Ultima atualização em 26 de Junho de 2023 às 13:11
O II Workshop Integrado de Pesquisa e Pós-Graduação da Ufopa, promovido de 19 a 21 de junho pela Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação Tecnológica (Proppit), deixou marcas positivas, como a indicação de ações a serem conduzidas futuramente pela Universidade para contribuir com o desenvolvimento regional na Amazônia. Abordando o tema “A indissociabilidade da pesquisa e pós-graduação”, os debates foram de alta relevância para a Ufopa, que oferta vários cursos de mestrado e doutorado.
Para o palestrante e diretor-presidente da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), Prof. Dr. Marcel Botelho, tudo o que envolve a Amazônia pode ser tratado como superlativo, incluindo a necessidade por pesquisa. Para ele, mesmo diante do que se conhece como a maior biodiversidade no planeta, ainda se sabe muito pouco a respeito: “Isso por si só já é um grande desafio. Explorar esses recursos de uma maneira sustentável exige tecnologia e conhecimento próprios. Isso se faz através da pesquisa, e nós temos um caminho imenso através dela. Quanto mais retardarmos a chegar neste caminho, mais distante estaremos do desenvolvimento sustentável”.
Dr. Botelho ainda destacou um ponto negativo sobre as ações que são implantadas na Amazônia: “Até hoje, a Amazônia foi alvo de modelos pré-concebidos, que não foram feitos na Amazônia e para a Amazônia. Isso é uma das razões para hoje estarmos em um caminho que não é o da sustentabilidade. Não é por maldade e nem por falta de conhecimento, e a pesquisa é fundamental para que a gente ajuste a rota e siga no caminho do desenvolvimento sustentável, que é bom para a conservação florestal, para sua população e qualidade de vida do povo que vive na Amazônia”.
O diretor-presidente da Fapespa falou da necessidade de investimento em pesquisa. Para ele, “não se faz pesquisa sem investimento. Isso serve para qualquer coisa na vida. Precisa ter investimento de tempo, de dedicação e econômico. O caminho que precisamos percorrer é que o Brasil e o mundo precisam entender que é necessário investir na Amazônia. Mas o investimento não é vir aqui, montar uma empresa e explorar a região. Isso já foi feito em várias frentes e não tivemos o desenvolvimento necessário. Já tivemos a época da borracha, temos aí a mineração, que traz desenvolvimento insuficiente para o potencial que temos de produção para o bem-estar da Amazônia. O investimento tem que ser uma geração de conhecimento. Tem que ser na capacitação das pessoas, na capacitação da nossa intelectualidade, mas do ponto de vista de entendermos qual o melhor modelo para o desenvolvimento. Em resumo, o Brasil e o mundo precisam investir para que haja instituições fortes, pessoas fortes e um conhecimento sólido”, finalizou.
Durante a palestra do diretor-presidente da Fapespa, o Dr. Sandro Percário, coordenador da rede Bionorte – rede de pesquisa e pós-graduação que envolve várias instituições da região amazônica –, pediu que a direção da Fapespa interceda junto às instituições que promovem ações envolvendo a Amazônia, para que possam levar em conta a inclusão de representantes amazônidas. Ele citou como exemplo um Centro de Estudos da Amazônia, criado na Universidade de São Paulo (USP), “onde não existe uma única instituição da Amazônia envolvida; é muito difícil enquanto pesquisador termos grupos de fora fazendo pesquisa na Amazônia, e muitas vezes sequer tem a participação de um pesquisador desta região”.
Dr. Sandro Percário ainda destacou a falta de equilíbrio no tratamento entre os pesquisadores que vivem na Amazônia e os de outras regiões. Ele pediu valorização da categoria e que seja dada atenção ao que chamou de “apropriação indébita da Amazônia por grupos não amazônidas”.
