Ultima atualização em 3 de Outubro de 2022 às 18:42
No último sábado, dia 24 de setembro de 2022, ocorreu o “II Sarau Cultural Iurupari”, na área externa do Espaço de Formação Cultural na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), localizado na Unidade Rondon do Campus Santarém, numa produção do Projeto Iurupari – Grupo de Teatro, do Instituto de Ciências da Educação (Iced), da Pró-Reitora da Cultura, Comunidade e Extensão (Procce) da Ufopa.
A programação do Sarau integrou mais de 20 atrações, como duas exposições de artes plásticas, duas apresentações de dança, sete apresentações musicais, quatro apresentações teatrais, quatro declamações de textos, além da apresentação de um curta-metragem. Dentre as atrações, dois servidores do Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBI) participaram com a declaração de poesias de suas autorias. O bibliotecário Ronne Cleyton Gonçalves declamou o poema “Intinerância Tapajônica”, e a assistente administrativa, Keiliane Bandeira, fez a leitura cênica poética de dois poemas.
Confirma abaixo as poesias dos autores e registros do “II Sarau Cultural Iurupari”.
Keké Bandeira (2021)
Olho na água do rio
Às vezes eu olho nos olhos pra ver se me vejo
E a depender dos olhos
E a depender do rio
E a depender do espelho
Não consigo entender
Olhos, rios, espelhos, parecem enviesados
Quando quero me ver de verdade eu olho as palavras
Que quando despidas se parecem comigo
Na profunda intimidade das palavras minhas
- as quais não sou dona -
Elas não pertencem a mim, embora o pronome queira posse
Eu não sou o -outro nos meus olhos,
no rio que eu cresci,
no espelho que tenho em casa,
nas palavras
Mas eu me pergunto
O que eles dizem de mim
Num tom mesmo profético
- e vós, quem dizeis que eu sou? -
Pela palavra deles,
pelo rio que muitos deles não viram,
pelo espelho,
pelo retrato
pelo quadrado
o que eles têm dito de mim
pertence, mas não pertence a mim
se do lado de lá eu sou o outro
do lado daqui eu sou o anjo torto
e repetia pra mim
não vou ser gauche na vida.
Keké Bandeira (2021)
Palavra boa é que gesta na boca com calma
palavra rápida é desatino
palavra boa tem sabor
queima o céu da boca quando quente
escorre feito baba quando infame
e derrete quando suculenta
Palavra rápida feita de raiva sai escaldada
num sopro de agonia dá soluço
dor de barriga
tipo palavra requentada
Ronne Cleyton Gonçalves
Vindo de um outro lugar
Pés a caminhar
Almejo o descanso
Não quero ficar parado
Descansar é mudar
Sem conhecer o lugar
Arriscar
Mudar os rumos
Arrumar as malas
Futuro bagunceiro
Cheguei
Tapajós sem fim
Circundante...
Pôr do sol meio tardio lhe convida, cante...
Cidade de coração aberto
Acesso variado, rodoviário, fluvial e aéreo
Entretanto, não tem mistério
Cidade que abraça a itinerância
Pessoas de todos os lugares
Atraídos pelo labor, por sonhos, por expectativas
Receptividade da casa nova
Experiência exitosa
Chegam e moram definitivamente
Ou passam dias, meses, anos...
Em trânsito frequente,
vão e as vezes voltam
Outras vezes,
bagagem ocupada de lembranças
Aqui, oportunidade cognitiva
Vivenciar a evolução
De quem possibilita a educação
É uma grande missão
Estudar não tem idade
Aproveite a oportunidade
Viva a universidade!
Afinidades naturais
Pessoas especiais
Melhor acolhida, sem mais...
Vou
Dinâmicas da vida
Mudanças de planos
Perdas e conquistas
Mas vou... e também permaneço
Porque desde o começo
Inevitavelmente uma miscelânia cultural
Cenário amazônico!
Praia sazonal
Entretenimento popular
Ideias e planos
Memória e história
Orgulha os filhos da terra
Orgulha os itinerantes
Amor que emerge
No coração de quem passou ou ainda habita
Nessa andança irrestrita
SIBI/UFOPA