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02/02/2023 - O Estado net - Positiva

13 de Fevereiro de 2023 às 16:43

Aluno indígena da UFOPA faz defesa de mestrado em aldeia Munduruku
Portal OESTADONET

Aluno indígena defende dissertação de metrado na UFOPA - Créditos: Túlio Novaes
A luta do povo originário em meio aos escombros do progresso foi retratada na dissertação de mestrado do discente Raimundo Abimael Ferreira dos Santos, primeiro indígena a receber o título de mestre em Ciências da Sociedade pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). A defesa do mestrado foi realizada no último dia 25 de janeiro e ocorreu além dos muros da faculdade, na aldeia Munduruku-Takuara.  Um fato inédito que tornou o momento na vida do discente ainda mais especial.

‘A demarcação da terra indígena Munduruku Takuara’: a luta pela sobrevivência de um povo originário em meio aos escombros do progresso’, foi o tema da dissertação do mestrando. A banca avaliadora formada pelos professores Dr. Túlio Chaves Novaes (orientador) e os docentes avaliadores professores Dra. Ana Maria Silva Sarmento (ICS/Ufopa), Dr. Miguel Aparício Suárez (ICS/Ufopa), Dr. Amadeu de Farias Cavalcante Junior (ICS/Ufopa), Dr. Nirson Medeiros da Silva Neto (ICS/Ufopa) e Dr. José Heder Benatti (UFPA), se deslocou até à aldeia indígena onde reside o discente para avaliar a defesa do mestrando.

Raimundo Abimael ingressou no curso de Direito da Ufopa por meio do Processo Seletivo Especial Indígena (PSEI). Posteriormente, ingressou no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Sociedade (PPGCS/ICS/Ufopa).

Para o agora Mestre em Ciências da Sociedade, a ida da banca de avaliadores que saiu da sala de aula e foi para uma aldeia indígena fortalece ainda mais a importância da luta dos povos tradicionais e um incentivo a mais para quem sonha em cursar uma faculdade. “É o fortalecimento social e cultural dos povos originários”, destaca.

O momento marca também uma presença histórica para uma universidade pública ao levar uma banca de mestrado para uma aldeia indígena. Mais: para avaliar a tese de mestrado de um discente indígena.

Foi um momento único e especial, tanto para Raimundo Abimael quanto para os professores doutores da Ufopa que viveram a experiência. Um ato que amplia as possibilidades e comprova que a educação na Amazônia não existe fronteiras, mas exige estratégias de ensino. 

"Discutir território indígena na perspectiva de um pesquisador indígena é fazer uma analogia do que precisa mudar na legislação vigente. Temos legislação indígena, mas que não se discute tanto é o direito indígena. O território é importante para a subsistência do povo, pois o povo sem território está fadado a desaparecer", completou.

Para a professora Ana Maria Silva Sarmento foi um momento histórico que marcou uma presença muito forte da universidade pública dentro da terra indígena. “Queremos compartilhar, aprender, suscitar e debater com os povos os seus direitos originários’, disse

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