Ultima atualização em 12 de Maio de 2020 às 14:35
Malungu e Sacaca/Ufopa na luta contra o coronavírus nos territórios quilombolas do Pará. Este é o nome do projeto que a Universidade Federal do Oeste do Pará desenvolve em parceria com a Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombo – Malungu. O projeto apoia a associação em ações necessárias ao enfrentamento da Covid-19, atendendo a comunidades quilombolas em todas as regiões do estado do Pará.
O projeto integra uma rede de voluntariado que assessora a Malungu em várias demandas, como na realização e acompanhamento de cadastros para o auxílio emergencial aos comunitários; na produção de materiais informativos adaptados à realidade regional; em articulações com a Defensoria Pública e o Ministério Público do Pará para defesa de direitos das comunidades quilombolas; e com atendimento de saúde on-line prestado por dois médicos e uma enfermeira.
A maioria dos integrantes faz parte do Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Sociedades Amazônicas, Cultura e Ambiente (Sacaca) do Instituto de Ciências da Sociedade (ICS) da Ufopa, que conta com outros voluntários envolvidos. O trabalho é coordenado pela professora Luciana Carvalho, antropóloga, que tem uma relação mais frequente com as comunidades. Segundo ela, “a ação foi-se constituindo diante da pressão da epidemia e das necessidades das comunidades”. A professora informou que, informalmente, as contribuições dos voluntários têm ocorrido desde a abertura dos pedidos de auxílio emergencial, no início do mês de abril, mas formalmente a rede de voluntariado se formou no último dia 21.
O atendimento é direcionado às comunidades assistidas pela Malungu, que trabalha com pouco mais de 400 comunidades, todas elas inseridas em coordenações regionais (Baixo Amazonas, Marajó, zona guajarina, zona tocantina, entre outras). Desde o início do processo, foram feitas dezenas de cadastros e o acompanhamento de cadastros para auxílio emergencial, estes principalmente de comunidades da regional do Baixo Amazonas. Outros voluntários e os próprios líderes quilombolas se responsabilizaram por fazer o cadastro de pessoas de suas áreas de moradia e atuação.
Quanto aos informativos, são produzidos áudios, vídeos e notas informativas em linguagem adequada às comunidades. “Isso foi necessário porque a maior parte dos informativos se dirige a um público urbano e atendido por serviços básicos, o que não é o caso das nossas comunidades. Por exemplo: Como lavar as mãos onde não há uma bica com água corrente? Além disso, os materiais ilustrados normalmente têm figuras de pessoas brancas, então fizemos materiais com figuras de pessoas negras, que foram a maioria das comunidades quilombolas”, destacou professora Luciana Carvalho.
Atualmente, o projeto também está fazendo o levantamento de casos da doença nos territórios quilombolas e das dificuldades vividas pelas comunidades que implantaram barreiras sanitárias e enfrentam problemas com pessoas e empresas que as desrespeitam.
Uma amostra do material produzido:
Contatos:
Comunicação/Ufopa
12/5/2020