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Ultima atualização em 4 de Setembro de 2018 às 11:32

Em audiência pública, projeto apresenta medidas de recuperação do igarapé do Urumari


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Pesquisadores e discentes da Ufopa realizam estudos desde 2017 no igarapé

Apesar do alto nível de degradação, o igarapé do Urumari, que atravessa a área urbana de Santarém, ainda pode ser recuperado com medidas rápidas do poder público. Esta é uma das conclusões apresentadas pelo projeto “Ações Integradas e de Qualidade Socioambiental do Igarapé do Urumari”, da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em audiência pública realizada na última sexta-feira, 31 de agosto de 2018, no Centro Municipal de Informação e Educação Ambiental do município de Santarém (Ciam).

A partir de uma análise combinada de aspectos bioecológicos, hidrológicos, geomorfológicos e socioambientais em oito pontos ao longo dos 11 quilômetros de extensão do igarapé, o projeto avaliou o grau de comprometimento da qualidade da água. De acordo com os padrões da Resolução CONAMA 274/2000 e 357/2005, as áreas mais urbanizadas, nos bairros do Santo André, Urumari, Jutaí, Uruará e Área Verde, são as mais afetadas devido à presença de esgotos domésticos e industriais.

Porém, uma experiência realizada na nascente da Serra do Saubal mostrou que a recuperação é possível. Utilizou-se o método caxambu, que consiste na instalação de sistema de filtragem natural, e o resultado foi melhor que o esperado. “Os resultados foram satisfatórios, chegando até mesmo a superar as expectativas, gerando um grau de satisfação enorme entre os envolvidos no processo, inclusive as famílias que já utilizavam esta água para consumo. [...] As análises físico-químicas e bacteriológicas da água foram realizadas para comprovar se a mesma era apropriada para consumo humano e, constatou-se que ela está nos padrões da legislação para água potável, sendo considerada como classe especial”, afirma o coordenador do projeto Lucinewton Moura.

Como proteger - Dentre as propostas para despoluição das águas, a pesquisa indica a retirada urgente das espécies de bambu situadas na nascente do Urumari, a realização de dragagens para retirada de sedimentos em partes críticas, como no afluente vindo do bairro do Santo André e na ponte da Avenida Dom Frederico, além do reflorestamento da mata ciliar com espécies nativas.

Mata ciliar é a vegetação que fica às margens de rios, lagos, córregos e nascentes e funciona como uma barreira protetora das águas, como explica o pesquisador: “Precisa-se entender que toda nascente é o ponto de partida de onde afloram as águas subterrâneas; e, as matas ciliares funcionam como cílios dos olhos, mas se forem desmatadas ao longo do curso d’água poderão ser provocadas erosões, alagamentos, aumento de temperatura e diminuição da umidade, favorecendo entrada de vendavais”.

O estudo destaca ainda o papel fundamental da fiscalização do órgão ambiental do município nas áreas de ocupação desordenada, tanto por moradias quanto por empreendimentos, que estão afetando a mata ciliar do igarapé.

“Este projeto é apenas o começo de uma grande caminhada que poderá ser bem-sucedida nos anos vindouros. Precisa-se levar essas informações para as escolas municipais, estaduais, órgãos públicos e universidades que pouco contribuem, no sentido prático, para disseminar este tipo de atividade. Este conhecimento precisa ser disseminado em todos os níveis sociais, para que tenhamos bons protetores da natureza. Os órgãos públicos precisam se envolver mais nestes tipos de ações e fortalecer parcerias que realmente tragam melhor qualidade de vida para a população”, destaca o professor.

Os resultados desta etapa da pesquisa foram entregues à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), que comprometeu-se em iniciar ações de educação ambiental. Já o projeto segue com o aprofundamento das pesquisas, utilizando modelos matemáticos, para formação de um diagnóstico conclusivo e proposição de medidas de recuperação que irão subsidiar as ações do poder público local.

Procce/Ufopa

4/9/2018