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Criado em 18 de Abril de 2022 às 14:50

Entenda a contribuição e a importância da Floresta Amazônica para a formação dos rios voadores

02/03/2022 - TAPAJÓS DE FATO - Ufopa citada

18 de Abril de 2022 às 14:50

 Entenda a contribuição e a importância da Floresta Amazônica para a formação dos rios voadoresA biodiversidade da Floresta é essencial para a formação dos rios voadores responsáveis por transportar chuvas da Amazônia para as regiões Sul e Sudeste do Brasil.

02/03/2022 às 17h39Atualizada em 03/03/2022 às 17h50Por: Tapajós de Fato


Fonte: Funbio    Fonte: Funbio
Muito se fala nos veículos de comunicação da importância da Floresta Amazônica para a manutenção do equilíbrio ecológico e qualidade de vida humana e animal, mas afinal qual o papel da Amazônia para as outras regiões do Brasil? A partir deste questionamento, a equipe Tapajós de Fato buscou compreender sobre a temática.

 

Para explicar sobre a importância da Floresta Amazônica para a formação dos rios Voadores, a equipe Tapajós de Fato entrevistou a pesquisadora Lucieta Guerreiro Martorano, graduada em Meteorologia (UFPA/1982) e Agronomia (UFRA-antiga FCAP/1987), mestra em Agrometeorologia (ESALQ/USP/1998) e doutora em Fitotecnia/Agrometeorologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS/2007).

 

Doutora Lucieta Guerreiro Martorano. 

Fonte: Arquivo pessoal

 

Lucieta Martorano, atua em pesquisa na área de agrometeorologia e docência em ensino de pós-graduação na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). A formação dos rios voadores acontece por meio do transporte de vasto volume de umidade atmosférica que sai da floresta e migra em direção ao centro-sul do continente sul-americano.

 

A pesquisadora explicou que “o vapor d'água em contato com a poeira em suspensão (que nós meteorologistas denominamos de núcleos de condensação) colide e pelo processo de condensação e os fluxos dinâmicos na atmosfera vão formando as nuvens, como se fossem flocos de algodão”.

 

Os rios voadores desempenham um papel específico no ecossistema, pois, esses “cursos de águas atmosféricos” se transformam em chuva, essenciais para atividade de agricultura, geração de energia e outras atividades econômicas, vale ressaltar que a floresta Amazônica atua como uma “bomba d'água", ou seja, ela puxa para dentro do continente a umidade evaporada pelo oceano Atlântico e carregada de ventos alíseos. Através do transporte das chuvas é possível que os rios voadores abasteçam os reservatórios de água das regiões Sul e Sudeste do Brasil. 

 

Caminho percorrido pelos rios voadores. 

Fonte: Projeto Rios voadores.

 

A biodiversidade da Floresta Amazônica é importante para manter o equilíbrio necessário às condições ambientais que favorecem a formação dos rios voadores “Se olharmos as copas das árvores não vamos ver só as folhas, vamos observar muitos animais que estão contribuindo em conjunto com a diversidade de particulados que sobem nas correntes atmosféricas e vão povoando com diferentes núcleos de condensação. A riqueza desses diferentes tipos de particulados (fragmentos minúsculos de pelos de animais, restos de folhas, por exemplo), além da contribuição biodiversa de compostos orgânicos voláteis (COV) liberados pela nossa Floresta para atmosfera” explica a pesquisadora.

 

Lucieta destacou que a floresta pode ser comparada com o organismo humano “é como considerar que a atmosfera está sempre com muita, mas muita sede. As plantas, para atenderem essa demanda de água da atmosfera perdem água pelo processo de evapotranspiração e como existem muitos particulados sobre a floresta, rapidamente observa-se a formação de nuvens”.

 

O processo de formação dos rios voadores pode ser observado no amanhecer do dia e no final da tarde, período em que às “nuvens fossem como  faixas de flocos de algodão sobre a floresta em formas de rios. Esse processo vai alimentando a umidade no sistema climático pelas teleconexões atmosféricas pelos chamados rios voadores. Quando essas nuvens atingem a condição de precipitar o ciclo se repete”, explica a Doutora Martorano.

 

A pesquisadora informa que além de atuar no processo dos rios voadores, a Floresta Amazônica cumpre também um papel muito importante no particionamento das chuvas “evitando a erosão dos solos pelo impacto direto da gota de água em solos sem nenhuma cobertura florística. Porém, no caso das áreas com floresta nativa, os diferentes tipos e tamanhos dos dosséis atenuam esse impacto das gotas de chuva, reduzindo a energia cinética pluvial e, consequentemente, mitigando o processo erosivo das chuvas, que na região, dominantemente são oriundas de nuvens convectivas, as torres de cumulonimbus bem características na Amazônia”.

 

A Doutora em Fitotecnia/Agrometeorologia, destaca que a conservação de áreas florestadas precisa de atenção, pois, às mudanças climáticas podem atingir a biodiversidade e consequentemente o processo de formação dos rios voadores “As mudanças comprometerão a bioeconomia, reduzindo oportunidades de aportes financeiros na região. Negar a importância da Floresta Amazônia é negligenciar não só a vida dos amazônidas, mas sobretudo a importância do efeito escala da Amazônia no sistema climático”, diz Lucieta Martorano.

 

Uma pesquisa publicada pela pesquisadora e colaboradores na Revista Brasileira de Meteorologia em 2021, denominada “Climatologia da Temperatura do Ar em Belterra: Serviço Ecossistêmico de Regulação Térmica Prestado Pela Flona Nacional do Tapajós na Amazônia” identificou através da análise histórica dos anos 1961 a 1990 e 1981 a 2010,reduções de serviço ecossistêmico em regulação térmica prestado pela Flona Tapajós que pode estar associado à consolidação do polo de grãos em Belterra.

 

Para mais informações o artigo pode ser acessado através do link: https://www.scielo.br/j/rbmet/a/yc3qvYxWcvLGs8bb8X6jmVp/abstract/?lang=pt