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Ultima atualização em 15 de Dezembro de 2022 às 17:17

Copa do mundo e a despartidarização dos símbolos nacionais

24/11/2022- TAPAJÓS DE FATO - Ufopa citada

15 de Dezembro de 2022 às 17:17

Reportagem EspecialRetomadaCopa do mundo e a despartidarização dos símbolos nacionaisEntenda como a Copa pode auxiliar na ressignificação de símbolos nacionais que foram sequestrados por políticos.


24/11/2022 às 15h02Atualizada em 13/12/2022 às 14h13Por: Dalila BrandãoFonte: Tapajós de FatoCompartilhe:Foto reprodução    Foto reprodução
Ano de eleições e de Copa do mundo, 2022 gerou grandes expectativas aos brasileiro, sejam amparados na esperança de mudar o cenário político brasileiro nas urnas ou para garantir o Hexa que está sendo disputado no Catar, sede do campeonato que se iniciou em novembro.

 

No dia 30 de outubro, a nação pôde pôr um fim em uma de suas maiores angústias, quando mais de 60 milhões de brasileiros e brasileiras, cansados de impunidade e descompromisso, venceram a máquina do crime organizado garantindo a não eleição do então presidente derrotado, Jair Bolsonaro.

 

Agora, a terra plana lentamente retoma a sua forma original, redonda, assim como também volta aos eixos, agora gira. De vergonha internacional, o Brasil, pouco a pouco, volta a ter reconhecimento no cenário global. 

 

Desta forma, a nação tem agora outro desafio pela frente: torcer para que a seleção brasileira volte para casa com o tão sonhado hexa em mãos, mesmo com o esforço da principal estrela do time, o camisa 10, Neymar Júnior, em continuar associando à seleção ao Bolsonaro, às vésperas da estreia da seleção brasileira.

 

A politização de símbolos nacionais em contexto de Copa do Mundo

 

Em outras Copas, a camisa da seleção brasileira, a bandeira nacional e as cores verde e amarela foram símbolos de orgulho e identidade de toda a nação. Ruas eram tomadas por enfeites e pessoas envolvidas pela euforia, que marcavam uma das épocas mais esperadas pelo mundo inteiro, onde todos se reuniam em volta de alguma TV para prestigiar sua seleção em campo.

 

Foto reprodução

 

No entanto, a Copa do Mundo de 2022 chega em um contexto muito diferente, onde os símbolos nacionais frequentemente utilizados nesse período, agora se apresentam fortemente incorporados no jogo político.

 

Esse fenômeno de apropriação indevida dos símbolos não é inédito ou particular do Brasil, mas ganhou força em 2013, quando surgiram as manifestações contra a então presidente Dilma Rousseff pelo seu impeachment. Desde então, o fenômeno só se aprofundou com o aparecimento da figura de Jair Bolsonaro, que se apropriou dos símbolos em seu forte apelo ao patriotismo. 

 

Nesse sentido, é comum ouvir pessoas dizendo que preferem comprar a camisa azul ou preta da seleção, e se recusando a hastear uma bandeira do país na sacada de casa para não serem confundidas como apoiadoras do ainda presidente Jair Bolsonaro. Ou seja, brasileiros foram jogados dentro de uma disputa polarizada que coloca patriotas e os símbolos nacionais de um lado, e “inimigos da pátria” de outros.

 

"Os símbolos nacionais se associaram ao projeto político-partidário de extrema direita. É compreensível que pessoas que não simpatizam com esse campo ideológico não se sintam à vontade em usar símbolos que remetem essas ideias. Todavia, é necessário entender que o fato de estar do lado da tolerância, do respeito e da preservação de direitos humanos, não torna ninguém menos patriota ou não patriota. Os símbolos são do Brasil e de todos os brasileiros”, enfatiza Valdeth Santos, engenheira física pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e também torcedora do Brasil.

 

Para ela, a Copa poderá ser uma ferramenta crucial para o resgate desses símbolos por todos os brasileiros e de seus verdadeiros significados. 

 

“A copa traz consigo o estímulo para ressignificar os símbolos nacionais, que nos últimos anos a extrema direita transformou em símbolos de partido político e representação de um pensamento violento. Acredito que a Copa resgata o orgulho de pertencer ao Brasil e tem o poder de libertar os símbolos pátrios para que estes voltem a representar o povo brasileiro como um todo”.

 

Ela explica que a apropriação da bandeira, por exemplo, além de oportunista, é também crime de acordo com o Art. 31 da lei nº 5.700/1971, que torna ilegal usa-la como roupagens partidárias ou políticas.

 

Link: https://www.tapajosdefato.com.br/noticia/989/copa-do-mundo-e-a-despartidarizacao-dos-simbolos-nacionais