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Universidade Federal do Oeste do Pará

Ultima atualização em 3 de Dezembro de 2018 às 09:59

Universidade Multicampi: Ufopa celebra o Dia da Consciência Negra em Monte Alegre


Na segunda-feira, 19 de novembro, o campus da Ufopa em Monte Alegre realizou o “I Encontro pela Valorização da Cultura Negra como Instrumento de Combate ao Racismo”. As atividades marcaram o Dia da Consciência Negra e contaram com a participação da comunidade acadêmica e da sociedade em geral.

A programação, que foi realizada durante todo o dia, teve como abertura a palestra “Importância da Consciência Negra e das Cotas Raciais”, ministrada por Ivana Veneza, professora da Ufopa naquele município. Ela iniciou falando como o modelo econômico escravagista foi desenvolvido e se sustentou no Brasil por mais de três séculos. Ivana mencionou que o país tem apenas 130 anos de abolição, o que ainda é muito pouco para superar a Diáspora Africana (nome que se dá ao fenômeno sociocultural e histórico que ocorreu em países além do continente africano devido à imigração forçada, por fins escravagistas) e sua herança racista.

Em sua fala, a professora procurou desconstruir o mito da democracia racial, originada no pós-escravidão, quando os negros foram marginalizados da sociedade, abordando também como o racismo estrutural atua imobilizando a população afrodescendente nas periferias, nas prisões e fora de espaços e situações de poder de forma geral.

História - Após a palestra de abertura, o presidente da comunidade quilombola de Peafu, Jackson Valente, fez uma explanação sobre a história de sua comunidade. Falou da ancestralidade e das dificuldades que a matriarca fundadora teve que superar na condição de escrava fugida e seu trajeto até chegar ao Peafu. Pai Jackson, como é conhecido, também falou do preconceito que as comunidades quilombolas sofrem por sua religiosidade, por sua cor e que, embora isso seja muito presente, demonstrou seu orgulho por ser resistência negra, entoando cânticos, incluindo o hino da comunidade, de sua autoria.

Após intervalo para almoço, a programação continuou com duas oficinas: Confecção de Turbantes, ministrada pela professora Luane Fróes (Seduc), e Música Afro, ofertada pelo professor Lucenildo Lima (Semec). As oficinas tiveram grande relevância para enriquecer o evento.

No encerramento de toda a programação, a comunidade quilombola de Peafu fez uma apresentação cultural. Na oportunidade, Pai Jackson narrou como ocorre uma festividade tradicional em Peafu, demonstrando parte dos ritos com cânticos e danças.

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Para a diretora do campus, professora Marcella Radael, a programação obteve um feedback muito positivo, e provocou discussões, abordando problemáticas, abrindo espaço para valorização cultural, e sobretudo cumprindo o propósito da data, que é refletir sobre o significado dela e o que ela representa. "O Dia da Consciência Negra não é apenas para negros e sobre negros, ele é para falar sobre nossa história, revisitar nossa memória, enxergar como nosso passado ainda é muito presente e fazer pensar sobre qual futuro queremos construir enquanto nação, portanto, é para todos os brasileiros”, reforçou Radael.

Professora Marcella explicou ainda que a intenção é que o evento seja realizado anualmente, vinculado ao Projeto Político-Pedagógico do Curso de Engenharia de Aquicultura, tornando-se cada vez mais abrangente, de forma a atingir mais pessoas e que possa se consolidar como um evento que envolva toda a comunidade local.

Segundo a diretora, a data instituída oficialmente para o dia 20 de novembro é de extrema importância, por resultar de uma demanda histórica dos movimentos negros. “Além disso, é importante por ser uma forma de valorizar o contingente populacional negro no Brasil e sua luta contra o racismo, do qual uma das premissas consiste no apagamento da memória e história de resistência negra, no embranquecimento de personalidades negras de nossa história, como uma tentativa de negar a contribuição extremamente valiosa das populações negras de matriz africana na história, cultura, língua, culinária, na construção da sociedade brasileira e na própria memória de resistência”, finalizou.

Comunicação/Ufopa, com informações da organização do evento.

21/11/2018

Fotos: Acervo do Campus Monte Alegre

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