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Criado em 5 de Outubro de 2022 às 11:24

Movimento social de Santarém realiza campanha para mostrar que o enfrentamento às mudanças climáticas passa pelas urnas

30/09/2022 - TAPAJÓS DE FATO - Ufopa citada

5 de Outubro de 2022 às 11:24

Movimento social de Santarém realiza campanha para mostrar que o enfrentamento às mudanças climáticas passa pelas urnas

Com o tema “Que clima é esse Tapajós?”, movimento Tapajós Vivo traz a reflexão sobre o cenário de destruição na Bacia do Tapajós e como isso influencia nas mudanças climáticas. A campanha está sendo desenvolvida de forma presencial e por meio das redes sociais.
29/09/2022 às 15h03Por: Tapajós de FatoFonte: Tapajós de FatoCompartilhe:


Foto: Kamila Sampaio    Foto: Kamila Sampaio
Os grandes projetos e as atividades predatórias têm causado profundas mudanças à paisagem da Bacia do Rio Tapajós, que inicia no estado do Mato Grosso e encerra na confluência com o rio Amazonas na frente da cidade de Santarém. Nesse território vivem dezenas de populações indígenas e demais povos tradicionais, que tiram sua subsistência dos recursos naturais ofertados pelas águas e pelas matas.

Mas, as árvores estão sendo destruídas, e no lugar delas está sendo plantado soja e milho, estradas cortam, ilegalmente, territórios indígenas, portos ocupam as margens do rio, obrigando os pescadores a se deslocarem para o meio do rio, o que dificulta a pesca que garante a alimentação. Onde não se tem agro tem o garimpo, a região do rio Tapajós no perímetro dos municípios de Itaituba e Jacareacanga, lar do povo Munduruku, está sendo transformada em uma grande ferida aberta no seio da floresta Amazônica, por conta das intensas atividades de garimpo, e, sejam eles legalizados ou não, geram as mesmas consequências.

Mas o que tem sido mais cruel é a contaminação das populações do Tapajós pelo mercúrio do garimpo, estudos da WWF-Brasil em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz, mostram como mercúrio já contaminou o povo Munduruku, o estudo mostra também que muitas crianças nascem com problemas de má formação, pois se contaminam com o mercúrio ainda no útero de suas mães. 

Já a pesquisa feita pelo Laboratório de Epidemiologia Molecular da Universidade Federal do Oeste do Pará, comprovou também que a população da cidade de Santarém, que fica a mais de 300 km do município de Itaituba, está sendo contaminada pelo mercúrio dos garimpos.

Isso é o que pode ser chamado de violação dos direitos socioambientais, quando as pessoas e os territórios são violentados, mortos, destruídos em nome do capital.

Figura 1 Área de  floresta destruída pelo garimpo. Foto: Reprodução/instituto Socioambiental.

 

Preocupados com o cenário de destruição dos territórios do Tapajós, militantes do Movimento Tapajós Vivo, estão realizando a campanha Que clima é esse Tapajós?

Carlos Alves, acadêmico de arqueologia e militante do movimento explica que, “a gente vive numa região que se tornou o foco principal aqui na nessas questões ambientais na Amazônia... e eu falo em toda a bacia do Rio Tapajós”.

Carlos diz ainda que, “o Movimento Tapajós Vivo, preocupado com essa questão está realizando esse projeto para levar paras pessoas, principalmente para juventude, que as comunidades, a própria juventude tem que tomar iniciativas, se contrapor a todas essas questões. Principalmente as questões climáticas”.

A campanha puxa ainda a pauta das eleições e como o direcionamento das políticas de enfrentamento às mudanças climáticas passam pelas urnas.

“A campanha surgiu pra tratar sobre as mudanças climáticas, mas também tratar sobre esse clima de eleição que a gente está vivendo esse ano. Principalmente nesse período”, comentou.

 

Padre Edilberto Sena, referência na luta em defesa do Tapajós. Foto: Kamila Sampaio.

 

A juventude no debate climático

A juventude do MTV atua diretamente no desenvolvimento da campanha, o objetivo é mobilizar uma massa ainda maior da juventude do Tapajós no debate climático.

“A gente pensou o quão importante seria esses jovens da nossa região, se esses jovens aqui do território tapajônico estivessem discutindo sobre a questão socioambiental, e essa juventude presente aqui na região  deve e pode entender como o voto deles é uma ferramenta importante pra melhoria social e pra transformação do cotidiano deles, então a partir disso a gente quer que a juventude do nosso território entenda como voto em candidaturas comprometidas com o meio ambiente tem impacto direto no dia a dia deles”, disse Carlos Alves.

A campanha vem sendo executada desde o mês de agosto, os militantes a realizam tanto de forma presencial, participando de eventos e panfletando nas ruas, como também no virtual a partir da produção de conteúdos nas redes sociais, como vídeos e posts com legendas voltadas para as temáticas de eleição e mudanças climáticas, por exemplo. Nesse período já foi realizado um seminário virtual com representações indígenas do Pará e do Mato Grosso, além de parlamentares do congresso nacional.

 

Na Semana da Amazônia, no inicio de setembro, realizaram ações na Escola Indígena Borari em Alter do Chão, com contação de histórias e trilhas ecológicas.

“A gente produziu material informativo, um folder que trata de maneira bem simples e direta o que são essas mudanças climáticas, o que é o efeito estufa, como essas mudanças afetam a economia global como essas mudanças climáticas afetam o nosso território mesmo e também não esquecendo de falar sobre as eleições, essas são algumas ações já desenvolvidas pelo MTV com a campanha Que clima é esse Tapajós”.

Atividade na escola Borari. Foto: Kamila Sampaio

A campanha é feita com o apoio da Purpose Brasil, uma agência que cria e apoia ações de impacto para fortalecer a construção de um mundo mais justo, o apoio ocorre através do edital de Inovação e Aceleração na Amazônia.

 

Link: https://www.tapajosdefato.com.br/noticia/945/movimento-social-de-santarem-realiza-campanha-para-mostrar-que-o-enfrentamento-as-mudancas-climaticas-passa-pelas-urnas