Motivação – Uma das exposições que contaram como motivacionais no workshop foi a da Dra. Solange Rezende, da USP, que abordou temas muito relevantes e que podem contribuir com a qualidade da pesquisa e com o posicionamento do pesquisador. Em sua fala, ela destacou a necessidade de estabelecer hierarquia nos programas de pós-graduação e entre as equipes; da necessidade de ter equilíbrio nas ações; do significado da gestão para que atue de forma a fazer as pessoas se sentirem parte do programa, levando em conta os desafios, além de o pesquisador levar em conta o cenário, o conhecimento, o comportamento, a conexão, o compromisso e a consciência para aumentar a chance de sucesso sustentável.
Dra. Solange Rezende enfatizou a importância de o pesquisador “ampliar o repertório e a capacidade de solucionar problemas. Quando eu aumento minha capacidade de solucionar problemas, eu tenho que dizer qual meu diferencial, em que contexto eu vivo e quanto eu estou produzindo de conhecimento nesse contexto. Isso pode impactar a realidade no meu país e a realidade do mundo, em especial de vocês aqui, que têm a Amazônia no sangue. Estão reportando isso no relatório de vocês na Capes? Nesse cenário, o trabalho do futuro é trabalho de conhecimento criativo. Ele vai muito além das regras e dos limites já determinados”.
Outra participação marcante foi a do Dr. Esper Cavalheiro, que durante sua exposição falou sobre o planejamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para melhorar o perfil dos programas de pós-graduação nos próximos anos.
Durante o encontro, alunos de pós-graduação puderam compartilhar o impacto da pós-graduação na vida de cada um e quais os caminhos e portas que foram abertos aos profissionais, além do quanto eles têm contribuído com a região, uma vez que a Ufopa tem a responsabilidade de qualificar recursos humanos para Amazônia, o que tem feito diferença na região, especialmente no Oeste do Pará.
Para a pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação Tecnológica (Proppit), Kelly Castro, o objetivo do encontro foi alcançado, e a partir de agora a proppit focará nos próximos resultados que devem ser refletidos nos relatórios anuais dos programas de pós-graduação: “No evento percebemos que estamos no caminho certo mas é preciso rever alguns pontos como autoavaliação e acompanhamento dos egressos, para que os programas consigam melhorar os seus índices. Finalizamos com a construção da matriz SWOT, que ficou como exercício a ser devolvido em 30 dias pelos programas. O compromisso que eles têm será o de mostrar os pontos fortes do programa e pontos fracos que precisam ser trabalhados para conseguir melhorar os números e posteriores relatórios anuais”.
Ainda segundo a pró-reitora, o workshop “teve uma programação sequencial, iniciando com a apresentação dos PPGs da Ufopa à comunidade acadêmica e a discussão sobre a indissociabilidade entre a pesquisa e a pós-graduação, finalizando a programação com a importância da internacionalização para a evolução da pós-graduação e o depoimento de alguns egressos dos PPGs da Ufopa, alcançando a meta desejada, com a participação ativa de graduandos, pós-graduandos, coordenadores e docentes dos programas de pós-graduação, além de representantes de outras instituições de ensino superior do município de Santarém. Houve a participação tanto presencial quanto virtual durante o workshop. O evento foi um sucesso e esperamos que os frutos sejam alcançados nos próximos relatórios anuais, uma vez que a Ufopa tem a responsabilidade de qualificar recursos humanos de qualidade para Amazônia, fazendo a diferença na região, especialmente no Oeste do Pará".
O coordenador do Programa de Doutorado em Sociedade, Natureza e Desenvolvimento (PPGSND) da Ufopa, Antônio Minervino, como participante do evento, avaliou que “o workshop foi muito importante para a socialização de informações de pesquisa e pós-graduação entre os cursos ofertados pela Universidade e com programas de excelência da Capes. É um passo em direção à melhoria da pós e aumento das notas dos programas”.
Comunicação/Ufopa
Fotos: Albanira Coelho
23/06/2023, atualizada em 26/06/2023