Criado em 21 de Setembro de 2022 às 12:41
19/09/2022 - G1 santarém e região - Positiva
21 de Setembro de 2022 às 12:41
1ª aluna surda de pós-graduação defende dissertação de mestrado traduzida em Libras na Ufopa, em Santarém
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Orientadores, membros da banca examinadora e outros participantes viram Darlene Seabra de Lira fazer uma defesa bem-sucedida como primeira aluna surda a concluir mestrado na Ufopa — Foto: Arquivo Pessoal/Darlene Seabra Lira
Orientadores, membros da banca examinadora e outros participantes viram Darlene Seabra de Lira fazer uma defesa bem-sucedida como primeira aluna surda a concluir mestrado na Ufopa — Foto: Arquivo Pessoal/Darlene Seabra Lira
A ex-professora da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) Darlene Seabra de Lira, é a primeira aluna surda de pós-graduação a defender uma dissertação de mestrado traduzida em Libras, a linguagem brasileira de sinais na universidade em Santarém, oeste do Pará. No dia 13 de setembro, ela recebeu o título de mestre em educação e comemorou o feito.
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Com o título da pesquisa “Política pública de educação bilíngue (Libras/português) em Santarém – Pará: o que sinalizam os surdos”, a ex-professora da Ufopa e também ex-aluna abriu um marco importante no processo de inclusão de pessoas surdas em Santarém.
A mestre passou por alguns desafios como estar presente em sala de aula, participar das disciplinas, realizar os trabalhos com êxito para alcançar a aprovação, além de ir a campo para levantar os dados necessários para a dissertação foram quesitos desafiadores para a estudante. Mas tudo isso resultou na sua aprovação no dia da sua defesa.
Para chegar à conclusão do trabalho, a agora mestre Darlene Seabra de Lira interagiu com alunos egressos surdos, buscando saber como foi a educação deles; como foi o processo educacional, tanto na educação básica quanto no ensino superior; e sobre a questão da escola bilíngue.
Darlene Seabra durante a defesa da dissertação — Foto: Arquivo Pessoal/Darlene Seabra Lira
Darlene Seabra durante a defesa da dissertação — Foto: Arquivo Pessoal/Darlene Seabra Lira
De acordo com a orientadora da dissertação, professora Ednea Carvalho, o trabalho mostra a diferença entre a educação que é inclusiva e o que é educação bilíngue. "Esses parâmetros não são a mesma coisa. Em Santarém, às vezes, gera-se essa dúvida entre o que é educação inclusiva e o que é a bilíngue", destacou.
A professora destaca que Darlene fez entrevistas com os surdos e ela trouxe esse questionamento.
"Baseada na epistemologia, ela foi buscar autores que faziam essa discussão, como a própria Ana Regina de Souza Campelo, que trabalha no Instituto Nacional de Educação para Surdos e estava na banca de defesa. É importante entender como se dá esse processo e como, infelizmente, aqui em Santarém, ainda temos esta falta da afirmação da política pública para surdos em nosso município”, ressaltou.
Ainda segundo Ednea, orientar um trabalho com essa abordagem foi uma oportunidade incrível que será inesquecível. "É uma grande satisfação poder prestigiar um projeto dessa natureza. Foi um privilégio, eu como orientadora e o professor Edilan Quaresma como coorientador”, enfatizou.
Histórico
Darlene Seabra conta que passou no mestrado em Ciências da Sociedade da Ufopa em 2020, em pleno período da pandemia. Por isso as aulas ocorreram de forma remota, mas contavam com três Intérpretes de Libras, porque os assuntos e as aulas eram longas e precisava haver revezamento do tempo do intérprete, o que contribuiu bastante para o desempenho da aluna com as atividades administradas.
Para a mestre, os professores do mestrado foram bem atenciosos com ela e os alunos ouvintes se comunicavam por aplicativos de mensagens.
"Minha maior dificuldade foi com os textos em inglês, que eram obrigatórios em algumas disciplinas, mas os colegas me ajudaram a traduzir para o português, e com a ajuda do intérprete foi possível compreender o texto. Algumas vezes desanimei com os textos em inglês, e mesmo com este desafio, eu não desisti e continuei nas aulas”, comentou.
Darlene Seabra agradece a confiança dos professores Ednea Carvalho e Edilan Quaresma porque acreditaram no seu potencial. "Eles viram o quanto eu estava lutando para desenvolver a pesquisa e escrever a dissertação. Estou muito feliz com a minha defesa e aprovação. Agradeço à Ufopa por todo o respeito e generosidade. Espero que mais pessoas surdas passam cursar mestrados nesta universidade e em outras instituições”, finalizou.
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