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Ultima atualização em 31 de Março de 2023 às 14:19

Pesquisa da Ufopa denuncia racismo ambiental e alerta para riscos ambientais na área da rodovia Fernando Guilhon

15/03/2023 - G1 Santarém e região — PA - Positiva

31 de Março de 2023 às 14:19

Pesquisa da Ufopa denuncia racismo ambiental e alerta para riscos ambientais na área da rodovia Fernando Guilhon

O documento foi elaborado com base nos trabalhos desenvolvidos na área do igarapé Bela Vista, próximo à ocupação Bela Vista do Juá, na periferia de Santarém.

Área aproximada do local de estudo na rodovia Fernando Guilhon — Foto: Reprodução/Redes sociais
Área aproximada do local de estudo na rodovia Fernando Guilhon — Foto: Reprodução/Redes sociais


Um relatório foi elaborado pelo Grupo de Estudos Avançados em Gestão Ambiental na Amazônia (GEAGGA) do Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas (ICTA) da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), para alertar sobre riscos ambientais na área da Fernando Guilhon e denunciar racismo ambiental. O documento foi elaborado com base nos trabalhos desenvolvidos na área do igarapé Bela Vista, próximo à ocupação Bela Vista do Juá, na periferia de Santarém, oeste do Pará.

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A pesquisa foi realizada no período de 2019 a 2022 e contou com a ajuda da tecnologia de drones para rastreamento do local. O documento aponta situações de “desastre iminente”, especialmente na parte alta do igarapé, próximo à avenida Fernando Guilhon, importante via de tráfego de veículos, que dá acesso ao aeroporto e à Vila de Alter do Chão. O relatório foi entregue, por meio de ofício, à Prefeitura Municipal de Santarém, Defesa Civil e Ministério Público Estadual


“Entre as situações identificadas estão riscos de alagamento, inundação, desabamento de residências e restrição de acesso a moradias localizadas às margens do igarapé”, alertou o professor Dr. João Paulo de Cortes, um dos responsáveis pela elaboração do relatório.

O documento já está nas mãos de autoridades municipais, e denuncia também o que os pesquisadores estão chamando de “racismo ambiental”. Para ele, “as obras que foram feitas na rodovia Fernando Guilhon aumentaram a capacidade de escoamento da água com a colocação de manilhas mais largas, porém, isso resolveu parcialmente o problema, principalmente no que afeta uma parcela da população – aquela de anda de carro, por exemplo, e transfere o problema para os moradores do entorno, chegando a atingir até os pescadores que vivem na área do igarapé do Juá”, afirmou Cortes.

“Ao longo do trecho analisado, 23 residências estão localizadas imediatamente à margem do igarapé e se encontram em situação de risco de alagamento e inundação rápida ocorridos em função do transbordamento do canal”, alertou o professor.

“O encaminhamento dos resultados prévios se dá no sentido de alertar as autoridades responsáveis a respeito de situações observadas em campo e analisadas com ferramentas de geoprocessamento e sensoriamento remoto, as quais podem ser agravadas a partir do início do período chuvoso na região”, informou o professor. “Entre os fatores que contribuem para o incremento destes riscos estão a forma do canal e o acúmulo de resíduos ou outros obstáculos ao fluxo hídrico, como troncos e galhos de árvores”, acrescentou a Profa. Diani Less (ICTA), que também assina o relatório.


Bacia Hidrográfica do igarapé Bela Vista

O professor chama a atenção para o que os pesquisadores estão classificando de “bacia hidrográfica do Bela Vista”. Ele explica que uma bacia hidrográfica compreende uma área que tem divisores entre si e cuja água que circula converge para um único lugar. No caso do igarapé Bela Vista, seria o perímetro compreendido entre a rotatória que dá acesso ao bairro do Maracanã e a que dá acesso à Vila de Alter do Chão, na estrada do aeroporto.

“O igarapé do Bela Vista não era reconhecido como tal, e sim como um esgoto. Por isso, foi necessário desenvolvemos ações de educação ambiental voltadas para os estudantes de ensino fundamental e médio e também para os educadores para esclarecer que aquele curso de água era na verdade um igarapé”.

Além da falta de reconhecimento por parte dos moradores, de acordo com o pesquisador nenhum documento público reconhece o local como sendo uma área de drenagem natural. Cortes lembrou que, dessas ações de educação ambiental, um dos resultados foi a criação de uma cartilha voltada para educadores: "A importância da Defesa Civil nas ações de prevenção a riscos e desastres".

 

Link: https://g1.globo.com/pa/santarem-regiao/noticia/2023/03/15/pesquisa-da-ufopa-denuncia-racismo-ambiental-e-alerta-para-riscos-ambientais-na-area-da-rodovia-fernando-guilhon.ghtml