Criado em 12 de Julho de 2023 às 18:38
27/06/2023 - G1 - Globo - Ufopa ciatada
12 de Julho de 2023 às 18:38
Documentário 'A dor do parto que eu não tive' terá exibição inédita em Santarém, na quinta, 29
Iniciativa é do Projeto de Pesquisa e Extensão 'Nascer em Santarém'; será no auditório da Unidade Rondon da Ufopa.
Por Sílvia Vieira, g1 Santarém e Região — PA
27/06/2023 08h15 Atualizado há 2 semanas
Experiência traumática vivida por Denise Soares no nascimento da filha Eva é contata em documentário — Foto: Arquivo pessoal
Experiência traumática vivida por Denise Soares no nascimento da filha Eva é contata em documentário — Foto: Arquivo pessoal
O documentário "A dor do parto que eu não tive", da jornalista Denise Soares, será exibido de forma inédita em Santarém na quinta-feira (29), em meio a uma programação organizada pelo Projeto de Pesquisa de Extensão 'Nascer em Santarém', da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).
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A partir das 17h, os interessados podem fazer inscrição e credenciamento na Unidade Rondon da Ufopa, localizada na Avenida Marechal Rondon, bairro Caranazal. Às 18h30 será composta a mesa de abertura do evento que terá a participação da jornalista Denise Soares.
O documentário será exibido às 19h40, e em seguida haverá debate aberto ao público, com Denise Soares e Emanuele Sacramento, sobre o tema.
De acordo com Denise, o documentário reúne relatos de mulheres desrespeitadas na sua dignidade e autonomia em um momento único e de extrema vulnerabilidade que é o parto. Mulheres totalmente desamparadas pelo sistema obstétrico, cujos profissionais têm práticas contrapostas ao recomendado hoje pela ciência. Atitudes que nos levam a questionar e combater o modelo abusivo de atendimento, seja no SUS ou rede particular.
"Nas primeiras semanas de vida da Eva compartilhei com vocês o meu relato de parto. Ninguém esperava um desfecho tão ruim. Inúmeras mulheres se viram na minha história e reviveram seus próprios traumas. Foram meses de questionamentos angustiantes e insuportáveis. Daquela experiência traumática nasceu a ideia de dar voz a quem, como eu, foi vítima de violência obstétrica", relatou Denise.
Documentário "A dor do pauto que eu não vivi" tem relatos que várias profissionais entrevistadas por Denise Soares — Foto: Arquivo pessoal
Documentário "A dor do pauto que eu não vivi" tem relatos que várias profissionais entrevistadas por Denise Soares — Foto: Arquivo pessoal
O documentário também propõe uma reflexão acerca da assistência humanizada. Profissionais de saúde e do direito saem em defesa da humanização dos nascimentos, que nada mais é do que garantir acesso seguro, digno e de qualidade na gestação, parto e puerpério.
"Se um dia nossos filhos nos perguntarem: 'como foi quando eu nasci, mamãe?' Que história nós vamos contar pra eles? Percebe o impacto que tem o nascimento? É difícil expor uma dor como essa. É delicado tocar em um assunto polêmico. Por que fizemos, então? Porque a informação correta educa, é capaz de evitar outras vítimas, de punir os responsáveis pela violência obstétrica, e de provocar mudanças significativas no sistema", explicou Denise.
O trabalho foi feito com a colaboração de vários profissionais das áreas da Saúde e do Direito, que voluntariamente abraçaram a causa e por meio de entrevistas ajudaram a materializar o documentário, que para Denise, é uma ferramenta de transformação social.
O que é violência obstétrica?
A violência obstétrica se caracteriza por qualquer atitude que fere a dignidade e autonomia da mulher no processo gestacional.
Exemplos de violências:
Manobra de Kristeller – empurrões para “ajudar” o bebê a nascer
Episiotomia
Não respeitar a Lei do Acompanhante
Insultos
Toque sem consentimento
Uso indiscriminado de ocitocina – utilizado para acelerar o trabalho de parto e que leva a mulher a sentir uma dor antifisiológica
Privação alimentar
Não informar a paciente sobre os procedimentos
Restrição de movimentos
Afastar a mãe do bebê
Violência obstétrica é crime?
O termo em si, não, porque não está expresso no Código Penal Brasileiro, mas condutas consideradas como violência obstétrica podem ser enquadradas em algum crime.
Omitir socorro, violência sexual, lesão corporal, por exemplo, são condutas criminosas
Como denunciar
A denúncia de violência obstétrica pode ser feita de forma administrativa e judicial.
A via judicial é utilizada para fins de indenização. Neste caso, é necessário que a violência tenha ocorrido há, no máximo, três anos, pois esse é o prazo máximo para dar entrada na ação judicial cível. Dependendo do tipo de violência, também pode ser aberto um processo criminal.
Procure um advogado especialista ou a Defensoria Pública para dar entrada na ação de indenização ou no processo criminal. O processo judicial é importante para a responsabilização dos envolvidos e para ajudar a dar visibilidade à quantidade de casos de violência obstétrica no Brasil.
Solicite por escrito seu prontuário no hospital. Você tem direito a ele por lei e é lá que constam todas as informações sobre seu atendimento.
Escreva seu relato de parto com a maior riqueza de detalhes possível, descrevendo todas as violências que sofreu e quem as cometeu (lembre-se que os nomes da equipe estão no prontuário), e sem ofensas pessoais ou palavras de baixo calão.
Caso o parto/cirurgia/aborto seja recente, você pode ir a uma delegacia e fazer um boletim de ocorrência relatando a violência sofrida, mas não é obrigatório.
Administrativamente, é possível fazer a denúncia em todos os órgãos abaixo ou somente em alguns deles:
Protocolo do relato de parto e do prontuário no protocolo geral/ouvidoria do hospital, no conselho de classe referente ao profissional que praticou a violência, na Ouvidoria do SUS ou da ANS, caso você tenha plano de saúde, e no Ministério Público.
Lembre-se de entregar cópias e, na sua, pedir que eles carimbem ou deem um “recebido” com a data. Diga que quer que seja gerado um processo administrativo e o número dele para acompanhamento.
Link: https://g1.globo.com/pa/santarem-regiao/noticia/2023/06/27/documentario-a-dor-do-parto-que-eu-nao-tive-tera-exibicao-inedita-em-santarem-na-quinta-29.ghtml