caminhar bastante na implantação desses laboratórios. O grande salto é no novo prédio que iremos inaugurar. O Núcleo Tecnológico de Laboratórios. São 30 laboratórios. São quase R$ 20 milhões de investimentos nessa infraestrutura. Não é só um prédio. É igual um hospital. A infraestrutura do hospital talvez seja menor neste caso. Estamos com a infraestrutura já pronta e já estamos com 12 laboratórios com equipamentos comprados em fase de instalação. Ainda nos faltam 18. Quando estive no MEC agora, visitamos parlamentares levamos 18 projetos para captar recursos. Então, é nosso maior gargalo. Com esses laboratórios vamos prestar um grande serviço à comunidade também.

 

OESTADONET - Qual o perfil hoje do aluno da Ufopa tendo como base o sistema de ingresso?

 

SOLANGE - A UFOPA possui hoje mais de seis mil estudantes nos nossos cursos de graduação. Mais de 80% deles são egressos de escolas públicas, que beneficiário dos nossos programas de ações afirmativas e assistência estudantil. A Ufopa é essa universidade que tem o aluno com o perfil das camadas populares. As políticas de cotas são importantes nesse cenário porque elas permitem que as vagas nas universidades sejam direcionadas para estudantes que não têm condições de acessar outras instituições ou pagar mensalidade. O nosso processo seletivo é por meio do Enem. Ele faz uma chamada por nota para os estudantes e classifica nas vagas de ampla concorrência, os estudantes com as maiores notas. E o estudante que não se identificado como usuário da cota, ele vai ser chamado nessa linha de ação da ampla concorrência pela classificação por nota. E nas vagas de cotas, nós classificamos os estudantes que se identificaram como cotista também por esse quadro de classificação. Temos também dois programas especiais de acesso: quilombola e indígena, que reservam todo ano quase 200 vagas para esse público específico. E com essa parceria com o Pronera/INcra vai atingir um público específico da reforma agrária, que entram pelo Pronera. Então, vamos ampliar o atendimento da universidade para essas camadas mais vulneráveis da nossa população.

 

OESTADONET - O que vai mudar da gestão do professor Hugo para a sua gestão?

 

ALDENIZE - Nós temos uma frente de trabalho diferente agora nesse novo projeto. É importante dizer que nós avaliamos o projeto 'Novos Rumos', ano passado. Nós finalizamos e concluímos o que planejamos quatro anos atrás. Sabendo que tínhamos conseguido fazer e o que não conseguimos fazer. Esse novo projeto dá um foco em outra direção, que chamamos de excelência acadêmica, que não é mais infraestrutura, fluxo administrativo, processo digital. Agora precisamos captar recursos pra investir em projeto de pesquisa, pra investir em extensão, reorganizar internamente esse trabalho, de potencializar o quadro de servidores, que nós temos atualmente para ampliar a nossa oferta em pós-graduação. Nós temos duas propostas de mestrado. Eu vejo que nós temos potencial para submeter novas propostas. Então, espero nos próximos quatro anos a UFOPA esteja mais presente na sociedade com mais cursos sendo ofertados e prestando serviços à comunidade. Espero realmente tocar no coração dos nossos alunos e dos nossos servidores pra nos desafiarmos a fazermos mais.

 

OESTADONET - Como está a questão orçamentária da Ufopa?

 

ALDENIZE - Nós tivemos um corte de 20% no nosso orçamento. Este ano tivemos uma pequena recomposição. Comparado esse orçamento desse ano com o do ano passado, ele está maior. Mas quando você compara esse orçamento do que foi tirado desde 2019, ele ainda continua menor. O nosso exercício da saída do aluguel e das placas solares é o que tem dado um folego para a instituição pra continuar investindo em editais de pesquisa, editais de expansão. Inclusive na reunião do MEC, nós falamos sobre isso. Da dificuldade em administrar o nosso custeio, para pagar as nossas ações mínimas e que a universidade com essa expansão precisa ter esse aporte reforçado. Enquanto nós não tivermos uma revisão na PEC do Teto dos Gastos, é muito difícil que um governo possa dar um olhar que as universidades precisam. Minha esperança é que nós tenhamos um novo parlamento possa, no próximo ano, ter um novo olhar para que o cenário econômico do Brasil não recaía sobre a educação, através dessa PEC que limita os investimentos na educação.

 

OESTADONET - O orçamento que tem hoje dá para os gastos da Ufopa este ano?

 

ALDENIZE - Nós já fizemos as medidas de contenção de gastos em março, quando recebemos o orçamento, aprovado em dezembro. Nós tivemos cortes em ações que íamos fazer pra que consiga até o final do ano pagar as nossas contas. Esperamos que para o próximo ano tenhamos uma recomposição. Cortamos tudo o que podíamos cortar.

 

Link: https://www.oestadonet.com.br/noticia/21782/nova-reitoria-aposta-em-excelencia-dos-cursos-da-ufopa-expansao-de-campus-e-cobra-mais-verbas-leia-e-ouca-entrevista-com-professoras-aldenize-e-solange/