Ultima atualização em 7 de Agosto de 2025 às 09:06
Principal instituição da região Norte a liderar a pesquisa
A Amazônia absorve ou emite carbono? A questão, que vem intrigando pesquisadores, foi levantada pelo professor da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) Júlio Tota (IEG), durante a apresentação do projeto CarbonARA, iniciativa científica internacional coordenada pelo King’s College London, com financiamento da Agência Espacial Europeia (ESA) e a participação de renomadas instituições do Brasil e da Europa, ocorrida na manhã desta terça-feira, 6, na sala dos Conselhos da Ufopa. Além da vice-reitora Solange Ximenes, participaram do evento o vice-prefeito de Santarém, Carlos Martins (PT), representantes do ICMbio e do Corpo de Bombeiros, entre outros.
A Ufopa é a única universidade da região amazônica a compor esta rede global de pesquisa, e será responsável pela coordenação das atividades científicas no território local, em especial na região do Baixo Tapajós. “O projeto tem como objetivo aprofundar o conhecimento sobre os fluxos de carbono, os impactos das queimadas e o papel da Amazônia no balanço climático global, por meio da aplicação de tecnologias avançadas de sensoriamento terrestre, aéreo e orbital”, esclareceu Júlio Tota, coordenador local do projeto. Ele ressaltou ainda a escolha do local para realizar o monitoramento. “A região de Santarém foi escolhida para o centro desse monitoramento pela sua diversidade da paisagem e do uso da terra”.
Para o fortalecimento da iniciativa foi solicitado o apoio institucional de órgãos como Semma, Ibama, Embrapa, Prefeitura, dentre outros. “Ter o ICMbio, a Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros e a Prefeitura de Santarém, a partir das suas diferentes secretarias, articuladas nessa ação, vão nos ajudar a tomar decisões de modo mais assertivo porque teremos o conhecimento científico em primeira escala, como principal referência. A atuação desses parceiros é estratégica e necessária para que possamos trabalhar em conjunto para buscar soluções para a problemática do clima na nossa região”, afirmou a vice-reitora Solange Ximenes. A vice-reitora determinou a criação de um Grupo de Trabalho para acompanhar as atividades.
De acordo com Júlio Tota, a metodologia utilizada é classificada como “botton-Up” e “top down” ou seja, “de baixo para cima” e “de cima para baixo”. Aviões, drones e torres, além de sensores corporais serão utilizados durante esse monitoramento que ocorrerá entre os meses de setembro e outubro deste ano.
“Há bastante incerteza sobre o quão a Amazônia continuará armazenando carbono”, questionou Tota, durante sua apresentação. Para ele, “os fatores que impulsionam os fluxos de GEE individuais (por exemplo CO2, CH4 e N2O) de diferentes tipos de cobertura vegetal, em diferentes estações e sob diferentes condições de modulação, ainda precisam ser melhor compreendidos”, afirmou Tota.
Essas e outras questões começarão a ser efetivamente estudadas, a partir do 11 de setembro, data em que vinte pesquisadores das instituições de pesquisas brasileiras e internacionais envolvidas no projeto chegarão a Santarém para se juntar aos pesquisadores da Ufopa.
Mais sobre o CarbonARA - No contexto do projeto CarbonARA estão questões relacionadas à Amazônia como por exemplo, a sua provável capacidade de ser uma fonte líquida de carbono para a atmosfera, e também o que os pesquisadores estão chamando de um “declínio significativo” na sua capacidade de remover carbono da atmosfera e armazená-lo na biofesra. Nesse contexto, também está um possível resultado “da interação entre incêndios e anomalias climáticas”. É nesse ambiente que o projeto vai realizar o monitoramento.
Mas o que é então o CarbonARA? Tecnicamente é “uma investigação científica, terrestre, aérea e por satélite da variação espaço-temporal nos estoques e fluxos de carbono na Amazônia”, ou seja, é uma investigação sobre “como a vegetação reage aos fenômenos climáticos e como ela (vegetação) está sendo impactada por eles”, concluiu Tota.
Lenne Santos, Ascom Ufopa
6/08/2025