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Criado em 17 de Outubro de 2022 às 12:35

Mercúrio está acima do limite em 75,6% de 462 moradores ribeirinhos do Pará, diz estudo

13/10/2022 - Correio do Povo de Alagoas - Ufopa citada

17 de Outubro de 2022 às 12:35

Mercúrio está acima do limite em 75,6% de 462 moradores ribeirinhos do Pará, diz estudo


Estudo em Santarém revela ameaça do metal a populações ribeirinhas e indígenas
Mercúrio está acima do limite em 75,6% de 462 moradores ribeirinhos do Pará, diz estudo
O efeito colateral do garimpo na saúde da população ribeirinha ou de indígenas da Amazônia já começa a ser constatado por pesquisadores. Em março, um estudo do Laboratório de Epidemiologia Molecular (Lepiomol) da Universidade Federal do Oeste do Pará, em parceria com a Fiocruz e o WWF-Brasil, identificou níveis de mercúrio acima do limite de segurança em 75,6% dos 462 moradores de Santarém (PA) examinados. De acordo com a OMS, o limite máximo da substância no organismo é de 10 microgramas por litro.

O trabalho agora está sendo atualizado com monitoramento de gestantes e de lactantes de etnias como os Munduruku. Um dos coordenadores do Projeto Saúde e Alegria, no Tapajós, o médico Fabio Tozzi diz que a contaminação, em breve, pode se revelar um grave problema de saúde pública e, por isso, é tão importante acompanhar as pessoas contaminadas por mercúrio.

— O SUS tem de estar alerta e identificar o quanto antes os portadores de intoxicação mercurial para tratá-los — diz Tozzi.

Publicação científica
Os primeiros resultados da pesquisa foram publicados em março na revista científica “International Journal of Environmental Research and Public Health”. Em Santarém, a contaminação acontece por causa dos garimpos ilegais existentes no Rio Tapajós. Em janeiro, imagens aéreas chamaram atenção para a cor escura das águas do rio, conhecido como “Caribe brasileiro”. Perícias do MapBiomas e da Polícia Federal atribuíram a turbidez à ação do garimpo. Apesar de a maioria dos garimpos ficar a quilômetros de distância de Santarém — no médio e no alto do Tapajós — , os sedimentos da atividade ilegal chegam à cidade, o que foi comprovado pelo estudo.

Assim, além da exposição direta dos trabalhadores do garimpo, as fontes de contaminação também incluem os peixes consumidos pela população local. Tozzi observa ainda que a população Ianomâmi é outra que corre risco devido à presença do garimpo, em larga escala, em seu território. Atualmente, há pesquisa em campo comandada por departamentos da UFOPA e da USP nos rios Amazonas e Arapiuns (PA), além da experiência no Tapajós.

— Todas as populações que convivem com garimpo podem sofrer. A contaminação dos peixes já é algo comprovado — afirma Tozzi. — A intoxicação pelo mercúrio tem várias manifestações. A mais grave é a neurológica, quando provoca dificuldade de fala ou de motricidade. Mas pode levar também a quadros depressivos ou desencadear doenças digestivas, renais ou de pele.

Autor: Por Lucas Altino

Fonte: oglobo.globo.com

 

Link: https://correiodopovo-al.com.br/brasil/mercurio-esta-acima-do-limite-em-75-6-de-462-moradores-ribeirinhos-do-para-diz-estudo