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Universidade Federal do Oeste do Pará

Ultima atualização em 21 de Setembro de 2018 às 09:37

Ufopa promove fórum sobre saúde da população do campo, floresta e águas


Foram abertos na manhã desta quinta-feira, 20 de setembro, no auditório da unidade Tapajós da Ufopa, o I Fórum de Atenção Básica do Oeste do Pará e o III Worskshop Interdisciplinar em Saúde, com a presença do reitor da Ufopa, Hugo Alex Diniz, e de professores, diretores e coordenadores de unidades acadêmicas. O tema do evento é “Promoção da Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas”.

Diniz ressaltou a importância do acontecimento. “Esse evento coroa a efetivação do sonho de uma universidade integrada, uma universidade atuante. Esse Fórum vai tratar sobre a política nacional de saúde integral das nossas populações do campo, das florestas e das águas. Essa política está sintonizada com aquilo que nós temos feito na gestão”, afirmou, referindo-se à Portaria 2866, de 2 de dezembro de 2011, que instituiu no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta (PNSIPCF).   

Para o coordenador do curso de especialização (Ufopa/Icra/Pronera) e um dos organizadores, professor Dr. Wilson Sabino, um dos objetivos do I Fórum é “materializar” essa política na região Oeste do Pará. “Nós precisamos nos atentar à questão da vigilância em saúde ou da promoção à saúde”, afirmou Sabino, alertando para o problema da falta de microssistemas de abastecimento de água nas comunidades ribeirinhas. Ele chamou a atenção também para a falta de escolas com oferta de ensino médio em muitas comunidades. “Podemos pensar: o que isso tem a ver com a saúde? Muito. Porque nessas comunidades os jovens estão sem muitas atividades e, quando estão assim, o resultado é um diagnóstico que resulta em jovens muito próximos do mundo das drogas”, alertou Sabino.

Realizados pelo Instituto de Saúde Coletiva (Isco) com o apoio do Incra, por meio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), o I Fórum de Atenção Básica do Oeste do Pará e o III Worskshop Interdisciplinar em Saúde reúnem cerca de 500 pessoas, representantes de comunidades, alunos da graduação e pós-graduação, gestores públicos, profissionais da saúde e professores de instituições públicas e privadas de ensino de Santarém

Durante os dias 20 e 21 esses profissionais vão debater temas relacionados à saúde das populações da floresta à luz dos estudos feitos pelos alunos do curso de especialização em Saúde da Família e Comunidade (Ufopa/Incra/Pronera).

Pedagogo de formação e atual aluno do curso de especialização, Marcelino Sena, que vive na comunidade de remanescentes quilombolas de Arapupu, em Óbidos, explica como surgiu a ideia de realização deste Forum: “Nós tivemos no mês de abril o tempo "escola". Levamos para casa uma atividade para ser desenvolvida no tempo "comunidade". Tínhamos que fazer um diagnóstico situacional dos nossos locais de atuação. A partir daí nós elaboramos relatórios, fizemos experiências, visitas domiciliares, recolhemos depoimentos dos comunitários. Então, elencamos os principais problemas da comunidade, fizemos a priorização desses problemas junto com os comunitários. Estamos aqui para apresentar o resultado do trabalho realizado de abril a agosto deste ano”.

Dos 42 alunos do curso, alguns foram selecionados para apresentar suas experiências. Entre os selecionados, o “diagnóstico situacional da comunidade de Juruti Velho”, que relata a “real situação” dos moradores daquela comunidade localizada nos arredores de Juruti, município onde a Ufopa mantém um campus com oferta regular de dois cursos. A aluna Gisele Reis explica as dificuldades mapeadas: “O principal problema relatado pelos moradores foi a falta de saneamento básico, de água encanada. E também a falta de manutenção nos microssistemas de abastecimento de água. Existem bairros, dentro da comunidade, que ainda não possuem esses microssistemas.  Essa é uma das maiores reivindicações. Um direito do qual eles não dispõem”.   

Integrante da organização não governamental Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam), que atua dentro do Programa Territórios Sustentáveis, no eixo quilombola de Oriximiná, Marlena Soares atua na construção do plano de gestão do território, que engloba temas como: saúde, educação, meio ambiente, geração de renda, entre outros: “As informações oriundas daqui serão somadas às oficinas que nós executamos lá nos territórios. Também pretendo trazer para cá a situação das pessoas, dos povos da floresta que vivem naquele local, onde não tem posto de saúde, não tem profissionais da área. As deficiências na área da saúde são piores que na educação. Foi o que constatamos em nosso diagnóstico”.

A técnica de enfermagem Eucileia da Silva veio da comunidade de Cametá, distante quatro horas do município de Aveiro. Para ela, o evento pode ajudar a melhorar o atendimento lá na comunidade: “Eu vou ficar muito feliz em ter mais conhecimento, ficar mais informada em relação ao trabalho. É muito bom adquirir novas experiências e compartilhar com os nossos pacientes”.  Entre as principais dificuldades enfrentadas por ela e pelos profissionais de saúde que atendem no posto da comunidade está o transporte: “Só recentemente passamos a contar com uma ambulancha”, transporte aquático adaptado para a remoção de pacientes.  

Integraram a mesa de abertura, além do reitor da Ufopa, Hugo Alex Diniz, o coordenador do curso de especialização Ufopa/Incra/Pronera, Prof. Dr. Wilson Sabino; o diretor do Pronera, Orivan Jr.; o diretor do Isco, Prof. Dr. Waldiney Pires; o diretor de Pesquisa e Pós-Graduação (Proppit), Prof. Dr. Gabriel Brito Costa; o diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde Pública do Pará, Sandro Pacheco; e Lílian Braga e Ione Nakamura, promotoras de Justiça do Pará.

Comunicação/Ufopa

20/9/2018

Abertura do I Fórum de Atenção Básica do Oeste do Pará. Foto: Profa. Heloísa Nascimento (Isco).

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