Criado em 5 de Junho de 2023 às 17:58
30/05/2023 - Dia a Dia Notícia - Ufopa citada
5 de Junho de 2023 às 17:58
Amazonas apresenta 22,50% dos peixes contaminados por mercúrio, diz estudo
30/05/2023
11:09 am
Foto: Marcus / Dia a Dia Notícia
*Da Redação do Dia a Dia Notícia
O estudo realizado por meio da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz), da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Greenpeace, Iepé, Instituto Socioambiental e WWF-Brasil, revelou que o Estado do Amazonas apresenta a média de 22,50% dos peixes contaminados por mercúrio. A alta tem relação com o avanço de garimpos ilegais de ouro.
De acordo com os dados inéditos, os peixes consumidos pela população da Amazônia brasileira têm contaminação com concentração do metal 21,3% acima do permitido. O Estado de Roraima tem o maior índice de contaminação, com 40% dos analisados com índices do metal superior ao limite recomendado pelas regras sanitárias e de saúde.
Ainda conforme o estudo, foram analisados os peixes vendidos em estabelecimentos em cidades nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima, para produzir uma média na pesquisa. Foram coletadas amostras de 80 espécies de peixes em todas as capitais destes estados e de outros 11 municípios do interior.
Confira a média de peixes contaminados em cada Estado
Acre: 35,90%
Amapá: 11,40%
Amazonas: 22,50%
Pará: 15,80%
Rondônia: 26,10%
Roraima: 40%
Foto: Reprodução
No Amazonas, os municípios de Santa Isabel do Rio Negro e São Miguel da Cachoeira apresentam o índice de 50%. No entanto, na média, o volume geral é menor que Roraima.
Sobre Roraima
Segundo a Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO/WHO) e a Agência de Vigilância Sanitária brasileira, o teor estabelecido é de 0,5 micrograma por grama. O número foi a base de cálculo usada no estudo para chegar ao nível de contaminação.
Foto Marizilda Cruppe/Greenpeace
Durante a pesquisa, Roraima ultrapassou de 5,9 a 27,2 microgramas. No estado, os pesquisadores coletaram 75 peixes de 27 espécies e entre as espécies com maior contaminação estão: coroataí, barba chata, piracatinga, filhote e peixe cachorro.
De acordo com o coordenador do Programa de Gestão da Informação do Iepé, Decio Yokota, o governo brasileiro precisa desenvolver políticas públicas que tenham como meta garantir a segurança alimentar das populações afetadas, respeitando a soberania alimentar de cada região.
“Este é o primeiro estudo que avalia os principais centros urbanos amazônicos espalhados em seis estados. Ele reforça um alerta para um assunto já conhecido, mas não resolvido, que é o risco à segurança alimentar na região amazônica gerado pelo uso de mercúrio na atividade garimpeira. É preocupante que a principal fonte de proteína do território, se ingerida sem controle, provoque danos à saúde por estar contaminada”, afirma Decio.
Perigos do mercúrio
Altamente tóxico, o metal é usado por garimpeiros que atuam na Amazônia, como a Terra Yanomami, na exploração de ouro. O mercúrio é utilizado para separar o ouro de outros sedimentos. Após isso, é despejado no ambiente, acumula nos rios e entra na cadeia alimentar por ingestão de água e peixes.
O material no organismo pode causar graves problemas de saúde que afetam o sistema nervoso, sendo mais grave o consumo por crianças e grávidas, já que interfere na saúde do bebê. O metal líquido fica retido no organismo devido à capacidade de bioacumulação. Além disso, a concentração aumenta em cada nível da cadeia alimentar.
Anteriormente, estudos revelaram que os índices altos de contaminação de peixes estão em um trecho do Rio Branco na cidade de Boa Vista (25,5%), Baixo rio Branco (45%), rio Mucajaí (53%) e rio Uraricoera (57%). Outro, detectou que rios na Terra Yanomami estavam com 8600% de contaminação por mercúrio.
*Com informações do G1
Link: https://diaadianoticia.com.br/amazonas-apresenta-2250-dos-peixes-contaminados-por-mercurio-diz-estudo/