Procce

Nos dias 16 e 17 de maio, no Auditório Wilson Fonseca, unidade Rondon do Campus de Santarém da Ufopa, será realizado o I Simpósio de Educação Escolar Quilombola e de Educação para as relações étnico-raciais, no âmbito do Projeto de Extensão Etnografias Docentes: professores produzindo pesquisa a partir das escolas. O objetivo do evento é iniciar um debate sobre Educação escolar quilombola, modalidade que passou a ser regulamentada dentro do sistema de ensino escolar brasileiro a partir de 2012, com base no parecer CNE/CEB 07/2010 e na Resolução CNE/CEB 04/2010, que instituíram esta modalidade de ensino nas Diretrizes Curriculares Gerais para a Educação Básica. 

Antes, em 2003, a Lei 10.639 foi instituída, estabelecendo a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana na educação básica. O processo de instituição destas Diretrizes e da Lei 10.639, foi resultado da ação do movimento social negro e quilombola, que empreenderam discussões históricas entre diferentes setores da sociedade civil durante os últimos 40 anos. Com a Lei 10.639, tivemos a à introdução da temática “identidade quilombola” como parte dos conteúdos a serem abordados na educação básica. Criticando diretamente uma historiografia oficial que durante anos permitiu que se representasse a história das populações negras, suas culturas e práticas sociais como inferiores ou relegadas à um status epistemológico de segunda categoria, esta lei explicitou uma realidade gritante na sociedade brasileira: a presença e a participação política ativa de negros nas lutas contra o preconceito racial no espaço urbano e no mundo rural.

Este simpósio pretende discutir com a comunidade acadêmica e com os profissionais da educação participantes, que ambas as regulamentações estabelecem que o ensino ministrado nas escolas quilombolas e nas escolas da rede pública de ensino deve ser informado pela memória coletiva da comunidade, pelas especificidades linguísticas remanescentes, pelos marcos civilizatórios e práticas culturais, pelas tecnologias e formas de produção do trabalho, pelos acervos e repertórios orais, festejos, usos do espaço e tradições culturais, e pelos demais elementos que conformam o patrimônio cultural das comunidades quilombolas e negras em todo o país. 

Estudantes e professores de todos os cursos da Ufopa e de outras instituições de ensino superior de Santarém e da região Oeste do Pará estão convidados a participar do evento, que pretende, ainda, discutir coletivamente metodologias de ensino que possibilitem aprendizagens diversas, tendo como ponto de partida os próprios relatos da populações negras e quilombolas.  Gratuitas, as inscrições serão realizadas no local do evento.

Procce/Ufopa

22/4/2019